ARTIGO. Luciano do Monte Ribas e as possibilidades, sim, de contrapor argumentos a fatos ditos definitivos
Chega dos mesmos
Por LUCIANO DO MONTE RIBAS (*)
Há uma pequena, potente e (até mesmo) polêmica citação de Nietzsche com a qual simpatizo muito. Ao dizer que “não existem fatos, apenas interpretações”, o grande filósofo alemão – “interpretado” a serviço de tantos interesses diferentes – alerta aqueles que acreditam haver uma “objetividade absoluta” nos acontecimentos de que as coisas não são bem assim.
Naturalmente, uma introdução breve e superficial sobre algo dessa complexidade pede um exemplo. Vamos a ele.
Pense em uma pessoa atravessando a rua. Nesse caso, o fato é que ela saiu de um lado e chegou ao outro, mas as interpretações sobre isso são infinitas: a pessoa fugia de alguém, tanto que acelerou o passo; ela atravessou a rua quando viu um desafeto; ela ama romances policiais e do outro lado há uma livraria; a pessoa estava desorientada e simplesmente atravessou, sem saber o porquê; não havia faixa de pedestres naquele ponto, é um absurdo atravessar ali; eu não sei qual era a rua, não poderei opinar, portanto.
No fim das contas, a maneira como lidamos com a informação acaba se sobrepondo ao acontecido em si, o que é da natureza humana desde que um caçador-coletor descreveu para o seu bando o tamanho de um mamute que recentemente havia passado em frente à caverna. Ou seja, contra fatos há “argumentos” sim, que os interpretam e ajudam a formar consensos sobre o acontecido, embora jamais seja possível transformar em preguiça-gigante um mamute.
Vamos a um fato, então. Há doze anos Santa Maria é governada pelo mesmo consórcio político. Desde 2009 variaram os cabeças e os coadjuvantes, mas todos governaram juntos: Schirmer (MDB), Farret (ex-PP), Pozzobom (PSDB), Sérgio Cechin (PP) e a “sopa de letrinhas” que os acompanha (onde destaco o DEM de Rodrigo Maia) até encenaram “divisões” e chapas diferentes mas, na hora de exercer o poder e dividir os cargos, se entenderam rapidinho. Todos são, portanto, igualmente responsáveis pela situação de estagnação vivida por Santa Maria, que padece com atraso, desesperança e dificuldades crescentes para as pessoas que precisam ter a prefeitura promovendo a inclusão e o desenvolvimento sustentável.
Obviamente, aceito interpretações diferentes e me comprometo a debatê-las, desde que haja um nome verdadeiro e um CPF por trás de quem as emite. O monopólio da verdade não está entre as minhas qualidades, diferentemente da memória, que funciona a contento. Aliás, ela não me deixa esquecer que passamos três anos e meio atravessando ruas transformadas em crateras e que apenas agora, na antevéspera da eleição, houve alguma manutenção consistente – a que custo, ainda descobriremos.
Seguindo nos fatos, em 2020 mais uma vez os “mesmos” se apresentam “divididos”. De um lado, Cechin e uma parte dissidente do consórcio; do outro (ou do mesmo lado, se abrirmos o quadro), Pozzobom e outro naco dos “ex-aliados”. Todos jurando uma cisão irreconciliável, embora seja fácil imaginar o que acontecerá após o pleito se um desses “lados” for o vencedor…
Para mim, porém, há uma opção diferente, capaz de fazer Santa Maria retomar um projeto racional de desenvolvimento com inclusão. É por isso que peço que nenhum preconceito lhes impeça de conhecer e ouvir Luciano Guerra, pré-candidato a prefeito pelo Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras. Há nele a transparência dos sinceros, a simplicidade de quem sabe ouvir e a humildade necessária a quem deseja aprender. E, não esqueçam, nosso último ciclo de crescimento inclusivo ocorreu com Valdeci Oliveira, um líder que cultua essas mesmas qualidades e que foi eleito prefeito com um recado tão claro quanto atual: chega dos mesmos.
(*) Luciano do Monte Ribas é designer gráfico, graduado em Desenho Industrial / Programação Visual e mestre em Artes Visuais, ambos pela UFSM. É presidente do Conselho Municipal de Política Cultural e um dos coordenadores do Santa Maria Vídeo e Cinema, além de já ter exercido diversas funções na iniciativa privada e na gestão pública.
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Observação do autor, sobre a foto: um apelo no centro de Santa Maria, em frente às grades do Banrisul.
Porque a Galinha atravessou a rua?
PROFESSORA PRIMÁRIA: Porque queria chegar do outro lado da estrada.
PLATÃO: Porque buscava alcançar o Bem
ARISTÓTELES: É da natureza dos frangos cruzar a estrada.
NELSON RODRIGUES: Porque viu sua cunhada, uma galinha sedutora, do outro lado.
MARX: O atual estágio das forças produtivas exigia uma nova classe de frangos, capazes de cruzar a estrada.
FREUD: A preocupação com o fato de o frango ter cruzado a estrada é um sintoma de sua insegurança sexual.
FEMINISTAS: Para humilhar a franga, num gesto exibicionista, tipicamente machista, tentando, além disso, convencê-la de que, enquanto franga, jamais terá habilidade suficiente para cruzar a estrada.
PT, PCdoB, PSOL, PSTU e demais puxadinhos: Para protestar contra esse governo neoliberal e fascista, e apoiar a renúncia de Bolsonaro, já! Fora Bolsonarol!