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O que nos contam os resultados no primeiro turno das eleições 2020 – por Michael Almeida Di Giacomo

Uma avaliação do pleito majoritário e também do futuro Legislativo municipal

No último domingo, após a longa espera na divulgação dos vitoriosos, as urnas nos revelaram a nova face da política santa-mariense para o quadriênio 2021 a 2024. A tensão deu lugar à comemoração de alguns e o início das análises em relação ao comportamento que o eleitor deverá adotar no segundo turno, dia 29.

O principal destaque no primeiro turno, a meu ver, foi a renovação de lideranças na Câmara de Vereadores e, uma vez que concorreram em faixa própria, o real tamanho dos partidos. Os novos nomes, por óbvio, não significam de forma direta a melhora na qualidade da representação parlamentar, porém é uma variável a ser considerada. Teremos que acompanhar o desempenho dos agentes políticos nos anos vindouros.

Veja, ao tempo que o parlamento receberá novamente Werner Rempel, um homem público respeitado pelos seus pares, também receberá nomes negacionistas, da extrema-direita, adeptos do uso indiscriminado da cloroquina. Uma falácia que dá votos.

O resultado dos eleitos ao parlamento nos apresenta um dado que não deve ser desprezado: a diminuição no número de legisladoras femininas.  Uma marca que a cidade “cultura” não deveria ter.

Esse é um ponto que os partidos podem e devem trabalhar com mais afinco para pleitos futuros. Verdade que a candidata Alice Carvalho (PSOL) foi quem recebeu o maior número de votos, no entanto, a nominata do partido não alcançou o coeficiente necessário para que ela assumisse a titularidade de uma vaga.

A candidata, em uma de suas redes sociais, no dia seguinte denunciou o sistema eleitoral burguês ao afirmar que “é injusto, está falido e que não se sente representada” (?). Difícil entender o raciocínio.

O curioso é que em Porto Alegre o PSOL elegeu quatro vereadores, a maior bancada. Em São Paulo, Boulos está no segundo turno. Nestas cidades o sistema burguês serve? E como alguém legitima um sistema que não lhe representa?

O resultado ao cargo majoritário não chegou a ser nenhuma surpresa.

Embora a pouca diferença de votos entre os três primeiros colocados – se levarmos em consideração a totalidade do colégio eleitoral – era esperado que Jorge Pozzobom e Sergio Cechin fossem os escolhidos a protagonizar o embate final.

O PP, há muitas eleições vem sendo o fiel da balança na disputa ao paço municipal. O partido tem uma estrutura consolidada. Pelo viés da organicidade, provavelmente, é o partido mais enraizado em meio à sociedade santa-mariense. Com a exceção do período do governo petista e do governo de Osvaldo Nascimento, o PP, nas últimas décadas, sempre esteve à frente do poder na cidade. Esse capital político, aliado à sua experiência, é base do candidato pepista.

O atual prefeito, Jorge Pozzobom, é uma das lideranças da nova geração da política santa-mariense. Com larga experiência no parlamento, primeiro municipal e depois estadual, uma das marcas da sua gestão é justamente a promoção do diálogo. A forte crise econômica que assola o país, e uma pandemia de proporções globais, acabam por ter reflexo no dia a dia da cidade. A forma como Pozzobom enfrenta essas dificuldades poderá ser um diferencial na hora do eleitor mensurar às razões na escolha de quem deve liderar a cidade.

O Marcelo Bisogno é um político com muito destaque e importância para o debate municipal. Sua forma orgânica de fazer política é algo raro. Durante a campanha eleitoral demonstrou domínio do seu programa de governo e conhecimento dos problemas da cidade. Não deixou de apresentar soluções viáveis. É um nome que deveria ser convidado a compor o próximo governo.

Repetindo a eleição passada, Bisogno parece ter dificuldades em construir uma ampla aliança em torno das suas ideias. Esse fato reflete diretamente no seu desempenho eleitoral. Fico a pensar se algum dia ele irá conseguir realizar o sonho de ser prefeito da cidade. Somente o tempo é que nos dará a resposta.

