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CIDADANIA. Escola Municipal Adelmo Simas Genro e seu lema levado muito a sério: Paz e Sustentabilidade

A placa da Escola Municipal Adelmo Simas Genro, na zona oeste da cidade, já chama a atenção para seus objetivos como instituição

Por AMANDA SOUZA (texto e fotos), Especial para o Site

No meio de um dos bairros mais violentos de Santa Maria, há um lugar colorido, onde o lema é “paz e sustentabilidade”. Lá em cima do asfalto, de onde se pode ver toda a cidade, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Professor Adelmo Simas luta por mudanças. Baseada na educação, a instituição promove um diálogo democrático com os alunos e com a comunidade, para melhorar, passo a passo, os problemas que cercam o bairro Nova Santa Marta.

O atual diretor da escola, professor Pedro Adamar dos Santos, comenta que tudo é um trabalho do grupo, junto ao Conselho Escolar, ao Serviço de Orientação, aos professores e funcionários, além dos órgãos públicos. “De dois anos para a cá, com a Brigada Militar e a Polícia Civil, conseguimos baixar muito a violência dentro da escola”, afirma. Em 2016, quando a gestão assumiu a diretoria, houve doze brigas dentro do colégio, com alunos machucados, que foram levados até a Unidade de Pronto Atendimento e registrada a ocorrência na polícia. Até este último mês de março de 2018, não houve conflitos na escola. O que é uma vitória, segundo o diretor, já que antigamente havia um alto índice de violência escolar.

A Delegacia de Polícia para Mulher também teve de ser chamada algumas vezes, pois houve casos de abuso sexual e violência doméstica – a partir dos 12 anos, a vítima é encaminhada para a DEAM e é acionado do Conselho Tutelar. Casos de prostituição de menores de idade e estupro são frequentes na comunidade. Os problemas familiares e do bairro acabam chegando até a escola, pois os alunos buscam um amparo, às vezes, até as mães procuram a direção para contar que o pai está violentando a própria filha. Todos os casos são encaminhados para os órgãos competentes.

“O aluno vem até o serviço de Orientação falar sobre algum problema, e se tem alguma necessidade de encaminhamento para outra instância, nós fazemos essa mediação, que o Município disponibiliza, para psicólogos, por exemplo”, conta a professora Rosana Copetti, presidente do Conselho Escolar.

Para a professora, o problema com o tráfico afeta muito o ambiente escolar, porque os alunos têm problemas em casa e levam para a sala de aula. Quando os pais se desentendem entre si, ou os vizinhos da comunidade, eles tiram os filhos da sala de aula porque têm medo que algo aconteça, principalmente quando há troca de tiros entre facções. Em casos em que os pais são usuários de drogas, o desenvolvimento da criança que cresce nesse meio é comprometido. Ela falta aula ou não consegue aprender, devido ao ambiente que vive e da estrutura familiar. “Tentamos resolver todos os problemas, não dá para fugir, e sempre enfrentamos de frente”, afirma Rosana.

Muitos alunos chegam atrasados na aula ou faltam quando os pais acordam tarde, o que os impede de levar os filhos para a escola

Segundo informações repassadas pela Assessoria de Comunicação da Prefeitura Municipal de Santa Maria, a Secretaria Municipal de Educação acredita que os problemas do bairro, tais como violência e drogas, afetam a educação das crianças. Já que a situação de vulnerabilidade vivida pelos estudantes reflete nas salas de aula.

Para a Secretaria de Educação, a escola é um agente transformador dentro dos bairros. A rede municipal hoje possui aproximadamente 20 mil alunos e 1,6 mil professores, segundo dados da Assessoria de Comunicação da PMSM.

Nesta terça-feira (03), o Município chamou mais 40 professores para compor a Rede Municipal de Ensino. Vários órgãos públicos compõem o quadro de auxílio à educação do município, como a Brigada Militar, CREAS, CRAS, Ministério Público, Secretaria de Desenvolvimento Social, entre outros.

A Brigada Militar afirma que faz serviços de ronda, fiscalização e proteção nos bairros diariamente, de acordo com as demandas e pedidos da escola. Em casos de violência ou homicídio são feitas ações mais repressivas e específicas. Bairros como a Nova Santa Marta, tem patrulha que faz rondas na frente das escolas em turnos diversos. Se preciso ou se há denúncia de drogas e porte de armas, eles vão até a frente da escola, revistam os alunos que estão fora da sala de aula.

“É tudo bem direcionado, quando o diretor vem até o quartel, nós ouvimos e vemos qual o problema, por exemplo, se é no turno da tarde, grupos que estão fumando ou perturbando os alunos, e aí é feito uma ação pontual da polícia” conta o tenente coronel da 1º Regimento de Polícia Montada, Erivelto Hernandes Rodrigues.

Projetos externos são desenvolvidos e também ajudam a escola, como o Programa União Faz a Vida, Varal da Cidadania e Mais Educação. No ano passado, a escola recebeu o Mais Educação, da Secretaria Municipal de Educação, onde há atividades em turnos inversos às aulas, com oficinas, leituras, esporte, arte, teatro e música. As oficinas são mediadas por profissionais fora da escola, orientado por um articulador do programa. Este ano ainda, os professores estão aguardando respostas e verbas da Secretaria para iniciar. Alunas do curso de Enfermagem da Universidade Franciscana (UFN) também vão atender os alunos, prestar orientação e atendimento à meninas que estão em situação de vulnerabilidade, abuso ou violência.

O diálogo com a comunidade compõe os passos para a mudança. “Fazemos um trabalho de conversas com os alunos, com os vice-diretores, professoras da orientação, do conselho, e estamos conseguindo avançar bastante nesse sentido, com projetos comunitários e de cidadania”, conta Rosana. O Conselho Escolar e a Associação de Pais buscam conscientizar a comunidade e mostrar sua responsabilidade com os alunos, pois é um conjunto, a escola não é isolada do bairro e faz parte dele. “Nós discutimos regras e alguns pontos que são os melhores para a escola, nada é imposto” comenta a presidente do Conselho.

Os professores e diretores da escola são muito respeitados pelos moradores do bairro, até nas ruas mais violentas ou de venda de drogas, devido ao que o colégio significa para a comunidade: uma saída, uma perspectiva, uma forma de vida melhor. Em meio aos problemas, há um ambiente para germinar sonhos e expectativas.

“Acredito que a educação seja o alicerce para minimizar essa violência, que conseguimos conscientizar e formar pessoas boas, honestas. Mesmo que a gente consiga transformar cinco jovens num grupo de 10, já que é uma vitória”, afirma Rosana Copetti. O diretor, Pedro dos Santos, vê a escola como “o único caminho para melhorar nosso país, não só financeiramente, mas os cidadãos, como seres humanos”.

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