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ESPORTE. Conheça o atleta de esportes eletrônicos santa-mariense que já rodou o Brasil jogando

frostezor, seu nome dentro dos jogos, já disputou torneio mundial no Rio

Competição sempre fez parte da vida do jogador natural de Santa Maria. Foto Felipe Guerra / Gamers Club

Por Pedro Pereira

Se tornar jogador de futebol é um sonho para a grande maioria dos jovens que nascem no Brasil. De uns anos para cá, a popularidade dos exóticos “esportes eletrônicos” (esports) vem crescendo e, se não tomando o lugar do esporte mais famoso do mundo, tornando-se uma opção de carreira para jovens do país. Esse é o caso do jogador profissional de Counter-Strike (CS), Cássio Bergamo.

Nascido e criado no bairro de Camobi, Bergamo – ou “frostezor” (sua alcunha dentro do cenário de esports) – morou a vida inteira na cidade do coração do Rio Grande. Ainda residente de Santa Maria, já participou de competições tanto de nível nacional quanto internacional ao longo de sua carreira. Conheça a história do santa-mariense que representa a cidade nos esportes eletrônicos.

Da vida real para os servidores de Counter-Strike
A competição faz parte da vida de Bergamo desde que era pequeno. O jogador conta que na escola onde cursou o Ensino Fundamental – “Margarida Lopes”, em Camobi – já jogava futsal e, inclusive, chegou a participar de algumas edições dos jogos escolares de Santa Maria e do Rio Grande do Sul. “Quando tu termina uma partida e vence, a sensação é muito boa”, relatou frostezor.

O Counter-Strike chegou em sua vida somente em 2011, quando tinha entre 11 e 12 anos de idade – hoje ele tem 23. Era um costume da época se encontrar com seu grupo de amigos em um clube do bairro em que cresceu, para jogar bola. Certo dia, entretanto, a ideia de uma das amizades foi testar “algo novo” – uma versão antiga do jogo em que, futuramente, se tornaria profissional.

A atividade, que seria temporária, passou a ser praticada diariamente. Na medida em que seus amigos iam se cansando e deixando de jogar, Bergamo se apaixonava cada vez mais pelo Counter-Strike. A versão do jogo que o grupo usava “morreu” em 2013 mas, dois anos depois, a atualização mais recente voltou a fazer parte da vida do santa-mariense. No ano de 2016, a “brincadeira” começou a se tornar algo sério.

Foi na temporada de 2017 em que frostezor começou a ter holofotes voltados para si, quando passou a fazer parte da “Vivo Keyd” (organização de esportes eletrônicos renomada no cenário brasileiro). Nesse ano, quando cursava o “Terceirão” no Instituto São José, Bergamo teve a oportunidade de participar da “Gamers Club Masters”, a maior competição de nível nacional até então. No campeonato em si, terminou em 4º lugar, sendo eliminado para o time que se tornaria vice-campeão.

No fim daquele ano, uma coisa era certa para o jovem santa-mariense: ele queria viver do esporte eletrônico. Aproveitando que, na época, já recebia uma quantia em dinheiro para jogar – algo incomum para equipes do cenário brasileiro, anos atrás -, chegou para sua mãe e pediu dois anos para tentar alcançar o sucesso na modalidade. “Na minha cabeça, eu sabia que tinha potencial e poderia chegar longe”. Ela aceitou.

O acordo, porém, seria válido apenas quando Bergamo terminasse a escola. Com a “aventura” no meio de 2017, o jogador acabou desistindo dos estudos depois do término da competição. No fim, concluiu o Ensino Médio por meio do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (ENCCEJA).

Passados dois anos do acordo, sua carreira começou a decolar, pois já estava tendo mais sucesso financeiro. O santa-mariense conta que foi nesse momento que ele decidiu começar a, além de jogar profissionalmente, fazer lives jogando – sem o viés competitivo, apenas para entreter seu público -, pois havia chances de gerar uma renda extra.

Entre caídas e subidas

Bergamo é atleta de esports desde 2016. Foto Alex Maxwell / DreamHack

Em 2019, frostezor teve o que considera o ponto mais baixo de sua carreira. A FURIA Esports, atualmente, é a maior organização de esportes eletrônicos do país, abrigando equipes de alto nível em diversas modalidades. No ano de 2018, período em que o time nasceu, Bergamo fez parte do elenco de desenvolvimento de CS.

Após certo sucesso, ainda no mesmo ano, foi contratado pela divisão de esports de um renomado clube de futebol do estado de São Paulo. A glória que o nome do time carregava, entretanto, não era passada para a equipe de Counter-Strike. Com promessas de um salário melhor e uma boa oportunidade de se destacar no cenário, a passagem ficou marcada por péssimas relações com os membros do esquadrão e a falta de profissionalismo da direção, segundo o jogador.

Sua estadia no clube teve a duração de três meses. De qualquer forma, frostezor afirma que foi o suficiente para desanimá-lo. Uma oportunidade de se reencontrar com antigos amigos e se divertir enquanto trabalhava com o que ama logo apareceu. O santa-mariense passou a fazer parte de uma organização gaúcha chamada Redemption POA.

Já no time,ele disputou a competição de mais alto nível em sua carreira: DreamHack Open Rio de Janeiro 2019 (campeonato mundial, de menor expressão que o Major, torneio de maior prestígio na modalidade). Ainda que o certame internacional disputado no Brasil tenha ficado marcado pela má gestão, uma vez que a estrutura não era boa como era em outros países, Bergamo fala que foi uma grande experiência poder jogar e treinar contra equipes de outros lugares do mundo.

De equipe em equipe, seguiu jogando Counter-Strike profissionalmente até agosto de 2021, quando decidiu focar nas transmissões ao vivo – porém sem se aposentar. Recentemente, contudo, o santa-mariense foi anunciado pela organização The Union e está disputando os maiores campeonatos do cenário brasileiro de CS.

A pausa, que não era eterna, acabou. Agora, frostezor volta a colocar em prática seus objetivos e traça o caminho para realizar seus maiores sonhos: “estar nos melhores times do mundo, jogar as melhores competições e viver do CS sem depender das lives”.

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Um Comentário

  1. “A questão do esporte eletrônico a nível federal ainda não é uma realidade. Não tenho essa intenção de investir nisso”, declarou Ana Moser, Ministra dos Esportes. “A meu ver, o esporte eletrônico é uma indústria de entretenimento, não é esporte. Então, você se diverte jogando videogame, você se divertiu. “Ah, mas o pessoal treina para fazer. Treina, assim como o artista. Eu falei esses dias, assim como a Ivete Sangalo também treina para dar show e ela não é atleta da música”, afirmou Moser. Revista Exame.

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