Uma novidade na eleição, mesmo que singela, foi a participação de Evandro Behr. O candidato foi considerado por muitos como um político inteligente. E realmente é. Só que para figurar como protagonista em uma eleição, são necessárias muitas outras variáveis. Nesse aspecto, a meu ver, Evandro ainda tem uma longa estrada a ser percorrida.

Jader Maretoli cumpriu seu papel. Até agora não consegui descobrir qual é. Talvez seja ajudar a manter uma cadeira na Câmara. Talvez….

E o Luciano Guerra, embora a significativa votação, não conseguiu transpor o favoritismo dos candidatos de centro-direita. A diminuição da bancada do PT na Câmara tem mais a ver com o surgimento de novas opções em partidos de esquerda, como o PSB, PCdoB e o PSOL, do que a propriamente no desempenho do candidato.

A cidade acabou por privilegiar políticos de diversos matizes ideológicas. O ambiente democrático sai fortalecido. Não há dúvida.

(*) Michael Almeida Di Giacomo é advogado, especialista em Direito Constitucional e Mestre em Direito na Fundação Escola Superior do Ministério Público. O autor também está no twitter: @giacomo15.

Observação do editor: As fotos (das dobradinhas Cechin/Harrisson e Pozzobm/Decimo) que ilustram esse artigo são de Divulgação das campanhas.

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3 Comentários

  1. Faltou o problema computacional. Ataque DDoS aparentemente, objetivo não é ‘invadir’. Comunidade hacker tem uma cadeia alimentar como qualquer outra instituição humana. ‘Feitos’ e ‘realizações’ marcam pontos. Toda vez que alguém afirma que ‘o sistema é impenetrável, invulnerável’ (ou coisa do gênero) torna o sistema eleitoral um premio. É o Everest em maio de 1953, nunca ninguém subiu. Sem falar nas organizações clandestinas estatais estrangeiras que precisam de treinamento. Unidade 61398 chinesa, unidade 8200 israelense, Fancy Bear russa (26165), etc. Resumo da opera: não é caso isolado e deve estar só começando.

  2. Esta é daquelas. Há quem fale em ‘candidatura coletiva’. Obviamente vão perder tempo explicando o que é para o eleitor que no publico alvo não tem muita chance de ser compreendido. Para que simplificar?
    Eleição proporcional prioriza o partido, a linha ideológica (teoricamente, na pratica é diferente), não o projeto pessoal. Tanto que o mandato dos eleitos pertence às agremiações partidárias. Não falta quem defenda o fortalecimento dos partidos e declare ter acontecido ‘uma injustiça’. Isto com uns 15 mil votos a menos do que a media das ultimas eleições. Resumo da ópera: com o discurso apresentado foi bom não ter logrado êxito. Casarão não é lugar para discurso vazio, é lugar para resolver os problemas da urb.

  3. Como tudo indicava, vermelhinhos apoiarão Cladistone.
    Parlamento pode ter 50% de edis mulheres. Ou 100%. Ou zero. Desde que funcione como previsto. Ultima legislatura tinha 5, mas, não vou citar o nome, houve quem não desempenhou o papel para o qual recebeu mandato.
    Atual prefeito tem como objetivo a Camara Federal, vamos ver se gostam tanto dele quando for disputar espaço com o Capsicum. Promoção do dialogo é grande, falar é com ele mesmo.
    Bisogno bateu no teto. Tem que abrir espaço para outros.
    Evandro Behr tem uma longa estrada, para o bem da cidade que seja em direção ‘as buvas’ como diz o outro. Vice não tinha sobrenome, nem amigos ‘bem’, parece que tem mais futuro.
    Jader carrega o fardo da associação com a Igreja Universal. Tem gente que fala (zap funciona) em não fazer juízo de valor da religião dos outros, mas é ‘uma gente atrasada’. Se olhasse para os lados no debate notaria que o look vendedor de carro usado/cantor sertanejo não é muito popular na aldeia. Marketing furado.
    Luciano foi uma candidatura meia sola, os de sempre não concorreriam. Vice não ajudava.

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