
O jornalista Mário Magalhães tem anos de estrada. Trabalha há muuuito tempo em veículos do Grupo Folhas, incluindo a Folha de São Paulo. Mas é no BLOGUE que mantém no portal Universo Online (também da FSP), que ele propôs um interessante teste, logo em seguida à prisão de um punhado de empreiteiros graúdos.
Os que estão (por quanto tempo?) no xilindró respondem por empresas que, só nas últimas eleições, “doaram” mais de R$ 200 milhões a candidatos de norte a sul do País. Pois bem, Magalhães propõe que se respondam a duas perguntas. Essas, para ser mais preciso:
“1) os partidos e seus filiados que condenam o esquema criminoso e promíscuo entre empreiteiras-partidos-políticos-executivos-Petrobras aceitaram receber dinheiro das empresas mencionadas na investigação?”
“2) os partidos e seus filiados que esperneiam contra a mão leve – e pesada – na Petrobras concordam que já é hora de extinguir o financiamento de campanha com recursos particulares?”
Conforme for a resposta a quaisquer das duas questões apostas por Magalhães e se saberá se há ou não hipocrisia no que ele considera (e este editor também) justa grita contra a corrupção. Que tal?
PARA LER O TEXTO DE MÁRIO MAGALHÃES (“Teste anti-hipocrisia para quem esbraveja contra a roubalheira na Petrobras”), NA ÍNTEGRA, CLIQUE AQUI.
A OAB entrou com uma Adin contra o financiamento de campanha de grandes empresas. Pediu liminar suspendendo a parte da lei que permitia isto. História resumida. Teori Zavascki pediu vistas no julgamento ano passado. Por estas e por outras, foi a plenário em maio deste ano. Teori votou contra. Legislação feita durante o regime militar proibia a doação por empresas. Quando ocorreu o caso Collor/PC Farias, a legislação foi modificada para permitir os donativos empresariais. Justificativa: diminuir o caixa 2. Em seguida, acumularam-se sete votos acolhendo o pleito da Ordem com efeito ex tunc mantendo o efeito dos fatos já consumados. Valeria para este ano com grande probabilidade. Gilmar Mendes pede vista e engaveta. Por que? Porque a candidatura Eduardo Campos não decolaria por motivos financeiros. A candidatura Aécio seria grandemente prejudicada. E Dilma com a máquina pública na mão e militancia/máquina petista ganharia provavelmente no primeiro turno. Era muita vantagem. Existem diversas teorias da conspiração sobre a OAB também.
O segundo ponto é mais tranquilo. Ninguém compra o que não está a venda. A maioria dos partidos recebe doação de empresas mas nem todos os políticos se dispõe a "devolver o favor" e/ou nem todos consideram uma "troca de favores". Não admitir isto seria concordar com a afirmação de que todos os políticos são corruptos.
Outro engano é achar que qualquer possível falcatrua tenha motivos puramente eleitorais. Alguma outra vantagem existe, mesmo que não seja evidente.
O problema não é financiamento de campanha. O problema é a possibilidade de gente corrupta ter ocupada cargos públicos.
A primeira pergunta do texto é uma tentativa de fazer valer a idéia de "todos são corruptos". Diluir culpa. A segunda é propagar a idéia de que o problema é estrutural. Se o sistema não fosse podre, figuras angelicais não se corromperiam. Rir é o melhor remédio. Principalmente de petices.