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ARTIGO. Luciano do Monte Ribas e uma convicção: o estoque sem fim de “fins da picada” no Brasil de hoje

Make stupids great again?

Por LUCIANO DO MONTE RIBAS (*)

Não sei se vocês já se perguntaram quantos “fins da picada” podem existir no Brasil do néscio, mas eu tenho me perguntado quase todos os dias.

Infelizmente, a resposta parece ser sempre a mesma: o “estoque” não tem fim. Temo, inclusive, que percamos a capacidade de registrar tanto o que virá quanto tudo o que já foi cometido por “issudaí”…

Afinal, dia sim e dia também, os Bolsonaro e seus pares investem pesado na superação da idiotice, da maldade ou da canalhice do dia anterior. Eles e elas são a prova viva de que sempre é possível fazer mais e pior.

Constatar isso tem sido fácil. Difícil, porém, é correr o risco de dizer qual foi a última. Talvez haja alguma margem de segurança para apontar a antepenúltima, com a tênue esperança de manter esse texto atualizado até a próxima segunda-feira. Arrisquemos, então, a apontá-la.

Na cena patética de um homem que fala na internet mesmo se recuperando de uma cirurgia, salta aos olhos um boné que, toscamente, imita o do mestre alaranjado do norte. Nele não está o “make America great again”, mas a ridícula frase em inglês “make Brazil great again”.

Verdadeira confissão de a quem servem os Bolsonaro, o boné não pode ser visto apenas como um “trocadilho”. Não esqueçamos jamais que o sujeito em questão deixou de ser um deputado obscuro (que mamou 28 anos nas tetas do Congresso e arrumou espaço para muitas outras bocas o acompanharem) sem produzir nada além de grosserias. Não, pois por um desses curtos-circuitos da democracia tal pessoa se tornou presidente de um país cujo nome oficial não é escrito com “Z” há muitas décadas.

Bobagem da minha parte? Será mesmo? Pensem: vocês conseguem imaginar o líder da França, da Rússia, da China, da Índia ou de qualquer país relevante fazendo tamanha macaquice? Somente alguém sem a mínima noção do lugar que ocupa ou que está decidido a nos ridicularizar poderia fazer algo assim. Sinceramente, temo que a resposta seja que “ambas as hipóteses estão corretas”.

Na contramão disso, se quiserem enxergar um Brasil grande nos melhores sentidos da palavra, pensem na produção de alimentos sem agrotóxicos.

Graças à agricultura familiar e, sim, aos assentados do MST, o Brasil é o maior produtor de arroz orgânico da América Latina, exportando um produto com alto valor agregado. E esse é apenas um exemplo.

Querem outro? Mais próximo de nós, quem sabe? Visitem a UFSM para ver outra balbúrdia das boas. Como nos conta o Diário de Santa Maria, “arroz cultivado sem defensivos é lançado pela UFSM em feira”. Aqui em Camobi, que na versão bolsonarista talvez precisasse virar “Kamobi” para ficar mais ao gosto do astrólogo Olavo.

Há um lugar, porém, onde até eu posso concordar que esse boné seria perfeito para o néscio usar: às margens “flácidas” de algum riacho miliciano, chupando laranjas enquanto bate um papo com o Queiroz.

(*) LUCIANO DO MONTE RIBAS é designer gráfico, graduado em Desenho Industrial / Programação Visual e mestre em Artes Visuais, ambos pela UFSM. É um dos coordenadores do Santa Maria Vídeo e Cinema e já exerceu diversas funções, tanto na iniciativa privada quanto na gestão pública. Para segui-lo nas redes sociais: facebook.com/domonteribas – instagram.com/monteribas

OBSERVAÇÕES DO AUTOR: Foto: margens plácidas do Ria Vacacaí à noite, na praia das Tunas, em Restinga Seca.

Aqui uma definição para “macaquice”: https://www.dicio.com.br/macaquice/

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