“….Por outro lado, recordo também que em dias de temporais, quando o tempo começava a se armar, saltava o Seu Alípio da Lúide no seu grande pátio na frente da casa, com um machado na mão que cravava na terra, jogava a peneira de separar o joio do trigo, e aos raios e trovões, em discussão com Santa Bárbara e São Jerônimo para que nos livrassem do perigo da tempestade. Confesso que isso me assustava. E o Seu Alípio também era benzedor, outra coisa que eu não conseguia entender… aqueles resmungos dele em volta da gente, causando arrepios, até medo, mas no final quando se abria os olhos havia uma sensação boa de que qualquer mal estava curado, afastado do corpo.
O Seu Alípio quando alguém ia se lamentar ou queixar de alguma coisa material para ele costumava responder assim: “Vá te queixar para o Papa!”
A figura do Papa para mim era longínqua, quase surreal, como se pertencesse ao mundo dos santos (separados), talvez nem na terra morasse!
Mas logo atravessei o pomar, a lavoura, o mato e travei conhecimento com um Seminário que havia na cidade, para formação e iniciação de sacerdotes. Não demorou muito e eu era coroinha, ajudante do padre e das freiras, e estava lá o Pylla convivendo por uns bons anos com aquela gente de fé. Não sei por que… ou talvez até sei… logo proibiram a minha permanência na instituição, por…”
CLIQUE AQUI para ler a íntegra da crônica “Queixar-se ao Papa?!”, de Pylla Kroth. Pylla Kroth é considerado dinossauro do Rock de Santa Maria e um ícone local do gênero no qual está há mais de 34 anos, desde a Banda Thanos, que foi a primeira do gênero heavy metal na cidade, no início dos anos 80. O grande marco da carreira de Pylla foi sua atuação como vocalista da Banda Fuga, de 1987 a 1996. Atualmente, sua banda é a Pylla C14. Pylla Kroth escreverá semanalmente neste espaço.
OBSERVAÇÃO DO EDITOR: a imagem que ilustra esta nota é uma reprodução da internet.
Religião, qualquer uma: um mundo de fantasia que faz as pessoas adultas parecerem infantilizadas em seus contos e mitos mágicos e supersticiosos, e pior, tenta preservar moral das eras que habitávamos cavernas, louvando deuses-personagens que têm como comportamento comum o lado pior da humanidade. Que deus pai e amoroso mandaria apedrejar crianças desobedientes? O deus católico é um dos mais cruéis que já foi inventado (todos os deuses foram inventados). Está mais do que na hora de a humanidade deixar a superstição de lado e crescer e deixar de louvar o que não nada vale.