EstadoSegurança

SEGURANÇA? Seis de cada 10 municípios gaúchos contam com só dois brigadianos por turno, em média

Brigadianos na rua são raridade, sobretudo nas pequenas comunidades do interior gaucho, não por acaso preferidas dos ladrões de bancos

No jornal eletrônico SUL21, em reportagem de MARCO WEISSHEIMER, com foto de Reprodução

Cerca de 60% do total de 497 municípios do Rio Grande do Sul tem menos de dois policiais militares atuando por turno. O dado foi apresentado no início da noite desta segunda-feira (13) pelo vice-presidente da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), Marcelo Schreinert, durante audiência pública da Comissão Especial de Segurança Pública, realizada no Plenarinho da Assembleia Legislativa. A audiência contou com a presença de parlamentares, autoridades da área da segurança e prefeitos de vários municípios, entre eles alguns que sofreram ataques recentemente de quadrilhas fortemente armadas que se aproveitam da ausência de policiamento para praticar assaltos a agências bancárias.

“Estamos vivenciando um momento de terror no Rio Grande do Sul, especialmente nos pequenos municípios do interior que tem um policiamento muito defasado”, disse o deputado Ronaldo Santini (PTB), presidente da Comissão. Reforçando o dado apresentado pelo representante da Famurs, Santini assinalou que em vários desses municípios há rodízios nas rondas, o que faz com que apenas uma dupla de policiais fique com a tarefa de cobrir toda uma região. “O crime está organizado e aproveitando esse sistema de rodízios para praticar assaltos a bancos”, acrescentou o parlamentar.

O prefeito de Fontoura Xavier, José Flavio Godoy da Rosa, relatou o clima de terror que o pequeno município, localizado no norte do Estado, viveu no dia 8 de março quando um grupo mascarado com armas de grosso calibre atacou agências do Banrisul e do Banco do Brasil. “Parece que nunca vai acontecer conosco, mas aconteceu. O que fazer na hora? Ligar para a polícia seria a resposta. Mas Fontoura Xavier tem apenas dois PMs que fazem ronda na região e um policial civil. O secretário de Saúde do município foi o primeiro a ser atacado e levado para um cordão humano de isolamento. Eles levaram o dinheiro do cofre, dos caixas eletrônicos e disseram para as pessoas que estavam lá que não queriam o dinheiro delas, só o do governo”, relatou. O prefeito desabafou: “Sem segurança, não tem mais como viver no interior. O comandante da Brigada em Carazinho disse para nós que não tem como enviar mais policiais para o município”.

Uma ação semelhante ocorreu dia 6 de fevereiro em Miraguaí, município com aproximadamente 5 mil habitantes, localizado na região noroeste do Estado. O prefeito Ivonir Botton relatou como foi a ação contra os bancos Banrisul e Sicredi. “Os assaltantes renderam o policial, o amarraram em cima de um carro e desfilaram com ele pela cidade. Depois o soltaram e colocaram fogo no carro. A população está com medo e não quer mais ir aos bancos. O que ocorreu afetou todo o comércio da cidade”, disse Botton. Segundo o prefeito, os criminosos fugiram pela reserva indígena localizada no município, onde só a Polícia Federal pode entrar.

Carlos Luiz Rohr, prefeito de Nova Candelária, município localizado na região da Grande Santa Rosa, noroeste do Estado, contou que no período entre 2012 e 2016 ocorreram sete assaltos a banco na cidade, numa média superior a um por ano. Em 2016, relatou, na mesma noite assaltaram o Banrisul e o Sicredi. “Entraram na casa do gerente da Sicredi. A paciência está se esgotando e o povo vai lá bater na casa do prefeito. Os assaltantes estão indo para esses municípios porque sabem que eles estão desprotegidos. Estamos nos propondo a ajudar, cedendo espaços físicos, colocando câmeras e centrais de monitoramento, mas é preciso ter a presença da Brigada”, afirmou Rohr.

Reconhecendo os esforços que vem sendo realizados pelos prefeitos, o deputado Altemir Tortelli (PT), ressaltou que os municípios não tem como substituir o trabalho do Estado na área da Segurança Pública. Nos últimos dois anos, assinalou o deputado, a Brigada Militar perdeu cerca de 3.100 homens e apenas 770 foram repostos. “Não houve planejamento, nem estruturação de uma política de curto, médio e longo prazo”, acrescentou o deputado federal Marco Maia (PT-RS). “O que estamos vendo agora é um reflexo disso”, destacou.

Tortelli questionou a decisão da Secretaria de Segurança Pública que resolveu deslocar mais 400 policiais militares de cidades do interior para atuar em Porto Alegre e Região Metropolitana. Segundo o secretário Cezar Schirmer, que participou do final do encontro, a transferência será temporária e não trará prejuízos aos municípios do interior. De acordo com a Secretaria, “serão ampliadas as quotas de horas extras para os comandos regionais, havendo, assim, compensação ao policiamento ostensivo”. Com o encerramento da Operação Verão, informou ainda a SSP, o efetivo que estava no litoral retornará para os municípios do interior.

Schirmer defendeu a integração entre as polícias como fator fundamental para combater a criminalidade. “Não há como reverter a realidade de insegurança com ações estanques. É preciso a colaboração de todos os entes administrativos e de todas as forças, inclusive, da sociedade organizada”, afirmou o secretário.

Poucas horas após o final da audiência, uma nova ação aumentou a estatística de ataques a bancos cometidos em pequenas cidades do interior. Por volta das 2h30min desta terça, uma agência bancária do Banrisul foi atacada com explosivos em Três Cachoeiras, no Litoral Norte. O grupo de criminosos usou explosivos para abrir dois caixas eletrônicos da agência localizada no centro do município.

PARA LER A ÍNTEGRA, NO ORIGINAL, CLIQUE AQUI.

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo