CidadaniaPolíticaSaúde

ARTIGO. Michael Almeida Di Giacomo e pregação da ministra, por abstinência social dos jovens. E então…

Sexualidade e o mundo real

Por MICHAEL ALMEIDA DI GIACOMO (*)

Dialogar sobre questões relacionadas à sexualidade é sempre um tema que gera muita polêmica e desperta paixões que restam por confundir ideologia com o direito à informação e a própria educação a ser dada, por exemplo, no ambiente escolar.

No atual contexto brasileiro, o debate institucional sobre sexo e sexualidade resta eivado de um conservadorismo explícito e destoa totalmente das transformações de ordem subjetivas ocorridas em meio a nossa sociedade. Não obstante a isso, também é cercado de muitos preconceitos.

Não é difícil perceber que a discussão em relação às questões relacionadas a vida sexual de jovens e adolescentes ainda surge revestido de restrições. É muito próximo ao que escreveu Foucault, no sentido de que as sociedades modernas incentivam o discurso sobre sexo, no entanto, valorizando-o como “segredo”. Esta conjuntura acaba contribuindo para que a intolerância tenha ainda mais força no que se refere ao respeito à diversidade e na tutela de grupos vulneráveis.

O que se vê é que o governante tem plena convicção de que sua forma de abordar a matéria é a política pública correta a ser adotada. No entanto, o dispêndio de recursos para fazer valer sua visão não encontra suporte na própria realidade social. É como se os governantes vivessem em um enorme monastério.

A questão da sexualidade e da educação sexual está relacionada diretamente com a identificação de padrões sociais, culturais e com os modos de conduta das pessoas em nosso meio. Nós devemos debater a matéria a partir de um viés que ultrapasse o senso comum. Que rompa com a forma primária e simplista que querem nos fazer crer ser o caminho correto.

Há um universo muito mais profundo a ser considerado, como por exemplo, a afirmação de pessoas com uma orientação sexual diversa do que se conhece por uma sociedade binária.

Nessa complexidade de valores e conhecimentos, defender a abstinência sexual como forma de evitar a gravidez na adolescência ou a transmissão de doenças parece surreal num país onde um número expressivo de meninas menores de 14 anos engravida após terem sido vítimas de estupro. Na maior parte das vezes sendo o autor um familiar.

A abstinência sexual talvez seja um discurso que caiba bem no ambiente de um monastério, mas no mundo real, não acredito.

(*) Michael Almeida Di Giacomo é advogado, especialista em Direito Constitucional e Mestrando em Direito na Fundação Escola Superior do Ministério Público. O autor também está no twitter: @giacomo15.

Observação do editorA foto, sem autoria determinada, foi reproduzida deste link: https://www.talkb4.com/educacao-sexual-futuro-filhos/

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo