SAÚDE. Confirmado o surto de toxoplasmose em Santa Maria, confira formas de prevenção da doença
Por MAIQUEL ROSAURO (texto e foto), da Equipe do Site
A Prefeitura de Santa Maria e a 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (4ª CRS) confirmaram, em entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira (19), a existência de um surto de toxoplasmose no município. No total, 59 casos foram registrados e 14 confirmados com a doença.
No início da entrevista, realizada na sede da 4ª CRS, a Prefeitura divulgou um documento com formas de prevenção da doença (confira no fim da matéria). A mesma nota informa que o surto foi confirmado na segunda-feira (16). No dia seguinte, na Câmara de Vereadores, o líder do governo, João Chaves (PSDB), comentou na tribuna a suspeita de um surto de toxoplasmose em gestantes no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) (AQUI). No entanto, a situação veio à tona apenas com o vazamento de um documento da Secretaria Municipal de Saúde, na noite de quarta (18), em grupos do WhatsApp, gerando pânico na população.
O site questionou por que as recomendações de prevenção foram divulgadas apenas nesta quinta, após o vazamento do documento e não na segunda, dia em que o Poder Público tomou conhecimento da gravidade da situação.
“A coletiva estava marcada desde ontem (quarta) de manhã. Vamos reforçar: existe método com várias variáveis, existem responsabilidades e é importante a informação, e ela nunca foi negada. Mas ela (a informação) tem que ser dada com responsabilidade e baseada em fatos epidemiológicos. Não posso te informar e falar do achismo. É uma doença de notificação compulsória, onde o profissional que está à frente tem a obrigação, no momento de confirmado o diagnóstico, informar. Trabalhamos com este processo, este método”, respondeu a secretária municipal de Saúde, Liliane Mello.
A toxoplasmose é uma doença que tem como agente etiológico um protozoário denominado Toxoplasma gondii, que pode ser transmitido ao homem por meio da ingestão de água e alimentos contaminados, por via transplacentária ou transfusão de sangue. O parasita apresenta tropismo, principalmente, em células musculares, do sistema nervoso central e retina, podendo levar desde infecções assintomáticas até infecções graves.
A doença, geralmente, cursa de forma benigna e o tratamento pode ser realizado após uma avaliação clínica criteriosa. Contudo, gestantes, recém-nascidos e imunodeprimidos sempre devem ser acompanhados.
A principal forma de contaminação ocorre por meio de água e alimentos contaminados. Os gatos domésticos e outros felinos são potenciais transmissores da doença, porém, apresentam pouca importância epidemiológica em surtos.
Água
A chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), Tani Ranieri, esteve presente na coletiva e recomendou, por precaução, que a população beba somente água fervida ou filtrada, evitando tomar direto da torneira.
“Não vamos aconselhar (beber água da torneira neste momento). O objetivo agora, por precaução, é conseguir provar onde e qual é a origem da contaminação”, explicou Tani.
O superintendente da Região Central da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), José Epstein, informou que a qualidade da água está dentro dos padrões estabelecidos pelo Ministério da Saúde.
“A gente garante que o padrão de portabilidade que sai da estação de tratamento de água atende todos os requisitos necessários estabelecidos pela Portaria do Ministério da Saúde. Entendemos que a nota divulgada pela Prefeitura (sobre ferver a água) é uma recomendação”, disse Epstein.
O prefeito Jorge Pozzobom (PSDB) e o delegado da 4ª CRS, Roberto Schorn, também participaram da entrevista coletiva. Informações técnicas sobre o surto serão emitidas a cada 72 horas ou conforme a demanda, por meio de boletim epidemiológico.
Mais informações podem ser obtidas com o grupo técnico da Secretaria Municipal de Saúde, pelo telefone (55) 3921-7159 ou pelo e-mail [email protected].
Cronologia do surto de toxoplasmose em Santa Maria
20 de janeiro
Primeiro caso identificado apresentando os sintomas de febre, dor de cabeça, dor no corpo, ínguas e dor abdominal.
