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BASTIDORES. No ritmo de Tubias, o erro do governo municipal e o projeto que constrange os vereadores

Sessão de quinta expôs as dificuldades que a Prefeitura enfrenta na Câmara

Manifestação de Tubias sobre a campanha de vacinação provocou sabatina ao secretário de Saúde (Foto Mateus Azevedo/Câmara)

Por Maiquel Rosauro

A ida às pressas do secretário municipal de Saúde, Guilherme Ribas, à Câmara de Vereadores de Santa Maria, na quinta-feira (8), explicitou duas coisas. Primeiro, deixou claro que Tubias Calil (MDB) dita o ritmo do Legislativo. Segundo, expõe um erro primário do governo de Jorge Pozzobom (PSDB), a ausência de um interlocutor entre os dois Poderes.

Ribas, apesar de ter ido de imediato responder questionamentos de Tubias sobre a vacinação dos santa-marienses, na prática, foi jogado aos leões. Sem traquejo político, o secretário se esforçou para responder de forma técnica uma sabatina que poderia ter sido melhor conduzida se tivesse sido orientado previamente pelo Executivo.

Curiosamente, quem tentou ajudá-lo logo no início foi o líder da oposição, Pablo Pacheco (PP). O progressista sugeriu que as perguntas fossem feitas pelos vereadores em bloco e, logo depois, o secretário respondesse todas de uma única vez. Ele não aceitou o conselho, mas deveria.

Ao escolher responder a um vereador por vez, Ribas demonstrou irritação quando outro parlamentar acabava repetindo a mesma pergunta por não ter compreendido a resposta anterior. Várias vezes o secretário disse que já havia respondido no início de sua fala e deixava no vácuo os vereadores e o público que acompanhava ao vivo na TV Câmara e pela Rádio Medianeira.

Quem acabou se beneficiando foi Tubias. Sua acalorada manifestação na tribuna tornou pública uma situação até então desconhecida: a perda de 3,7 mil doses de CoronaVac em quatro lotes do IMUNIZANTE. Ponto para o vereador que tem a obrigação de fiscalizar.

O interlocutor

Com o retorno das sessões presenciais do Legislativo, o governo Pozzobom precisa rever seu posicionamento na Câmara. Levou mais de 60 dias para definir seu líder de governo, cargo agora ocupado por Alexandre Vargas (Republicanos), até hoje não indicou um vice-líder e não possui um interlocutor com a Câmara.

No início do primeiro ano de gestão tucana, em 2017, o cargo era ocupado por Paulo Airton Dernardin (PP), lotado na Prefeitura como assessor superior do prefeito, cargo que possuía o status (e o salário) de secretário.

É possível que o tucano ainda não tenha encontrado o profissional ideal para a função. Quem for escolhido para o posto terá a missão de dialogar com os dois blocos de oposição, assessorar o líder do governo e ser uma ponte entre a Prefeitura e a Câmara.

Além disso, é obrigatório possuir exímio conhecimento do Regimento Interno do Legislativo (que a cada ano é interpretado de um jeito…) e saber os atalhos para destravar pautas que o governo julga importante.

Uma coisa é certa. Se Pozzobom não apresentar um novo interlocutor com o Parlamento na próxima semana, o governo vai continuar vendo Tubias liderando a narrativa.

Vítimas da própria burocracia

Há uma semana, a Prefeitura de Santa Maria iniciou a VACINAÇÃO de integrantes das forças de segurança contra covid-19. Já, nesta quinta-feira (8), os vereadores realizaram a primeira discussão sobre o Projeto de Lei 9195/2020, que prioriza a vacinação contra a covid-19 aos profissionais da segurança pública de Santa Maria.

Se você achou a situação esquita é porque não viu as desculpas dos vereadores na tribuna para justificar a tramitação de um projeto que, hoje, é inócuo.

A proposta é liderada pelo vereador Ricardo Blattes (PT), com apoio dos republicanos Alexandre Vargas e Getúlio de Vargas. O projeto foi protocolado no dia 2 de março e, até então, sua tramitação seguia paralisada na burocracia da Câmara.

Para ter uma ideia, o projeto sequer constava no boletim da sessão de quinta, sendo colocado às pressas para primeira discussão. Na tribuna, os vereadores até tentaram disfarçar o constrangimento, mas foram honestos ao relatar que discutiram retirar de pauta a proposta porque ela se tornou inócua. Por fim, decidiram manter em tramitação para dar uma segurança jurídica e política à vacinação dos profissionais de saúde.

E se você chegou até aqui é possível que esteja se perguntando: por que então os vereadores não fizeram uma sessão extraordinária na quinta para votar e aprovar de vez o projeto?

Em primeiro lugar, porque a esta altura do campeonato não faz diferença aprovar na quinta ou na próxima terça-feira (13). Em segundo, por uma questão de respeito ao vereador Blattes, que apresentou o projeto, fez inúmeras críticas à morosidade do Parlamento e não pode estar presente na sessão por uma questão de saúde.

O petista precisou fazer um procedimento cirúrgico para tratar colecistite aguda (inflamação na vesícula biliar). Sua assessoria informou ao Site, na noite desta sexta-feira (9), que ele se recupera bem e segue hospitalizado. A previsão é de que receba alta neste sábado (10).

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Um Comentário

  1. Jornalistas do futebol também cometem o mesmo equivoco. ‘expõe um erro primário do governo’, ‘É possível que o tucano ainda não tenha encontrado o profissional ideal para a função.’. Ou seja, especulações. afirmações sem base fática.
    Questão das forças de segurança é simples, não acredito alguém ser contra a vacinação das mesmas. Mas num cenário de baixa disponibilidade deveria ter sido dado prioridade a quem tem maior probabilidade de morrer se pegar a doença.

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