Santa Maria perdeu a razão – por Carlos Costabeber
Fundado em 1934 por um grupo de políticos locais, o jornal A Razão tinha o objetivo de difundir as ideias do grande Chanceler brasileiro, o alegretense Oswaldo Aranha. O investimento foi feito por um fazendeiro de Uruguaiana, e dirigido por Clarimundo Flores entre outros. Mas logo foi adquirido pelos Diários e Emissoras Associados, de Assis Chateaubriand, até acabar nas mãos dos irmãos Luizinho e Celito De Grandi nos anos 80.
Há poucos dias me despedi das páginas do jornal A Razão, por uma questão ética, uma vez que agora sou Diretor do recém adquirido Diário de Santa Maria. Só que fui pego de surpresa na 6ª. feira, quando soube que depois de 80 anos, o jornal deixaria de circular. Um verdadeiro baque para todos nós, que sempre fomos seus fiéis leitores. Afinal, a história da cidade sempre esteve intimamente ligada ao jornal, e não se apaga um legado desses de uma hora para outra.
Mas deixando de lado a emoção, uma empresa jornalística está sujeita às mesmas leis de mercado que regem todas as demais, independentemente do ramo em que atuam. O risco é o componente mais sensível do capitalismo, já que inúmeras variáveis são totalmente incontroláveis, como a concorrência, a legislação, o comportamento dos consumidores entre outros.
Estou certo de que a crise por que passa o Brasil, e a entrada da RBS em Santa Maria com um novo jornal em 2002, foram determinantes para o enfraquecimento d´A Razão. Ficou claro, pois, que a lei do mais forte se confirmava mais uma vez, depois de disputar por 15 anos uma dura luta contra um poderoso grupo multimídia.
Mas, incrivelmente, esses fatores também atingiram o seu concorrente Diário de Santa Maria, que viu cair o número de assinantes e a venda de espaços, fazendo com que a RBS decidisse por vender o jornal. Felizmente, foi um grupo local que acabou adquirindo o “Diário”, pois caso contrário, Santa Maria poderia ter ficado sem nenhum jornal diário. E ninguém pode duvidar que de fato poderia ter ocorrido.
Vai-se um ícone dessa cidade, que foi decisivo para os pleitos da comunidade, e uma ferramenta importantíssima para a instalação do nossa Universidade Federal. Uma busca em seus arquivos, vai mostrar o que aconteceu com Santa Maria, no Brasil e no Mundo, nos últimos 83 anos. Por isso, e muito mais, é uma perda irreparável.
Mas a missão do jornal foi cumprida! E todos nós santa-marienses reconhecemos o trabalho profissional e diuturno dos dirigentes, jornalistas e demais funcionários que por lá passaram nessas oito décadas. Encerra-se um ciclo, mas um legado ficará para sempre.
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