3 de abril
Secretaria Municipal de Saúde detectou a ocorrência de casos de uma doença febril em Santa Maria e, de imediato, contatou a Secretaria Estadual de Saúde. Na mesma data teve início o processo de investigação.
9 de abril
4ª CRS e o Centro de Saúde e o Centro Estadual de Vigilância em Saúde do Estado foram informados e passaram a auxiliar na investigação epidemiológica.
12 de abril
Quando foi relacionada a primeira lista de casos suspeitos, deu-se início à investigação tendo como suspeita Dengue, Chikungunya e Toxoplasmose.
16 de abril
Surto de Toxoplasmose é confirmado e, desde então, uma equipe do CEVS se deslocou ao município para colaborar com a investigação do surto.
17 de abril
Líder do governo Pozzobom no Legislativo, João Chaves (PSDB), alertou na tribuna a existência da suspeita de um surto de toxoplasmose em gestantes no HUSM (AQUI).
18 de abril
Vaza no WhatsApp documento oficial da Prefeitura de Santa Maria informando que o município vive uma situação epidêmica de toxoplasmose.
19 de abril
Em coletiva de imprensa, Prefeitura, 4ª CRS e CEVS divulgam formas de prevenção para a população e argumentam que todas as medidas de investigação, prevenção e controle já vêm sendo adotadas.
Medidas de prevenção
– Evitar consumo de água e alimentos de origem desconhecida;
– Comer somente carnes bem cozidas ou bem passadas (não se alimentar de carnes cruas, mal passada ou embutidos frescos);
– Beber somente água tratada, filtrada ou fervida;
– Beber somente leite pasteurizado ou fervido;
– Lavar bem as mãos após manuseio de carnes cruas;
– Lavar bem frutas, verduras e legumes crus antes do consumo;
– Lavar bem as mãos antes das refeições;
– As fezes de gatos devem ser recolhidas com luvas ou sacolas plásticas, e devem ser descartados em sacos plásticos utilizados para o lixo doméstico e disponibilizados para o sistema público. Os gatos jovens e doentes eliminam oocistos de toxoplasmose pelas fezes por cerca de 15 dias. Indivíduos adultos (gatos domésticos) geralmente são imunes e raramente transmitem a doença.
Fonte: Prefeitura de Santa Maria
Tratamento
As drogas mais utilizadas para o tratamento da toxoplasmose em gestantes são a espiramicina, que é indicada no primeiro trimestre de gestação para o tratamento de infecção aguda, pois este medicamento não atravessa a barreira transplacentária, portanto, não oferecendo risco ao feto. Para gestantes com idade gestacional superior a 18 semanas é indicado o esquema tríplice, que é a combinação de sulfadiazina e pirimetamina, associada ao ácido folínico. Esta associação deve ser evitada no primeiro trimestre da gravidez, devido ao efeito potencialmente teratogênico da pirimetamina. Durante o pré-natal de rotina, as gestantes devem ser testadas para verificar a sua imunidade para Toxoplasmose;
Profissionais médicos dos serviços públicos e privados do Estado e do Município estiveram reunidos nesta semana para discutir tratamento de toxoplasmose. Condutas e protocolos de tratamentos em não-gestantes e gestantes estão sendo implementados junto à rede de assistência.
Fonte: Prefeitura de Santa Maria
Vão criar uma Superintendência da Toxoplasmose?
Da desconfiança até a divulgação do surto demorou demais.
Enquanto os resultados das análises não forem convicentes da causa do surto, deveriam “chutar”?
Os sintomas são comuns a muitas das pragas do “design inteligente”.
Mas e a Corsan onde fica nessa história ? A qual somos obrigados a pagar altos valores para que tenhamos água com o mínimo de qualidade em nossa residência. Agora além de pagarmos pela péssima água recebida não podemos consumi-la. Então a população é orientada a consumir água mineral ou fervê-la, penso aqui comigo mas e aquele cidadão que não tem dinheiro para a água mineral e reza para que o gás dure o suficiente para cozer seu alimento um mês inteiro ?