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UFSM. “Morte aos gays”, vociferam homofóbicos, ao interromper defesa de trabalho de conclusão de curso

Apresentação ocorreu no dia 15 de julho e, devido aos ataques, amigos e familiares não puderam acompanhar conclusão da banca

Por BRUNA HOMRICH (com imagem de Reprodução), da Assessoria de Imprensa da Sedufsm

Às 11h do último dia 15 de julho, Pablo Domingues, estudante de Direito na UFSM, apresentou seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Cerca de 75 pessoas, dentre familiares e amigos, reuniram-se na sala virtual montada para a defesa do estudante, que abordou, em sua tese, os discursos de ódio e a criminalização da homotransfobia.

Por volta das 11h25, finalizada a apresentação inicial do trabalho, o primeiro professor avaliador preparava-se para expressar suas considerações. Então iniciaram os ataques.

Inicialmente, a fala do docente foi interrompida por gemidos pornográficos. Logo depois, passaram a soprar fortemente os microfones. Em seguida, duas pessoas desconhecidas ligaram as câmeras. Por fim, reproduziram áudios do presidente Jair Bolsonaro em entrevistas concedidas quando ainda era deputado federal. “O filho começa a ficar assim meio gayzinho, leva um coro, ele muda o comportamento dele”, dizia o então parlamentar em um dos áudios.

Domingues relutou em acreditar que se tratava de um ataque homofóbico. Primeiramente, pensou que os ruídos viessem de amigos ou familiares sem muito traquejo tecnológico. Quando a voz de Bolsonaro ressoou, contudo, veio a certeza de que sua apresentação de TCC havia sido invadida. Frente à impossibilidade de seguir com a atividade, o estudante, a orientadora, co-orientadora e os dois avaliadores criaram uma nova sala, dessa vez sem a presença de nenhuma pessoa externa, para que a avaliação do TCC pudesse ser concluída. O que mais entristeceu Domingues foi ter de excluir sua família – inclusive sua mãe – e amigos desse momento que marcava a finalização de sua graduação.

Estudante e professores desligaram-se da sala inicial por volta de 30 minutos após o início da apresentação, rumando, então, para a nova sala privada. Contudo, a primeira sala continuou sendo gravada por mais trinta minutos posteriormente à saída de Domingues, permitindo o registro de mais alguns ataques, a exemplo de quando o grupo, de cerca de quatro pessoas, comemorou: “acabamos com esse seminário gay”. A frase mais chocante, contudo, estava por vir: “morte aos gays”.

Domingues explica que, alguns dias antes da apresentação, divulgou uma pequena imagem em sua conta no Twitter informando sobre a data, o horário e o tema de sua defesa. Àqueles que desejassem assistir, orientava-se solicitar o link ao estudante. Essa imagem teve mais de 4 mil visualizações. “Pode ser que essas pessoas tenham visto a postagem e passado a monitorar meu perfil”, comenta o estudante, que, cinco minutos antes do início de sua defesa, publicizou o link pelo twitter.

Para o estudante, não se tratam de inimigos individuais cujo objetivo seria atacá-lo especificamente. O foco dos ataques seria, justamente, o tema de sua monografia.

“Eu tratei na minha pesquisa sobre o discurso de ódio lgbtfóbico – como funciona, quais as consequências dele para as pessoas LGBTs. Fiz uma análise dos discursos das ministras e ministros do Supremo Tribunal Federal durante o julgamento das ações que criminalizaram a homofobia no ano passado. Submeti essa análise à teoria da criminologia crítica, tentando entender que a criminalização nem sempre é a solução. O tema chamou a atenção dessas pessoas. Na minha opinião, foi um ataque homofóbico que tem tudo a ver com o tema da minha pesquisa”, comenta Domingues.

Discurso de ódio

No intervalo de um mês, esse é o segundo ataque de que se tem notícia na UFSM. Recentemente, uma aula virtual sobre saúde da população negra, promovida por disciplina do curso de Nutrição da UFSM em Palmeira das Missões, teve de ser ENCERRADA após um grupo impor obstáculos à continuidade da aula. A postura foi bastante semelhante à adotada pelo grupo que perturbou a defesa do estudante de Direito: após finalizados ambos os eventos, os perturbadores comemoraram.

Domingues conhece bem esse tipo de discurso, tendo o teorizado, inclusive, em sua monografia. “O discurso de ódio tem uma função bem objetiva, que é a de inferiorizar e objetificar não apenas a pessoa, mas o grupo ao qual ela pertence. Dessa forma, o discurso de ódio só é possível contra grupos que são socialmente vítimas, como mulheres, negros, lgbts, indígenas. Esse discurso vem com a função de retirar a humanidade dessas pessoas, tratando-as com preconceito e discriminação”, explica…”

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3 Comentários

  1. Gabriela, a única coisa que se salva desse teu comentariozinho é escrever Esquerda com letra maiúscula. Siga assim, demonstrando respeito.

  2. Hummm…. Curso de direito da UFSM. O mesmo que teve casos de racismo não bem esclarecidos que deram no que deram. Pessoas ‘não identificadas’. Por acaso dá margem para publicidade para a causa e para a ideologia, evento que iria passar em branco não fosse o ‘ataque’.
    Comuniquem para a PF. Não deve ser difícil descobrir quem foi. Amparo legal não falta.

  3. Isso tem cara de False Flag, daquela mesma do Movimento Negro da UFSM, que foi provado judicialmente que foram eles mesmos que protagonizaram as pixações racistas nos banheiros da universidade para gerar uma narrativa contra Bolsonaro. Isso claro, sempre em conluio com a imprensa militante como vocês e o Diario de Santa Maria.

    Quem conhece bem vocês da Esquerda, nao os compra.

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