CRÔNICA. Gilvan Ribeiro e a história do Lobisomem que assombrou o Campestre. É difícil acreditar, mas…
O Lobisomem do Campestre
Por GILVAN RIBEIRO (*)
Eu me lembro como se fosse hoje a dona Elaine, vizinha aqui do beco, contando para a minha mãe o desenrolar daquela noite angustiante. Os mais jovens eu sei que não, mas se você tem mais de trinta anos de idade e é morador antigo de Santa Maria, é muito provável que já tenha ouvido falar dele.
Acontece que hoje existem várias teorias que buscam explicar o ocorrido. Aos mais céticos, não irei dedicar o meu tempo, até porque me considero um privilegiado na posição que ocupo nesta narrativa. Assim, o que aqui estou afirmando posso garantir como verdade, pois sou quem está dizendo.
Foi no final da década de noventa aqui no bairro Campestre, localidade em que vivi a minha infância e hoje resido novamente.
Ele arranhou a porta em uma altura que os cachorros não conseguiriam alcançar, dizia a nossa vizinha, comprovando com isso que era ele, sim. Não podia ser outra coisa.
O calafrio que sinto ao escrever isso me remete à mesma sensação que tive enquanto ouvia atentamente, com a atenção de uma criança que não perde nenhum detalhe. Depois, o mesmo que a dona Elaine relatou para a minha mãe e eu testemunhei, foi reafirmado em uma entrevista dada por ela para a RBS TV.
A essa altura, vocês já devem estar pensando que tudo isso não passa de brincadeira feita por uma senhorinha perversa, que acabou sendo levada muito a sério. Devo admitir que eu também pensaria o mesmo, se não tivesse vivido tudo aquilo.
Se não bastasse o relato da dona Elaine, lembro muito bem das palavras do senhor Ademar, pai do meu melhor amigo na época, descrevendo até o tamanho do bicho que ele tinha avistado na noite anterior, quando regressava para casa. E como questionar o que disse o guarda do Clube do Professor Gaúcho, que não recordo do nome, afirmando que teve a porta de sua guarita também arranhada pelo ousado animal? Sua entrevista também foi parar na tevê e ele dizia, inclusive, que pensava em deixar o serviço devido a perigosidade que se apresentava com esse bicho a solta por aí.
Depois vieram relatos dos moradores de Itaara, informando que por lá a temida e misteriosa “coisa” havia vitimado alguns animais, deixando marcas de perfurações na região do pescoço em todos eles. Desses eu não posso afirmar a veracidade, já que não conheço ninguém do município. Porém, sendo Itaara vizinha do bairro Campestre, não é difícil acreditar que o tal animal tenha passeado por lá também.
De qualquer forma, ele morava aqui, perto da minha casa, em algum lugar do mato. Até hoje não se sabe por qual motivo deixou de atacar na nossa região, talvez tenha encontrado um paradeiro melhor para viver. Desconfio que tenha sido por medo de ser encontrado, já que na época não se falava de outra coisa por aqui. Ele simplesmente decidiu se mudar.
Independente disso, eu só sei que o Lobisomem do Campestre existiu de fato. Se você não acredita, bom, não posso fazer nada. Apenas sugiro que, se duvida dessa história, também deva desconfiar de outras coisas que tu andas lendo e compartilhando, que seguem a lógica do “eu acredito” ou “eu quero acreditar”. Aliás, se você desconfia desse verídico relato dado, então também tenho o direito de não acreditar que a maior circulação de fuzis nas ruas vai colaborar para a diminuição da violência no país.
Sendo bem sincero, prefiro acreditar no Lobisomem do Campestre, pelo menos ele não faz mais vítimas há duas décadas.
(*) GILVAN RIBEIRO, 30 anos, é atleta olímpico e apaixonado pelo jornalismo (cursa o 8º semestre, na UFN) e pela Psicologia (está no 1º semestre, na UFSM). Ele escreve no site sempre aos sábados.
OBSERVAÇÃO DO EDITOR: A imagem que ilustra esta crônica (não necessariamente do Lobisomem do Campestre, aliás não fotografado) é uma reprodução da Internet.
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