Política

CRÔNICA. Orlando Fonseca, fake news, covid-19, Bolsonaro e outras reflexões durante a pandemia

Pandemônicas

Por Orlando Fonseca*

Reflexões sem compromisso, durante a pandemia.
Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. Não é só uma citação dos Evangelhos, é uma instrução a respeito do caminho: conhecer significa buscar a informação, inteirar-se do que aconteceu efetivamente, formar um juízo e então ter convicção. Ou seja, fake news e ignorância não libertam, escravizam.

– No Brasil, é preciso combate não apenas aos efeitos da Covid-19, mas também ao retorno de males sociais do Século-19: misoginia, escravagismo, terraplanismo e ignorância estrutural.

COM PÉ E CABEÇA
– Sempre tive um pé atrás com o teste de reflexo, produzido pelo médico com um martelinho no joelho do paciente. Fui pesquisar, já que tenho tempo, e vi que a coisa é séria e tem fundamento como instrumento de saúde. No entanto, por muitos anos mantive a impressão de que o teste servia para a gente ter certeza de que, estando a perna frouxa, se a gente batesse com o joelho na guarda do sofá, certamente sofreria uma luxação no dedão, pela batida no pé do referido móvel.

DEFINIÇÕES INDEFINIDAS
Necromelancia – arte da adivinhação utilizando uma melancia já passada desta para a melhor.
Debimental – involução do homo sapiens, espécie de retorno ao homem de neandertal.
Pandeminion – proliferação de simpatizantes de certos adoradores de mito.
Pandetone – iguaria que vai se disseminar nas festas de fim de ano, se a peste durar até lá.
Coloniavírus – mutação genética que vingou no Brasil, macaqueando os americanos.

ANTIPOESIA
Pink Floyd,
Black Floyd.
Dissonâncias
que nem Freud
explica.
Bagulho doido,
delírios de
febre tifoide.

NA MÍDIA
– O Ministério da Saúde informou, em nota, que mudou a divulgação diária sobre os casos de Covid-19 porque o acúmulo de dados não estava “retratando o momento do país”. Já que não está conseguindo achatar a curva, talvez achatando a verdade a coisa melhore.

– Bolsonaro condecora Weintraub e Aras com Ordem do Mérito Naval. Estão a ver navios, deve ser por isso.

– Weintraub fica em silêncio durante depoimento sobre declaração contra STF. Certamente, não foi por educação.

– Ainda a reunião ministerial de 22 de abril: Com tanto baixo calão, é difícil imaginar que se tratasse de uma reunião do alto escalão.

REPUBLICANAS
– Durante muitas décadas, teve vigência o regime político do “rouba, mas faz” (não sou partidário, já digo). A nova política, anunciada pelo atual Presidente em campanha, deveria ser, “não rouba, mas faz”. No entanto, o que estamos assistindo desde o início do mandato é um “não rouba, também não faz”. E tem gente aplaudindo isso. O Brasil é, ou um caso de polícia, ou de internação. Não tem meio-termo.

– Ninguém pode se dizer enganado. Desde a campanha, o mito tem-se mostrado fiel ao que é. Ficou claro que, inclusive, tem certa grandeza. Ou seja, é um homem de palavrão.

PARA PENSAR NA FILA
O Ministério da Saúde não tem um plano para a saída da pandemia. O plano tem de ser caseiro: fique em casa!

(*) Orlando Fonseca é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura e Mestre em Literatura Brasileira. Foi Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados e prêmios literários, entre eles o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela Da noite para o dia.

Observação do editor: A foto que ilustra este artigo é um registro de Marcello Casal Jr, da Agência Brasil.

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3 Comentários

  1. Mês passado uma mulher aqui em Santa Maria morreu em decorrência de overdose de crack e vocês JorNazistas noticiaram como caso de COVID. Vocês mentem, e muito.

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