
Texto e arte por Pedro Moro / Da Agência de Notícias da UFSM
O Projeto de Lei (PL) 2159/2021, que propõe uma reforma na legislação ambiental brasileira, foi aprovado pelo Senado em maio deste ano e gerou forte reação da comunidade ambientalista. Apelidado de “PL da Devastação”, o texto, que deve ser votado ao longo desta semana na Câmara dos Deputados, é criticado por flexibilizar regras do licenciamento ambiental — processo que autoriza atividades com potencial de causar danos à natureza.
Entre os trechos mais polêmicos, está a previsão de dispensa total de licenciamento para determinadas ações, como cultivo agrícola comum, pecuária extensiva ou semi-intensiva, pequenas usinas de reciclagem, sistemas públicos de água e esgoto, além de obras emergenciais ou de manutenção. Além disso, com a redução da fiscalização, as comunidades indígenas passam a correr riscos de terem suas terras invadidas e degradadas.
Para além das críticas técnicas, o projeto reacendeu um debate dentro da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM): a ausência de diálogo entre o Congresso Nacional e os saberes científicos produzidos nas universidades na formulação de políticas ambientais.
Pesquisadores alertam sobre riscos
Para a professora Josita Monteiro, do curso de Engenharia Florestal e coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Política e Legislação Ambiental (Nepla), “a flexibilização de certas normas sempre traz algum risco”. Ela explica que, somadas à carência de profissionais capacitados nos órgãos de fiscalização, essas mudanças podem intensificar a degradação ambiental em diversas regiões. “Os fiscais em nível municipal, por exemplo, na maioria das vezes são contratados sem especialização. Isso dificulta o monitoramento e permite que mais situações de irregularidade ocorram”, explica a pesquisadora.
Josita também critica a falta de embasamento técnico na formulação de leis ambientais. Segundo ela, a escuta científica é essencial para evitar normas vagas ou ambíguas. “No Código Florestal, por exemplo, há especificações simplórias e com grau de subjetividade. Isso gera dissonância entre o que a lei prevê e o que a técnica considera adequado, e isso afeta diretamente o ambiente”, avalia.
Distanciamento entre ciência e política
A professora Cláudia Hertes de Moraes, do Departamento de Comunicação da UFSM em Frederico Westphalen e coordenadora do Programa de Educação Tutorial (PET) Educom Clima, também observa um enfraquecimento da relação entre ciência e Estado. “Passamos por uma onda de negacionismo muito forte durante a pandemia, e isso afetou a relação das universidades com o restante da sociedade”, analisa Cláudia.
Ela também destaca que o distanciamento das universidades com certos setores da sociedade precisa ser enfrentado. “O ingresso de estudantes de diversas classes sociais tem se mostrado cada vez mais necessário. Quando limitamos o acesso, perdemos a pluralidade de olhares e também deixamos saberes valiosos de fora. A inclusão enriquece a forma como a universidade enxerga e transforma a sociedade”, afirma.
Discussão do PL mobiliza comunidades indígenas
Além da crítica acadêmica, o projeto também mobiliza reações de estudantes indígenas, que denunciam o apagamento de seus saberes e o impacto direto nos territórios. Para Xainã Pitaguary, estudante de Direito da UFSM, comunicador indígena e um dos coordenadores gerais do Diretório Central dos Estudantes (DCE), o PL representa a oposição entre o modelo extrativista e a relação espiritual e ancestral dos povos indígenas com a Terra. “O PL da Devastação representa uma profunda violência epistêmica e territorial, porque foi construído sem ouvir nós, sem reconhecer que a terra tem espírito, que o rio tem dono, que a floresta tem voz”, aponta.
O estudante, natural da comunidade indígena cearense Pitaguary, ainda reflete sobre a precarização dos mecanismos de proteção ambiental. Segundo ele, o PL aprofunda um cenário recorrente de descaso com o meio ambiente. “Licenciamento ambiental, com todos os problemas que tem hoje, ainda era uma barreira mínima. Agora estão desmontando até isso”, argumenta.
Ao reforçar as críticas de Josita e Cláudia sobre a falta de diálogo entre ciência e política, Xainã amplia a discussão ao destacar a responsabilidade das universidades na defesa dos territórios e saberes ancestrais. “As universidades precisam ser trincheiras éticas, defensoras da vida e do conhecimento. Hoje, defender que esse projeto é inconstitucional é defender um projeto de país. E a universidade precisa estar do lado da terra e de quem cuida dela”, diz o estudante.
