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SAÚDE. Saiba como os modelos de atenção básica atendem às necessidades da população infantil de SM

Na Unidade Básica de Saúde Itararé, onde também faltam salas, não há um profissional médico pediatra desde o ano passado

Por PAOLA SALDANHA (texto e fotos), Especial para o Site

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Santa Maria tem uma população infantil correspondente a 51.365 pessoas, de 0 a 14 anos. A pediatra Marinez Casarotto, que atua como médica-chefe da UTI Neonatal do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), na UTI Neonatal do Hospital de Caridade Dr Astrogildo Azevedo e em clínicas particulares, declara que é possível destacar duas principais demandas da saúde infantil na cidade. “No período de estações mais frias, a gente tem as demandas respiratórias com as maiores procuras. E no verão, principalmente, problemas dermatológicos e gastrointestinais”, explica.

A pediatra afirma também que é possível visualizar dois perfis de busca por serviços. No atendimento particular, Marinez conta que a busca se dá para a prevenção e acompanhamento, na chamada puericultura, uma área da saúde dedicada ao estudo e acompanhamento do desenvolvimento infantil. “Os pais vêm para fazer uma prevenção, acompanhar o crescimento e desenvolvimento, ter orientações”, pontua.

Por outro lado, Marinez relata que no serviço público os pais chegam às unidades em que ela trabalha para buscar tratamento de doenças, já que enfrentaram dificuldades para conseguir consultas e acompanhamento médico dos filhos em outros serviços. “A mãe procura tratar a doença em si, ao não fazer a prevenção. Não trabalho em posto, mas é o que a gente tem conversado”, diz Marinez. Conforme os relatos ouvidos pela profissional, ainda, alguns responsáveis conseguem fazer vacina e verificar as medidas das crianças, entretanto, a orientação pediátrica se mostra mais difícil, por ausência deste profissional ou por ele não conseguir atender as todas as demandas.

NOVO MODELO –  Segundo Maria Antonietta Godoi, enfermeira coordenadora da Unidade Básica de Saúde (UBS) Waldir A. Mozzaquatro, localizada na Vila Schirmer, a profissional de pediatria do espaço presta serviços às crianças da região e também atende às demandas de outros locais, como do bairro Itararé e KM 3. Na unidade Itararé, a recepcionista Patrícia Ferreira informou que há cerca de um ano e três meses não há pediatra e desde a saída da última profissional, que se aposentou, não foi dada nenhuma previsão para o ingresso de novo especialista. Conforme Maria Antonietta, a mesma pediatra que ingressou no posto da Vila Schirmer também atenderia na UBS Itararé, mas por falta de salas acabou exercendo seus serviços apenas na Waldir A. Mozzaquatro.

Maria Antonietta ainda explica que na Mozzaquatro há atendimentos pediátricos duas vezes na semana, com a disponibilização de 12 senhas em cada dia. Apesar de não conseguirem atender todos os pacientes, a coordenadora reitera que são realizados acolhimentos, para crianças e pais, com intuito de conhecer suas demandas e reagendar suas consultas. “A gente está conseguindo atender. Não é um número tão grande. Ficam pessoas sem vagas, mas é um número pequeno”, pondera.

Em contrapartida, a superintendente de atenção primária da cidade, Maria Suzana Lopes, esclarece que há uma mudança no modelo de atendimento básico com vista em um suporte mais voltado às comunidades. “Há um novo modelo, que é preconizado pelo Ministério da Saúde que é o modelo Estratégia Saúde da Família (ESF). Hoje a gente tem 21 equipes habilitadas pelo Ministério da Saúde, ou seja, que recebem incentivos e temos outras esperando habilitação”, afirma.

Conforme Maria Suzana, esta nova formação de equipes conta com profissionais capacitados para atuar nas ESFs e é composta por médico generalista da família – que presta serviço como clínico, pré-natalista, ginecologista e consulta e acompanhamento pediátrico de atenção básica – enfermeiro, técnico de enfermagem e agentes comunitários. Em caso de necessidade, de acordo com a complexidade ou risco, é feito o encaminhamento dos pacientes para outros profissionais e locais.

A superintendente ainda ressalta que as ESFs atuam no modelo de territorialização, em que cada equipe fica responsável pela população correspondente a cada região. O agente comunitário realiza cadastros individuais e domiciliares e a equipe de atuação presta serviço somente a essa população, com atendimentos e monitoramentos.

A Unidade Básica de Saúde Waldir A. Mozzaquatro, localizada na Vila Schirmer, atende 24 crianças de até 14 anos todas as semanas

“BÁSICO DO BÁSICO” – A fixação dessas unidades foi aplicada, segundo Maria Suzana, a partir de um estudo realizado junto ao curso de Geografia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), pelo Núcleo de Pesquisa em Geografia da Saúde (NePeGS). Com o resultado dos levantamentos, foi desenvolvido o Índice de Privação Social. “Esse índice levou em consideração moradia, nível de alfabetização e renda. E a gente conseguiu mapear as nossas regiões com maior vulnerabilidade”, frisa.

Dessa forma, as equipes atuam prioritariamente nas regiões de maior vulnerabilidade e as UBSs operam como referência e suporte das ESFs. “Hoje, a gente tem poucos profissionais querendo vir para a rede pública. Todos os pediatras que a gente conseguiu captar foram chamados pelo consórcio e chamamos duas pelo concurso. Então, a gente deixou os pediatras nas unidades básicas para que eles possam dar suporte naquela região para as estratégias”, justifica Maria Suzana.

Para a pediatra Marinez, um único profissional para atender todas as demandas da família e, em especial da criança, não seria o ideal. “Claro que quando se atende a criança, há todo o contexto familiar onde ela está inserida. Mas eu tenho mais de 20 anos de consultório e de hospital, a gente está sempre estudando, se inteirando e muitas vezes ainda se depara com situações em que se questiona como deveria conduzir.  Acredito que, talvez, o básico do básico deva ser feito com certeza. Não vou desmerecer. Mas não é o ideal para a criança”, contesta.

Contudo, Maria Suzana defende que o foco é aumentar o número de ESFs e fortalecer o entendimento de que este novo modelo consegue atender as demandas da população. “Nosso foco é aumentar o número de ESF, porque temos regiões vulneráveis que ainda precisam e colocar as UBS como referência. Isso precisa ser entendido. O médico é um profissional que está preparado para acompanhar essa comunidade”, finaliza.

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