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Síndrome de Blade Runner – por Márcio Grings

Às vezes parece nada. Nada mesmo. Só que ouve aleatoriamente vozes soprando algo sobre isso ou aquilo. Às vezes parece que nada tem sentido. Pesa. Haja asas e força que desperte seu espírito. Às vezes parece que toda energia cessa. A usina do corpo entrega os pontos. Insiste em consertar a peça que possa fazer a diferença. Pena que alguma coisa anda emperrada. Não consegue.

Quem vai devolver sua chave mestra? Às vezes persiste, outras vezes desiste.

Tudo aquilo que lhe embala ladeira abaixo. Um novo voo que se assesta rumo ao Pico da Desolação. Outro som opaco soprado próximo ao ouvido esquerdo. Diferentes cores reluzindo agonizantes a direita do campo de visão. Embaçado esse troço. Olhares diabólicos espreitando pelas frestas. Uma voz cansada perguntando:

“Oh, camarada – aonde você pensa que vai?”.

Ele diz:

“Não sei e tenho raiva de quem sabe!”.

Olha o ônibus espacial fazendo sinal de luz com seus faróis azulados. Ele acena, grita, joga para o alto o velho boné da John Deere. Resolve, pois o motorista breca aquela coisa enferrujada bem em cima do laço. Uma voz cansada grita pela janela:

“Vê se empina goela abaixo outro gole de piche requentado em fogo baixo. Afinal, todo mundo tem a sua boleta”.

Um homem de lata submisso ao calor dos (sub) trópicos. É isso? Resignado, conformado e completamente nocauteado, ele se refugia no ferro-velho, e então, confessa. Só assim, entrega-se à arte do reparo em desamassar seu peito de aço. Quem sabe extraia de lá seu coração artificial, e assim, possivelmente se livre da droga do peso.

“There’s a monkey on (your) back”.

É óbvio…

“Everybody’s got something to hide,
except me and my monkey!”.

Tira o chip da memória e o deposita numa lata de lixo. Eis que só então embarca numa trip inédita até um norte de uma nova história. Seja você quem for, lhe deseje sorte. Porra! É o mínimo.

Aí surge a faísca. Toma coragem e coloca o dedo na chama. Espera pacientemente o fogo derreter a carne, e só para quando vê os arames aparecendo. Nada de sangue. Pois é, sempre desconfiou que não fosse humano. Quando o curto-circuito promove um bocado de faíscas, resolve parar a droga da brincadeira.

Lá vai ele experimentar outra cor. De qualquer forma, qualquer idiota sabe que não sobreviverá. Mas afinal de contas, quem sobrevive por muito tempo numa situação dessas?

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