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OPINIÃO. Clima político dá a Dilma uma nova chance. Mas terá que articular “programa mínimo de governo”

Pode-se concordar ou discordar de Luis Nassif, experiente jornalista político, especialista do noticiário econômico e experiente observador da conjuntura. Mas não se negue a ele qualidade de avaliação. É o que ele faz, no texto abaixo, publicado em seu blogue, integrante do portal GGN, do qual é editor.

O texto foi produzido logo após os últimos acontecimentos, entre os quais a determinação da presidente Dilma Rousseff, garantindo a permanência de Joaquim Levy, no ministério da Fazenda, do desgaste cada vez maior de Eduardo Cunha, desafeto governista no comando da Câmara dos Deputados e, também, em seguida às mixurucas manifestações de rua promovidas pela oposição.

Para, como escrevi ali em cima, discordar ou concordar, vale a pena conferir. A seguir:

luis nassif

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Mais uma vez, a bola está com Dilma

Graças exclusivamente ao amadurecimento institucional, o país começa a voltar para a normalidade política.

Digo exclusivamente porque esta volta à normalidade ocorre apesar da apatia da presidente Dilma Rousseff, que até agora se mostrou incapaz de articular um programa mínimo de governo.

Tem a seu favor o fato de que oposição (com Gilmar Mendes) e imprensa não lhe deram um minuto de folga desde o segundo turno.

Agora, ocorre uma confluência de fatores estabilizadores.

Do lado da oposição, a desmoralização do golpismo de fancaria do PSDB de Aécio Neves, Carlos Sampaio e Aloisio Nunes.

Nesse período todo, contando com a retaguarda total da mídia, não logrou desenvolver uma proposta sequer. A inabilidade política foi tal que, ao propor a anulação completa das eleições, Aécio Neves conseguiu jogar fora a única âncora para o impeachment: a parceria com o PMDB.

Conseguiu descontentar os aliados, queimou-se com a opinião pública e com o empresariado e ainda teve que assistir o enterro do aliado Eduardo Cunha.

Essa sucessão de erros políticos é surpreendente em alguém que parecia ter vindo da melhor escola política mineira.

A exposição ao sol desmanchou a imagem de Aécio e levou junto a do PSDB.

É possível que, nos próximos meses, o empresariado paulista e o mercado financeiro passem a apostar na Rede Sustentabilidade, de Marina Silva.

O segundo fator de estabilização é a Lei de Direito de Resposta aprovada pelo Congresso e sancionada por Dilma. Ela deverá conter os exageros de uma imprensa que parece ter perdido totalmente o rumo em sua aposta inconsequente no pior.

A terceira frente foi essa tentativa canhestra de emplacar o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles na Fazenda.

Pode haver discordâncias em relação ao estilo de Joaquim Levy. Pode cometer erros de diagnóstico, mas é um funcionário público responsável que jamais jogaria o país em aventuras.

Além de seu desconhecimento de economia, Meirelles é do tipo que cede o que for necessário para sustentar uma imagem vazia.

Ao sair de cena, dfevolve um pouco de tranquilidade ao cenário econômico.

Com as três frentes relativamente apaziguadas, abre-se espaço para o desafio maior: Dilma começar a governar.

Nos últimos dias, assessores presidenciais anunciaram a disposição do governo de ouvir sugestões visando reativar a economia. Dá a impressão que Dilma abrirá concurso para selecionar as melhores sugestões e dar um prêmio para os autores.

Se se indagar de qualquer analista se acredita que a proposta é para valer, a resposta será negativa. Dilma não conseguiu romper a imagem de isolamento que construiu.

Se quiser participação, basta recorre aos instrumentos de que dispõe.

Centro relevante de discussão da sociedade civil, o CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico Social) perdeu totalmente relevância no governo Dilma. Agora, com Jacques Wagner na Casa Civil, poderá voltar a ter importância.

Ao mesmo tempo, o governo tem no IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e no CGEE (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos) dois think tank com bom repertório de diagnósticos e visões de futuro.

Há um enorme elenco de estudos, desde as reformas institucionais defendidas por instituições ligadas ao mercado, simplificações tributárias estudadas por Associações Comerciais, políticas industriais e instrumentos de capitalização estudados pela Universidade e pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Falta apenas a presidente dar-se conta disso e sair a campo para ouvir, ouvir, ouvir. E, depois, ouvir mais até assimilar os conceitos e, sendo uma pessoa reconhecidamente inteligente, conseguir definir seu segundo governo.

A presidente tem resistido bravamente a propostas que, no fundo, buscam desmontar o estado de bem-estar social construído desde a Constituição de 1988.

Falta sair da atitude defensiva e apresentar propostas de governo.”

PARA LER A ÍNTEGRA, NO ORIGINAL, CLIQUE AQUI.

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2 Comentários

  1. Quanto ao "progama mínimo de governo", existe um problema mais sério: a total incapacidade de fazer algo diferente.
    Receita Federal fazendo propaganda do Programa Nacional de Resíduos Sólidos, por exemplo, é muito hilário. Fizeram um planejamento de cima para baixo, estabeleceram um prazo para o fim dos lixões até agosto de 2014. Como todo "pograma", "pacto" e outras estultices do governo federal, o prazo não foi cumprido, faltou grana. Em julho de 2015 (não é preciso susto, não houve fiscalização e ninguém foi punido) o prazo foi prorrogado até 2018 em alguns casos e 2021 em outros.

  2. Óbvio que é possível negar qualidade de avaliação, ele tem vinculações com um determinado grupo político. Olhando o texto pode-se ver claramente que ele defende a versão governista da situação como já fez outras vezes no passado. Tem um programa no canal Brasil onde recebe gente do IPEA, entrevista Márcio Pochmann, Celso Bandeira de Mello, etc. Gente comprometida com o PT.
    Faz um texto do tipo "Tucanos não nos deixam governar", quando na realidade a oposição sumiu. Comete uma análise política em que menciona Eduardo Cunha e somente "en passant" o PMDB.
    Inventaram o apelo à autoridade sem autoridade.

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