“…Mais uma vez, é a vez da voz das ruas se erguer acima de interesses escusos que têm atuado contra a democracia. Imperfeita, frágil, imprevisível democracia, mas, para quem viveu aqueles anos sombrios, “bicudos” – como dizia Mario Quintana – que antecederam a primeira grande manifestação popular, somente um regime que emane do povo é digno de uma nação que pretenda ser livre e soberana. O movimento em todas as capitais, neste domingo, antecedida de uma decisão histórica da OAB, cujo conselho, por 25 votos a 1, resolveu protocolar o pedido de impeachment de Temer; a debandada geral da base parlamentar que deu sustentação ao golpe desse governo ilegítimo, a mudança de tom na cobertura política da mídia – tudo está a indicar que é a vez dos brasileiros conscientes, que já estiveram nas ruas, como nas jornadas de junho de 2013, exigirem que as instituições republicanas operem em favor do Brasil, e não de uma quadrilha que o tomou de assalto…
…Conspiração doméstica
– A menos que esteja em curso um golpe dentro do golpe: a Bela, instruída pela babá do Michelzinho – que é contratada como assessora do Gabinete de Informação em Apoio à Decisão, vejam só – estaria traindo o Mandaotário (de recatada não teria nada), e o que pretende mesmo é deixar de ser do lar, para ser “do Planalto”…
…- Temer faz pronunciamento, por enquanto, em cadeia aberta. Ou seja, já teve progressão de regime. Mas diz que não renuncia…”
CLIQUE AQUI para ler a íntegra da crônica “Diretas Já”, e também outras notas (De fatos e diversões), de Orlando Fonseca. Orlando é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura, PUC-RS, e Mestre em Literatura Brasileira, UFSM. Exerceu os cargos de Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e de Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados, foi cronista dos Jornais A Razão e Diário de Santa Maria. Tem vários prêmios literários, destaque para o Prêmio Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela Da noite para o dia, WS Editor; também finalista no Prêmio Açorianos, da Prefeitura de Porto Alegre, pelo mesmo livro, em 2002.
OBSERVAÇÃO DO EDITOR: a foto que ilustra esta nota é da Agência Brasil.
Temer precisa ser mais digno e menos pedante que a antecessora e renunciar. Seria ótimo para o pais, com certeza.
Mas o que diz o vermelhinho colunista? Clama por Diretas Já não porque isso está na Constituição ou porque as ruas vazias de domingo clamaram por isso, clama porque quer que o Chapolin Colorado volte ao poder, o cara com mais ações processuais a serem julgadas que o chefe da máfia siciliana. Isso se chama ideologia, um mundo de fantasia que provoca todo esse caos que está aí, culpa de quem? Do atual vice? É mesmo? E o vermelhinho colunista acordou ontem?
O ponto específico que demonstra essa incapacidade de um ideólogo de lidar com a realidade: o vermelhinho colunista fala de um governo ilegítimo. Como assim? Esse governo era vice da chapa que foi eleita para governar o país, recebeu o mesmo número de votos. No caso do impedimento do cargo majoritário, a Constituição (infelizmente) diz que quem assume é o vice. Está na lei. A incompetente foi destituída por um Congresso que votou e tinha poderes para isso. O rito foi todo comadado pelo presidente do STF, o Lewandowski, aliás, da mesma linha ideológica da dita destituída, inclusive, que só deixou de seguir o rito e rasgou a Constituição para ajudar a dita a não ficar inelegível. O advogado Toffoli, outro indicado pelo partido ao STF, deu várias entrevistas dizendo que o rito e o processo de impeachment eram legais. Como assim esse governo é ilegítimo? Tem título de PhD para quê?
Essa coluna é sempre gostosa de ler porque sempre comprova que não basta títulos graúdos de especialização para qualificar permanentemente um cérebro em todas as situações da vida em que ele é usado. Exemplo: quando o assunto é ideologia, os partidários de qualquer ideologia rasgam os diplomas para falarem o discurso míope e autoconveniente de sempre, implodindo com a realidade dos fatos quando bem lhes cabe. Somos ingênuos ou trouxas para aceitar as mesmas ladainhas? Ter uma ideologia não faz bem a nenhum cérebro.