Por PAOLA SALDANHA (com fotos de Arquivo Pessoal e Reprodução), Especial para o Site
Conclusão do ensino médio, entrada na faculdade e na pós-graduação e conquistar um espaço no mercado de trabalho fazem parte de uma trajetória almejada por muitos. Com a proximidade do final de ano, provas e vestibulares marcam o calendário das instituições de graduação, que abrem suas portas para o ingresso de estudantes nas mais diferentes áreas.
Mas, e no momento da escolha de curso e carreira profissional, o que levar em conta? E como lidar com a pressão da família e amigos? Escolher por vocação ou rentabilidade?
Levantamento encomendado pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) e feito pela Educa Insights mostrou que das 1.200 pessoas ouvidas, 66% afirmaram que a graduação é uma importante ponte para o mercado de trabalho.
A pesquisa aplicada em São Paulo, Salvador, Porto Alegre e Rio de Janeiro ainda apontou que 8% dos estudantes escolheram a área de atuação por influência dos pais.
A psicóloga e psicanalista Lisiane Hadlich Machado atua há 20 anos na cidade e oferece o serviço de orientação vocacional para aqueles que se encontram em dúvida sobre qual caminho seguir profissionalmente.
A profissional faz uma leitura sobre o período de trabalho e a partir das experiências obtidas na atividade desenvolvida e destaca como as influências externas podem conduzir o jovem a um caminho insatisfatório.
“Eu percebo muita pressão, as famílias influenciando sem querer ou desejam que eles reproduzam padrões, não os ouve e têm dificuldades de comunicação. Há várias conseqüências psicológicas dessa pressão”, salienta.
Segundo Lisiane, a orientação vocacional tem o intuito de adequar perfil e profissão, a partir de um olhar mais profundo sobre os gostos e aptidões de cada um. A psicóloga e psicanalista ainda afirma que é importante levar em consideração a maturidade individual do jovem antes do ingresso ao ensino superior, pois o desenvolvimento precoce e a exposição a um novo contexto podem ser prejudiciais e acarretar em conflitos e transtornos emocionais.
“Aquele amadurecimento que o jovem teve muito rápido, eu não vi dar certo. Os pais devem estar atentos aos sintomas de quem entra muito cedo na faculdade e as vezes precisa de um acompanhamento psicológico junto”, relembra.
Entretanto, ainda que com pouca idade, há jovens que decidem muito cedo por onde começar. Esse é o caso de Tayná Lopes Silva, 20 anos, que conclui em 2018 o curso de Jornalismo. O ingresso da estudante no curso ocorreu em 2015, quando tinha 17 anos.
“Minha escolha pelo jornalismo foi baseada nos meus interesses próprios, a partir das características que no ensino médio manifestavam-se em mim, como gostar de produzir vídeos, a minha criatividade, o amor por ler livros, o rápido memorizar de textos e apresentá-los sem vergonha e com boa oralidade, por exemplo. Tive a sorte de poder optar pelo que meu coração indicava e não por fatores financeiros ou influências familiares, escolhendo então o Jornalismo”, conta a formanda.
E a poucos meses de jogar o chapéu de formatura para o alto, Tayná jogou sua concentração na prova do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) para tentar cursar Licenciatura em Teatro.
“Acredito que nunca deve-se parar de estudar o que nos encanta, por isso optei fazer outro curso. Uma das formas de seguir descobrindo, conhecendo, cruzando limites é continuando na faculdade e tenho em mente que o conhecimento é infinito e está por aí pra gente interagir com ele, descobrir novas ideias, experimentar. E não falo somente de conhecimento acadêmico, mas de todos os tipos de saberes”, argumenta a estudante que desde criança sempre demonstrou gosto pelas artes cênicas e durante a faculdade de Jornalismo também foi aluna de uma companhia de teatro.
Certeza das próprias escolhas também carrega Evandro Fernandes, 21 anos, que há quatro anos busca por uma vaga para o curso de Medicina. O estudante conta que ainda no ensino fundamental descobriu o que gostaria de estudar no futuro, ainda que no ensino médio tenha passado por momentos de conflito.
“Quando entrei no ensino médio e comecei realmente a me preparar para o vestibular me questionei muito. Tive dúvidas pela dificuldade que é o ingressar no curso. Mas sempre foi uma certeza minha, minha pais nunca me influenciaram a tal”, destaca.
Fernandes faz parte de um grupo que ambiciona ingressar em um dos cursos mais concorridos do país. Para tentar alcançar esse cobiçado espaço, o jovem já buscou diferentes metodologias de preparação e organiza sua rotina a partir dos estudos.
“Fiz curso pré-vestibular, mas cheguei um estágio que eu não tinha mais o que aprender, apenas treinar com exercícios. Há dois anos estudo em casa, realizando exercícios e recorrendo à internet quando tenho dúvidas que os livros não resolvem. Tento estudar umas 8 horas por dias, 4h de manhã e 4h de tarde. De noite eu procuro ler clássicos obrigatórios antes de dormir e assistir vídeos aulas sobre assuntos que eu tenho dúvidas”, relata.
A psicóloga Lisiane frisa que os pais devem se manter atentos aos comportamentos dos filhos no que diz respeito a preparação e escolha de profissão. “Os pais devem valorizar os serviços de apoio mental, orientação, psicologia, incentivar o autoconhecimento dos filhos. Os pais também podem ter a consciência de que os filhos são livres para fazer às escolhas deles a partir de suas personalidades”, pondera.
ATENÇÃO
1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.
2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.
3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.
4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.
5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.
OBSERVAÇÃO FINAL:
A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.