COMPORTAMENTO. Exemplos de jovens de SM que, pela orientação sexual, convivem com o preconceito
Por BRUNA MILANI (com fotos de Arquivo Pessoal), Especial para o Site (*)
A sigla LGBT, que define Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais, vem sendo utilizada desde os anos de 1990, como uma adaptação ao termo LGB, que anteriormente era usado para exemplificar o termo gay para referenciar a comunidade LGBT na década de 1980. Com o passar dos anos, a sigla tem ganhado força e representação em outros países, além do Brasil, como: Estados Unidos, Argentina, França e Turquia. Em 1996 foi adicionada a letra Q, que significa Queer, uma pessoa que se identifica com todas as sexualidades, passando a ser LGBTQ.
Estudos recentes divulgados pela BBC News mostraram que a criança entre os oito e onze anos de idade já estabelece a sexualidade. Outra pesquisa, realizada pela Universidade de Culumbia, nos Estados Unidos, em 2012, com jovens entre 13 e 17 anos, apontou que pessoas LGBT+ como Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais, apresentam chances de cometer suicídio cinco vezes mais do que uma pessoa heterossexual e que o motivo estaria ligado ao ambiente em que essas pessoas estão inseridas.
No Brasil, de acordo com dados divulgados pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), pelo menos em 2018 foram 126 assassinatos, ou seja, a cada 19 horas no país um LGBT+ é morto ou se suicida.
O estudante e professor de inglês Gabriel de Carvalho Lunardi, 24 anos, descobriu a sexualidade muito cedo, ainda na infância. “Se precisasse numerar, eu diria que foi aos seis anos de idade”. Na época, Lunardi sofreu muito preconceito e cresceu ouvindo que ser “bicha” era errado. “Nunca tive atração pelo sexo feminino. Como sempre fui um menino diferente dos outros, as minhas amizades na infância eram com meninas. Entretanto como ‘era errado’, eu tive que fingir que gostava de meninas durante muito tempo e isso confundia muito a minha cabeça , afinal eu nem tinha dez anos ainda”, relatou.
Por achar que iria desapontar o seio familiar, Gabriel contou à família sobre a sexualidade quando já estava empregado e namorava um rapaz. “A reação não foi boa e sinceramente não mudou muito ao longo do tempo. Se fosse pra dizer que eles aceitam ou não, eu diria que não”, confessou. Lunardi afirma que atualmente não vem sendo alvo de descriminação.
No entanto, a acadêmica de direito da Universidade Franciscana, Thabata Seliestre, 20 anos, diz já ter sido assediada por homens em algumas festas, quando estava com uma parceira do sexo feminino, com pedidos para participar dos beijos, por exemplo. “Quando falamos de uma mulher bissexual, a primeira coisa que vem na cabeça dos homens é o pornozão lésbico”. Thabata descobriu-se bissexual por volta dos dez anos de idade, ao perceber que estava apaixonada por uma menina. Quanto à aceitação familiar, não houve problemas, pois segundo Thabata a família a quer feliz.
Já a estudante de bioquímica da Universidade Franciscana, Rosiellen Pereira Lorentz, 20 anos, descobriu a sexualidade na adolescência, aos 15 anos. “A minha reação primeira foi de uma não aceitação, eu dizia que era bi, que ia passar e tinha medo do que a minha família iria achar”, disse, Lorentz é sexual lésbica e garante nunca ter sofrido diretamente algum preconceito. Na família, a revelação foi tranquila e recebe apoio por parte da mãe e demais familiares.
Foi também no período da infância que a Design de Moda, a transexual Maria Eva Bevilaqua Rizzatti, 33 anos, descobriu que não era um menino, mas uma menina. “O processo de aceitação foi a melhor do mundo, a minha família me acolheu muito, principalmente o meu pai”, explicou. Quanto à mudança física, os tratamentos iniciaram a base de hormônios e posteriormente as cirurgias plásticas. Maria Eva já sofreu muito com o preconceito da sociedade, mas que hoje em dia tem mais paciência e se tornou menos ingênua.
(*) Bruna Milani é acadêmica de Jornalismo da Universidade Franciscana e faz seu “estágio supervisionado” no site
Muito boa matéria!