CIDADE. “Bloco de Lutas Zona Oeste” usa internet para denunciar o que entende abuso da Brigada Militar
Por RODRIGO RICORDI (com foto de Reprodução), de A Razão Online

Uma notícia publicada pela imprensa local dava conta de que um policial teria sido agredido por um grupo de pichadores na madrugada do último sábado. A repercussão nas rede sociais foi grande e um grupo chamado Bloco de Lutas Zona Oeste publicou uma nota dando uma versão totalmente diferente do fato descrito no Boletim de Ocorrência registrado pela Brigada Militar. O jornal A Razão conversou com um dos envolvidos que, sem querer se identificar, acusa a Brigada de abuso, humilhação e agressão gratuita.
Segundo a nota do grupo, na madrugada de sábado seria dado o início as atividades contra o aumento das passagens de ônibus com um mural em um prédio que fica em frente ao terminal de ônibus da Rua Professor Braga. Um grupo que pintava a frase “Crime é a tarifa” teria sido abordado por um policial a paisana armado, por volta das 5h. O suposto policial teria ameçado o grupo com a arma e desferido chutes e socos.
Fora da cena, um grupo de quatro pessoas (um homem e três mulheres) viu a situação e foi prestar ajudar e pedir calma ao agressor. Ele por sua vez teria agredido o homem e duas das mulheres. Nisso o homem teria escapado. Posteriormente, o grupo de jovens teria sido abordado por duas viaturas da Guarda Municipal e uma da Brigada Militar e as agressões teriam piorado. “Não reagimos. O policial pegou o meu amigo e começou a bater a cabeça dele na parede e a dizer: “Tu achou que eu não ia te encontrar seu piá de m***”. Achei que eles iam matar ele, pois estavam descontrolados e com muita raiva”, diz uma das mulheres envolvidas.
Ao tentar impedir as agressões, ela foi algemada e agredida com tapas no rosto. Ela relata que não havia nenhuma policial mulher no momento da prisão. Encaminhados para a delegacia de polícia o grupo alega que não teve o direito de chamar advogado e as humilhações seguiram com revista vexatória. “Mesmo nua e visivelmente sem nada, entregando minha bolsa pra ser revistada, ela me fez ficar de quatro, porque queria me humilhar mesmo”, relata a mulher que só teria sido liberada por volta das 10h da manhã de sábado.
Segundo a envolvida, o grupo vai responder por crimes aos quais não têm nenhum envolvimento com o crime contra o patrimônio publico, crime ambiental, atentado ao pudor e agressão. “To num trauma muito grande, mal consegui dormi só tenho pesadelo com perseguição”, admite. “Fui ameaçada com arma na cara e tenho medo de sair de casa”, finaliza a envolvida.
O que diz o Boletim de ocorrência
Um grupo de aproximadamente oito jovens que estariam pichando a parede de um prédio na Rua Professor Braga agrediu um policial militar (PM), que estava à paisana na madrugada desse sábado. O fato ocorreu no momento em que o PM dava voz de prisão aos indivíduos. De acordo com informações da Brigada Militar (BM) uma guarnição foi acionada para atender o caso, mas ao chegar no local o bando havia fugido. Buscas foram feitas nas imediações e um casal que faria parte do grupo foi localizado. A dupla também teria reagido à abordagem e acabou sendo presa e levada à Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA).
Confira na íntegra a nota publicada pelo grupo Bloco de Lutas Zona Oeste:
NOTA SOBRE A REPRESSÃO DA MADRUGADA DE SÁBADO
O Bloco de Lutas Zona Oeste nasce a partir da insatisfação de um setor da população da periferia da zona oeste com a precarização do transporte e os sucessivos aumentos da tarifa, nunca revertidos em melhorias para os usuários das áreas mais carentes da cidade. E surgimos também de desacordos em relação ao método burocrático praticado na cidade que tenta convencer empresários e governantes que formam máfia do transporte estabelecida na cidade. Nós tentamos ao contrário, reafirmar a importância do povo em luta, e promovemos atividades que tentam conversar com quem mais precisa deste transporte e não com quem mais lucra com ele.
