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Santa MariaTragédia

ARTIGO. Luciano do Monte Ribas e solidariedade: 7 anos da tragédia que chacinou 242 meninos e meninas

Onde você estava no dia 27 de janeiro

Por LUCIANO DO MONTE RIBAS (*)

É muito provável que você se lembre exatamente onde estava e o que fazia no dia 27 de janeiro de 2013.

Eu estava em Itaara, na casa que foi da vó Dite e do vô Floriano, com meus filhos mais novos. Fui acordado antes das 8h pela ligação de uma tia, que perguntava sobre meu filho mais velho. Como a pergunta era, obviamente, estranha, imediatamente ela me contou sobre o que ocorrera na boate Kiss. A tranquilizei, pois eu sabia que ele não frequentava a Kiss e que estava em segurança. Uma sorte que, infelizmente, centenas de outras crianças não tiveram.

Porém, falar em “sorte” é algo inaceitável em um caso como esse. Não poderíamos jamais contar com ela quando nossos filhos, filhas, amigos e amigas saem para se divertir. Jamais, simples assim. Jamais e ponto.

Passados sete anos – marcados pela saudade e pela dor, mas também pela impunidade e pela injustiça de processos vis contra três pais e uma mãe – mais uma vez pais, mães, irmãos, irmãs, filhos, filhas, mulheres, maridos, namorados, namoradas, amigos, amigas e sobreviventes se reuniram para reafirmar sua luta por justiça.

Com eles estavam muitas pessoas que não têm relação direta com as vítimas. Vergonhosamente, porém, em um número absurdamente menor do que deveria ser. Não era nem perto das milhares de pessoas que estavam na marcha silenciosa realizada poucos dias após o crime, o que me faz concluir que a solidariedade de muitos foi tão fugaz quanto a “coragem” de quem era prefeito de Santa Maria em 2013.

Não pensem que me excluo completamente disso. Mesmo tendo ido a manifestações, me envolvido bastante com o “Janeiro 27”, ajudado a inserir o Santa Maria Vídeo e Cinema na rede de apoio à AVTSM, feito fotos, conversado com pais e defendido sua causa por onde andei, acho que estive em menos atividades de solidariedade e mobilização do que deveria, por exemplo. A relevância é tão grande, a necessidade de justiça tão urgente e o trauma de tamanha dimensão que o que fizermos sempre será pouco. Mesmo assim é preciso que façamos algo, pouco ou muito, publicamente. Mesmo que seja, como pais e mães costumam dizer, apenas levar um abraço a quem estiver na tenda no centro da cidade.

Em resumo, todos precisamos nos perguntar, de forma simbólica, onde estávamos no dia 27 de janeiro de 2020. A resposta a essa pergunta mostrará o verdadeiro tamanho da nossa solidariedade aos sobreviventes e aos familiares das vítimas da Kiss. Se não pudermos concluir que era impossível termos ido à Saldanha Marinho naquele final de tarde sem chuva ou calor insuportável, algo precisa mudar dentro de nós com urgência.

(*) Luciano do Monte Ribas é designer gráfico, graduado em Desenho Industrial / Programação Visual e mestre em Artes Visuais, ambos pela UFSM. É presidente do Conselho Municipal de Política Cultural e um dos coordenadores do Santa Maria Vídeo e Cinema, além de já ter exercido diversas funções na iniciativa privada e na gestão pública.

Para segui-lo nas redes sociais: facebook.com/domonteribas – instagram.com/monteribas.

Observação do editorA foto que ilustra este artigo fez parte da campanha veiculada no Diário de Santa Maria, junto com fotografias de mais três pessoas, dirigida por Luiz Alberto Cassol.

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