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ARTIGO. Débora Dias e um exercício de cidadania: a campanha contra a violência e de valorização do idoso

Vai chegar sua vez

Por DÉBORA DIAS (*)

A sua vez não vai chegar se você morrer antes. Não é trágico, mas é verdadeiro, faz parte da vida, todos vão ficar idosos. E isso que se quer passar, na campanha da Fisma – Faculdade Integrada de Santa Maria, do Curso de Psicologia e a Polícia Civil, DPICOI – Delegacia de Proteção ao Idoso e Combate à Intolerância. Está se aproximado o dia 15 de Junho, que é o Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa, dessa forma momento muito propício à campanha. Mas do que se trata e por que falar desse assunto?

O que parece tão óbvio passa despercebido (intencionalmente?) pela sociedade, como se todos fôssemos ficar eternamente jovens; ocorre que é quase que natural a depreciação e a desvalorização de uma das fases da vida do ser humano, que é a fase da velhice, de ser idoso. A nossa sociedade tão consumista cultua corpos “perfeitos”, mas o tempo é implacável.

Podemos amenizar alguns efeitos do tempo, mas nunca pará-lo; somente a morte pode interrompê-lo, então envelhecer faz parte do ciclo da vida, inevitável. Simone de Beavoir já disse: “não reconhecemos a velhice em nós, nem sequer paramos para observá-la, somente a vemos nos outros, mesmo que estes possuam a mesma idade que nós”.

Há ausência de aceitação do envelhecimento, em uma sociedade que transforma pessoas em mercadorias, conforme Zygmunt Bauman, e é exatamente por isso que essa sociedade não admite o velho, o deprecia e desvaloriza. E foi pensando justamente nessas ponderações e, por saber que as pessoas idosas fazem parte do grupo de pessoas que se encontram em estado de vulnerabilidade, é que a FISMA e a Polícia Civil resolveram fazer uma campanha que está invadindo as redes sociais, com a #vaichegarsuavez.

Para o Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741/2003, pessoa idosa é aquela a partir dos 60 anos de idade, as quais são assegurados diversos direitos, prioridades e dispostos também alguns crimes específicos, como a “maus tratos a idosos”,  “apropriação de bem de idoso”, “discriminação de pessoa idosa”, etc. Embora, hoje, com a longevidade maior em nosso país, uma pessoa de 60 anos não pode se assemelhar a uma pessoa idosa de 60 anos de 30/40 anos atrás, a longevidade é maior, estamos envelhecendo muito melhor (esse é assunto para outro artigo).

Bem, a DPICOI, dentre suas atribuições, tem a de investigar e prevenir os crimes previstos no Estatuto do Idoso, além de outros. E foi inserido nesse contexto que a Fisma e DPICOI engajaram-se em campanha de prevenção na luta pelos direitos da pessoa idosa. A Fisma, dentro do Curso de Psicologia, tem uma disciplina chamada “Psicologia Jurídica” e foi nessa disciplina que a Professora Patrícia Roso, em conversa comigo, como titular da DPICOI, propôs um desafio aos 32 alunos do noturno e 22 do diurno, realizar uma ação social, sair dos bancos acadêmicos para a sociedade. Como bem descreve a Professora Patrícia “se não começarmos uma cultura de respeito ao idoso, nós também vamos ser desrespeitados”, porque #vaichegarasuavez.

Assim, dessa forma, os alunos estão usando as redes sociais, com cartazes feitos por eles mesmos, com a #vaichegarasuavez, com o apoio da Polícia Civil, para disseminar a cultura do respeito à pessoa idosa, da disseminação do conhecimento dos direitos do referido grupo. E o conceito é de que haja uma discussão, além da sensibilização inerente à campanha, para que quando chegue a sua vez, a minha vez, a nossa vez, possa-se viver em uma sociedade que respeita mais uma fase natural do ciclo da vida, o envelhecimento.

(*) Débora Dias é a Delegada da Delegacia de Proteção ao Idoso e Combate à Intolerância (DPICoi), após ter ocupado a Diretoria de Relações Institucionais, junto à Chefia de Polícia do RS. Antes, durante 18 anos, foi titular da DP da Mulher em Santa Maria. É formada em Direito pela Universidade de Passo Fundo, especialista em Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes, Ciências Criminais e Segurança Pública e Direitos Humanos e mestranda e doutoranda pela Antônoma de Lisboa (UAL), em Portugal.

Observação do editor: A foto (sem autoria determinada) que ilustra este artigo é uma Reprodução de internet. Para saber de onde foi extraída, clique AQUI.

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