ALÔ, 2016! Devagar, vários espaços começam a se desvencilhar da burocracia e renascem para a cultura
Por ATÍLIO ALENCAR (texto) e GRACIANE MARTINI (foto)
Não é de se estranhar que Santa Maria tenha passado por um período complicadíssimo para os redutos boêmios. Afinal, depois da tragédia que nunca esqueceremos, ocorrida em janeiro de 2013, seria impensável supor que tudo voltaria ao normal tão facilmente. Mas também, convenhamos, a burocracia deitou e rolou nos últimos meses. Parece que virou uma questão de revanche contra a diversão noturna, como se a responsabilidade pela morte de mais de duzentos jovens fosse de um ramo inteiro de atividade, e não das condições específicas e da negligência envolvidas no absurdo caso da Kiss.
Faço esse preâmbulo necessário para, no entanto, reafirmar algo que creio fundamental no ambiente de Santa Maria. Os bares, casas de shows e boates são sim, senhores e senhoras, espaços que precisam ser encarados como parte vital do nosso itinerário social. Ainda mais levando em conta que vivemos numa cidade com intensa circulação universitária. Bares, como pontos de encontro por excelência, são lugares em que a criatividade e o melhor do nosso convívio florescem. Não se atenham ao álcool; pensem no rito de conversação, nas aproximações aleatórias, nas imprevisíveis composições que mesas e balcões propiciam.
O que ninguém sequer pode ousar defender é o relaxamento com as regras que garantem a segurança do público em espaços fechados. Mas eu poderia citar pelo menos cinco exemplos de empreendimentos que sofreram com sanções desproporcionais – talvez pela impossibilidade de exercer o lobby que alguns empresários, muito bem paramentados política e financeiramente, podem acionar.
Mas bem. O fato é que sente-se uma retomada nesse aspecto sociável. Digo: alguns bares, que são centros de efervescência cultural da cidade, estão aos poucos rompendo com a barreira da burocracia. Cumprindo, ainda que quase impraticáveis, as exigências distorcidas, esquizofrênicas e desencontradas que lhes são impostas.
E isso significa um renascimento cultural, de certa forma. Para a literatura, para a música, para as artes visuais, para as artes de todos os encontros. Para um certo reinventar do viver juntos. Talvez soe utópico da minha parte dizer isso – e vai saber o quanto não estou influenciado pelo fato de ter sido, eu mesmo, durante tantos anos uma pessoa envolvida diretamente com o funcionamento de uma casa noturna.
Mas se me pego pensando que podemos conciliar segurança, diversão e cultura, eu vejo Santa Maria indo ao máximo de suas possibilidades mais cintilantes.
E ando acreditando que para 2016 esses espaços, devidamente habilitados, se multiplicarão pela cidade. Com o perdão dos moralistas, mas não é de menos convívio que precisamos: é de mais e melhores condições para debater, criar, questionar – e também festejar.
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