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1964: nunca mais outra vez – por Daniel Arruda Coronel

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No dia 31 de março deste ano, completam-se cinquenta e dois anos do Golpe Militar que derrubou o Governo Constitucional e legítimo de João Goulart e instalou a ditadura  no Brasil, a qual legou ao país centenas de desaparecidos, torturados e mortos, constituindo-se  uma vergonha  e uma das maiores chagas da nossa história.

O Governo Goulart foi um dos poucos, ao longo da história política brasileira, que tinha um projeto de nação muito bem estruturado e materializado nas Reformas de Base. Não obstante a isso, herdou uma situação econômica e financeira insustentável do governo anterior (Juscelino Kubitschek), bem como a falta de uma base política sólida na Câmara e no Senado federal, o que dificultou sua gestão.

Além disso, convivia diuturnamente com uma oposição implacável dos principais meios de comunicação do país, bem como a conspiração de militares como Mourão Filho, Castelo Branco, Ernesto Geisel e Costa Silva. Somando-se a esses, os governadores de São Paulo, Guanabara e Minas Gerais, a saber Ademar de Barros, Carlos Lacerda e Magalhães Pinto, respectivamente, orquestravam todo o aparato institucional e legal para que um golpe  de Estado parecesse algo democrático, ou nas palavras de vários incautos, uma contrarrevolução para evitar o comunismo.

Os argumentos para derrubar Goulart baseavam-se em termos e ideias como “comunista”, “corrupto”, “senil”, “fraco”, “incompetente”, “alguém sem condições de debelar a inflação e diminuir a dívida externa“, dentre outras qualificações maquiavélicas e torpes que foram utilizadas.

O resultado disso foi uma ditadura de vinte um anos que ceivou vidas, tirou liberdades, aumentou a inflação, a dívida externa, bem como contribuiu para o aumento das desigualdades econômicas e sociais e dos bolsões de miséria. Além disso, figuras que se destacaram defendendo o Golpe Militar, como Ademar de Barros e Carlos Lacerda, tiveram seus direitos políticos cassados.

Em tempos de democracia, algo disso jamais iria acontecer, a notar pelos editoriais e entrevistas que davam, deblaterando e ofendendo as ações do governo e, principalmente, a honra de seus oponentes, visto que as fortes críticas e a linguagem de Carlos Lacerda valeram-lhe o “honroso título” de Corvo da Guanabara, e Ademar ficou conhecido como quem “rouba, mas faz”.

De tal período ficaram lições que cada vez mais são úteis para a sociedade brasileira, principalmente em momentos em que a mídia insufla a população, tais como a importância da democracia, da liberdade, do confronto de ideias, fundamentais para a cidadania, para a construção de um país mais justo, fraterno e soberano, onde as pessoas não sejam objetos da mudança, mas, sim, seus sujeitos e protagonistas ativos, onde o radicalismo, a intolerância e o pensamento único não tenham eco.

Sem esses valores, corremos o risco de revivermos tempos sombrios, em que a sociedade achava que estava lutando por mudanças, mas, na realidade, estava defendendo o clientelismo e o autoritarismo, o qual foi manifestado em marchas e ações como Família e Deus pela Liberdade, que reuniu  milhares de pessoas defensoras da queda de Goulart e dos valores éticos e morais.

OBSERVAÇÃO DO EDITOR: a foto que ilustra esta nota é uma reprodução de internet.

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