Dentre essas atividades, pensamos que um mural em um prédio desativado em frente ao terminal da parada que reúne mais usuários do transporte da zona oeste iria provocar um debate em torno do aumento da tarifa e da precarização do serviço.
Durante a ação direta promovida por integrantes do Bloco, os militantes foram abordados por um sujeito armado, visivelmente alterado, que não se identificou, apontando a arma para a cabeça dos envolvidos e fazendo ameaças de atirar, além de agressões verbais e físicas chegando a agredir com chutes e socos e virar tinta neles que no momento não reagiram a ação. O agressor ao invés de acionar o 190, buscava contato com uma viatura especifica, provavelmente envolvida com o trabalho sujo da Brigada Militar de nossa cidade, ameaçando levar eles para um destino incerto.
Neste momento, estudantes (um menino e três meninas) que saíram de um prédio próximo, ao ver a ação ilegal e abusiva, se solidarizaram e tentaram pacificamente cessar as agressões, sendo a partir desse momento, também alvo delas. De forma brutal o agressor ajudado por um segurança de um prédio particular parte para cima do grupo, toma como alvo das agressões o jovem estudante que tentava ajudar a apaziguar, o jovem foi derrubado no chão, agredido com socos, coronhadas e chutes. Na tentativa de interromper as agressões as meninas também foram agredidas com tapas, jogadas no chão e humilhadas. Após agredir as meninas, o agressor fugiu com a sua moto do local.
Minutos depois, a algumas quadras dali o agressor volta com duas viaturas da guarda municipal e uma viatura da BM ( sem giroflex) atacando novamente o grupo, ao descer da viatura a guarda municipal agride o jovem com tapas que já estava com as mãos na parede, o agressor se identificando somente agora como policial à paisana, continua com as ameaças, derruba o jovem mais uma vez e tenta sufoca-lo, após chutes e socos foi algemado enquanto isso, outros policiais e guardas agrediam as meninas com tapas e pontapés. O jovem e uma das meninas foram algemados e jogados na viatura sendo transportados para atendimento médico no UPA, na mesma viatura que o agressor, sofrendo torturas físicas e psicológicas ao longo do caminho.
Já na delegacia, os jovens que não possuíam antecedentes criminais e não tinham envolvimento com a ação inicial, foram detidos e fraudulentamente acusados de vários crimes que não cometeram, sendo impedidos contatar advogados. A garota ainda submetida desnecessariamente a revista vexatória durante o procedimento, traumatizando-a e a constrangendo. Foi registrada a ocorrência, sendo forjada acusações indevidas aos jovens, o qual único “crime” foi a de se solidarizar com nossa ação.
Desde já afirmamos que estaremos lado a lado com esses companheiros processados e que não nos intimidaremos com essa tentativa de coação da luta, seguiremos modestamente realizando nosso trabalho militante com o objetivo firme de barrar o aumento e conquistar outro modelo de transporte que contemple também a periferia e não apenas os empresários.
PROTESTO NÃO É CRIME !
CRIME É A TARIFA!
ZONA OESTE NA LUTA!”
PARA LER A ÍNTEGRA, NO ORIGINAL, CLIQUE AQUI.
Porque nao usam suas próprias casas para pixar. tem que levar pau mesmo!
A prefeitura precisa disponibilizar para esses artistas(e ativistas) de rua um espaço para suas manifestações.Os postes de luz seriam os locais ideais para isso. Quanto mais alto eles fossem, melhor. Ali, pertinho da alta tensão…
Gente de bem não esta na rua fazendo vandalismo as 3 horas da manhã, tem que baixar o cassete mesmo quem quer protestar faz de dia não na calada da noite, jogo que não trabalho e passam o dia dormindo se trabalhasse não estavam a essa hora na rua.
Segundo o texto foram meninos e meninas. Nestas horas apelam para a infância.
O que meninas e meninos estavam fazendo na rua na madrugada. Um copinho de leite e para caminha as 22 horas.
Fiquei até com pena dos "coitadinhos".