Xainã ainda enfatiza que povos originários e periféricos são primeiros a enfrentar as consequências da crise ambiental e alerta que: “a mãe natureza está nos avisando. O discurso está errado quando dizem que a Terra está morrendo. Quem está morrendo somos nós”.
Educação como um caminho de transformação
Na UFSM, tanto Josita quanto Cláudia lideram iniciativas que buscam a divulgação dos conhecimentos produzidos no âmbito acadêmico por meio de atividades extensionistas — ações que fortalecem laços e trocas entre as universidades e a população em geral.
Tutorado por Cláudia, o PET Educom Clima realizou, ao longo de 2025, ações voltadas à educação ambiental e climática. O grupo promoveu oficinas em escolas da região, desenvolvendo materiais que integram comunicação, educação e conhecimento científico sobre o meio ambiente.
Uma das metas em desenvolvimento é tornar a educação climática e ambiental uma disciplina regulamentada na legislação local. Para isso, o grupo formalizou reuniões com o Centro de Educação e Cooperação Socioambiental. “Estamos em discussão para inserir, cada vez mais, essa pauta no currículo de ensino das escolas da rede pública municipal”, relata a professora.
O PET também atua em parceria com o curso de Licenciatura Intercultural Indígena da UFSM, buscando visibilizar os conhecimentos tradicionais dessas comunidades. “Nossa relação com o meio ambiente é muito diferente da indígena. Nossa cultura é extrativista, enquanto eles priorizam a preservação”, compara Cláudia.
Coordenado por Josita, o projeto de extensão Educa Floresta promove visitas a escolas e ações de popularização da engenharia florestal. O grupo produz cartilhas sobre a fauna e flora brasileira, abordando a importância do uso sustentável dos recursos naturais. “A ideia é desmistificar que a floresta deva ser intocada. Podemos usufruir dela, sim, mas com equilíbrio e responsabilidade”, elucida.
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Resumo da opera. Montes de gentes se promovendo em cima do problema.
“Nossa relação com o meio ambiente é muito diferente da indígena. Nossa cultura é extrativista, enquanto eles priorizam a preservação”. Sim, não existe nenhum jovem indigena trabalhando em garimpo ilegal no territorio nacional. Bem assim.
“Estamos em discussão para inserir, cada vez mais, essa pauta no currículo de ensino das escolas da rede pública municipal”. Onde os egressos não sabem ler e escrever direito e muito menos as 4 operações matematicas basicas.
‘[…] ao destacar a responsabilidade das universidades na defesa dos territórios e saberes ancestrais […]’. Viva a coivara!
‘Para Xainã Pitaguary, estudante de Direito da UFSM, comunicador indígena e […]’. Lá se foi a ‘ciencia’ pelo ralo. Com ‘profunda violência epistêmica’ e tudo.
“O ingresso de estudantes de diversas classes sociais tem se mostrado cada vez mais necessário. […]”. Sim, o sistema de cotas vai resolver o aquecimento global.
“Passamos por uma onda de negacionismo muito forte durante a pandemia, […]”. Passamos por uma onda de picaretagem academica.
“a flexibilização de certas normas sempre traz algum risco”. Não brinca, é idéia individual ou foi decidido em assembléia?
‘A professora Cláudia Hertes de Moraes, do Departamento de Comunicação da UFSM em Frederico Westphalen e coordenadora do Programa de Educação Tutorial (PET) Educom Clima, também observa um enfraquecimento da relação entre ciência e Estado.’ É uma jornalista! Não tem ‘ciencia’ nenhuma!
‘[…] os saberes científicos produzidos nas universidades na formulação de políticas ambientais.’ Ideologia academizada. Professores universitarios são majoritariamente comunas. Só tem compromisso com vermelhices.
‘Além disso, com a redução da fiscalização, as comunidades indígenas passam a correr riscos de terem suas terras invadidas e degradadas.’ Redução da fiscalização com previsão em lei?
‘ Apelidado de “PL da Devastação”,[…]’. Autoria do projeto é de um deputado federal do PT de SP. O apelido, só poderia ser assim, é dos vermelhos.
‘[…] está a previsão de dispensa total de licenciamento para determinadas ações, como cultivo agrícola comum, pecuária extensiva ou semi-intensiva, pequenas usinas de reciclagem, sistemas públicos de água e esgoto, além de obras emergenciais ou de manutenção.’ Dispensa sob certas condições. Reserva legal em dia, area tem que ser regularizada, etc.