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UFSM. Estação experimental usa flores e pedras brita para o tratamento de esgoto no campus de Camobi

Em razão das belas flores que ostentam as helicônias, é compreensível se alguém confundir a estação com um jardim
Em razão das belas flores que ostentam as helicônias, é compreensível se alguém confundir a estação com um jardim

Por LUCAS CASALI (texto e foto), da Coordenadoria de Comunicação Social da UFSM

Menos da metade da população brasileira tem acesso à coleta de esgoto e, entre os estados, o Rio Grande do Sul tem um dos menores índices de tratamento, de apenas 15,5%. Embora essa seja uma responsabilidade do poder público, a população em geral poderia desempenhar um papel muito maior do que imagina no sentido de amenizar o problema. Uma das iniciativas nesse sentido poderia ser a instalação, em condomínios urbanos e outros aglomerados habitacionais, de estações descentralizadas como os wetlands construídos, nas quais o esgoto doméstico é tratado por meio de processos naturais. Um sistema desse tipo funciona desde setembro do ano passado junto a um dos prédios da Casa do Estudante Universitário, no campus sede da UFSM.

Essa estação experimental consiste em um tanque de 18 metros cúbicos, cujo espaço é preenchido com três camadas de pedras britas, sobre as quais foram plantadas 200 mudas de helicônia papagaio (Heliconia psittacorum). Ao reter parte dos dejetos sólidos, as plantas e pedras funcionam como elemento filtrante do esgoto, que é despejado no tanque por meio de uma canalização instalada em cima dele. As amostras do efluente tratado são recolhidas semanalmente para análise por membros da equipe de alunos de graduação, mestrado e doutorado coordenada pela professora Delmira Beatriz Wolff, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFSM.

Por se tratar de um experimento voltado à pesquisa, o wetland construído na UFSM tem a capacidade de tratar uma amostra equivalente ao esgoto produzido por apenas 10 moradores da Casa do Estudante. Também devido ao seu caráter experimental, essa estação não trata o esgoto de forma contínua. Ela está programada, por meio de um sistema de pulsos elétricos, a bombear oito vezes por dia o esgoto acumulado em um tanque séptico, o qual tem a função de remover dejetos sólidos em suspensão. Na estação, a média diária de esgoto tratado é de aproximadamente 1.500 litros. O efluente resultante tem como destino final um curso d’água, a Sanga Lagoão do Ouro, que corta o campus da universidade.

Os micro-organismos que crescem dentro do wetland (aderidos às pedras e às raízes das plantas) são os grandes responsáveis pelo tratamento do esgoto. De acordo com as últimas amostras recolhidas pela equipe de pesquisa, o tratamento realizado na estação conseguiu remover 84% do material orgânico presente no esgoto. Outro resultado significativo foi o índice de 60% de conversão de nitrogênio amoniacal, com significativa nitrificação (transformação de amônia em nitrato). Embora o efluente resultante do tratamento não seja próprio para o consumo humano, as amostras recolhidas atestam que está dentro dos parâmetros exigidos pelos conselhos nacional e estadual do Meio Ambiente para emissão em corpos de água superficiais.

Esse tipo de estação de tratamento não se distingue somente por ser ecologicamente correta, mas também por uma característica inesperada em se tratando de esgoto. Os wetlands construídos destacam-se por seu aspecto paisagístico, como evidenciam as belas flores que ostentam as helicônias plantadas na estação experimental da Casa do Estudante. Quem passa por ela pode compreensivelmente confundi-la com um jardim. Esse é um dos motivos por que os wetlandsconstruídos são cada vez mais populares na Alemanha, na França e em outros países da Europa. Também têm a vantagem de ser um sistema mais barato de construir e manter em comparação com estações de tratamento tradicionais…”

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7 Comentários

  1. Dezoito metros cúbicos para 10 moradores. E o resto da Casa? E as pessoas que trabalham regularmente, estudam, prestam serviços ou visitam a UFSM?
    Qual a área que precisariam para TANTA gente?

  2. Tanques sépticos que ninguém jamais viu serem sugados e cujo destino provavelmente não tenha contrato com empresa que possa receber.
    Logo todos lançam nos arroios internos, mas dentro dos laboratórios temos diversos equipamentos de bancada e de análise de última geração. O custo de um equipamento que simula litros poderia tratar milhares de esgoto.
    O professor publica internacionalmente mas quando dá descarga lança no arroio.

  3. Daniele, vou responder com uma obviedade, tratamento de esgoto não dá voto nem no campus. UFSM ainda por cima tem um problema sério na comunicação não sei qual o motivo. Por exemplo, um “por meio de um sistema de pulsos elétricos” está sobrando, não acrescenta. Também não explica o problema do nitrogênio amoniacal (desconfio que ele seja tóxico e o nitrato resultante possa ser usado em algum tipo de compostagem para virar adubo). Não é dito o que acontece com a matéria orgânica que sai do tanque, afinal as flores perdem folhas, morrem, etc. A remoção dos sólidos acumulados também não é mencionado, dispensa uso de coagulante e tanque de decantação idem. Resumo da ópera: alguém se emocionou com o “ecologicamente correta”, achou que era o que bastava.

  4. Na UFSM é feito o tratamento de esgoto parcialmente. Alguns prédios possuem tanques sépticos, mas ocorre o lançamento de esgoto diretamente no solo em dezenas de locais no Campus.

  5. O Brando. Esse método realmente não é novo. Ele foi desenvolvido na década de 60 na Alemanha e desde então vários estudos vêm sendo desenvolvidos. Parece novo para muitos pelo fato que infelizmente no Brasil praticamente não temos tratamento de efluentes.

  6. O esgoto da Casa de Estudante é tratado e o dos demais prédios? O reitor sabe para onde vão seus dejetos quando dá a descarga?
    Já que na UFSM temos MUITA área por que não implantam sistemas destes ao lado de todos prédios?
    Para dentro de laboratórios há verbas, para TRATAR esgoto não tem, apesar das idéias.
    Este método é o xodó do momento.

  7. Meados da década de 80 ocorreu uma feira de ciências regional, se lembro bem onde é hoje a CEF do calçadão. Uma menina (hoje é médica) apresentou um trabalho sobre a utilização de aguapés para filtragem de esgoto. Claro que as análises eram precárias, mas o conceito não é novo.

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