ESPAÇO ALVIRRUBRO. Leonardo da Rocha Botega estreia no site. Ah, domingo inicia a Divisão de Acesso
Primeiro jogo, primeiro sonho
Caríssimo leitor, este é o nosso primeiro encontro, ou seria o primeiro jogo ou quem sabe o primeiro sonho? Talvez! Não sei! O que sei é que quando recebi o convite do grande Claudemir Pereira para escrever neste espaço, vários filmes passaram pela minha cabeça. O mais lindo deles foi o que mostrava um menino que, levado pelo pai, entrou pela primeira vez na Baixada Melancólica na década de 1980. Era um jogo contra o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense. Não me recordo o ano, mas lembro que o Inter SM tinha alguns remanescentes do seu grande esquadrão de ouro (aquele dos 3×0 contra o Vasco). Não me recordo também o resultado, mas me recordo do momento, afinal, a vida (que vai além do futebol) é momentos e não resultados.
Me recordo daquele menino que se empolgava naquele espetáculo de alegria e tristeza, de angustia e esperança, de rigor e criatividade, de triunfo e de tragédia. Era o mesmo menino que nos primeiros anos de escola inocentemente “se apaixonava” por uma colega que nunca mais recordará o nome. Era o mesmo menino que no início do último ano do século XX se apaixonara pela mais bela das estudantes de economia da UFSM. É o mesmo menino que presente nas arquibancadas ou através das ondas do rádio se apaixona a cada jornada do glorioso alvirrubro de Santa Maria. No futebol e no amor somos sempre meninos e meninas. O futebol e o amor nos trazem o calor de sonhar e de ter esperança em um mundo que cotidianamente se demonstra frio (seja por 90 minutos, por uma temporada ou pela vida toda). Meninos e meninas sempre sonham e tem esperança em um mundo que cotidianamente se demonstra frio.
O pensador francês Edgar Morin certa vez escreveu que o futebol é “esse vazio que preenche o mundo”. No mundo futebolístico o ex-técnico da seleção italiana de 1994, Arrigo Sacchi afirmou que “futebol é a coisa mais importante dentre as coisas menos importantes das nossas vidas”. Talvez por isso, o futebol atraia e nos torna eternos meninos e meninas (me nego a pertencer ao machismo que só vê o futebol como esporte masculino, mas que se emociona quando vê a Marta e as meninas do futebol feminino jogarem com a beleza e a leveza criativa que muitas vezes falta ao futebol masculino). Falando sobre futebol, meninos e meninas, me recordo também do escritor uruguaio, Eduardo Galeano que dedicou o seu belo “Futebol ao sol e a sombra” aos meninos que uma vez cruzaram com ele em Calella da Costa (município da Espanha situado na província de Barcelona, na Comunidade Autónoma da Catalunha) cantando, após jogar uma pelada, “Ganamos, perdimos, igual nos divertimos”.
Dito (ou escrito) isso, só me resta fazer um convite. No próximo domingo (04/03) inicia a Divisão de Acesso do Campeonato Gaúcho. Às 17h, o Esporte Clube Internacional de Santa Maria (que tantas emoções nos proporcionou em 2017) entrará em campo contra o Aimoré de São Leopoldo. Venha para a Baixada Melancólica! Traga seu filho, sua filha, seu amor, seu pai, sua mãe! Venha ser menino ou menina! Venha sonhar e ter esperança, nem que seja por 90 minutos! Será nosso primeiro jogo, será nosso primeiro sonho! (Dedico esta primeira crônica ao menino Lucas Lima – o eterno maquinista da Fanáticos da Baixada – que domingo estará sonhando e torcendo conosco em algum lugar entre as nuvens e as estrelas).
OBSERVAÇÃO DO EDITOR: a foto que ilustra esta crônica é do grupo colorado antes do jogo do último final de semana contra a União Frederiquense (retirada da Fanpage do alvirrubro)
Ótima crônica! É só a primeira de muitas que ainda contarão as vitórias do nosso Inter SM.
Lindo. Parabéns. Abraçp.