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A árvore que dá tomates – por Máucio

Encontrei certa feita, num supermercado, um colega que há algum tempo não via. Parei pra conversar um pouco sobre amenidades, puxando papo. Foi então que ele perguntou o que era aquele pacote no meu carrinho; acho que havia me visto vindo do setor de jardinagem da loja. É esterco de galinha, respondi naturalmente. Pra que servia, quis saber. Pra colocar nos pés de tomates. Curioso perguntou-me se era bom pra produção. Que eu saiba sim, respondi.

Depois fiquei pensando o que minha avó diria se soubesse que, nos dias atuais, até titica de galinha se vende no mercado!  E o pior, tem quem compre! Certamente isso seria inconcebível pro mundo dela.

Voltando à prosa, o Martin contou-me que havia trazido do exterior uma muda de uma árvore que dá tomates. Fiquei impressionado com a novidade, voltei pra casa com aquilo na cabeça. Mais tarde confesso que, como ele é um cineasta, aventei a possibilidade de ser mais uma de suas mirabolantes ficções.

Passadas umas semanas comentei o fato numa roda de amigos e a Círia, com um ar de plena familiaridade revelou: tem esse tomateiro lá na casa da mãe, no interior de São Vicente. Prometeu-me até trazer os frutos quando estivessem maduros; dessa forma, além de conhecê-los poderia guardar as sementes e plantar. Agora tinha quase que certeza que o estranho vegetal realmente existia.

Sem paciência de esperar o presente da amiga, resolvi procurar a espécie nas floriculturas da cidade. Na primeira que cheguei a dona me olhou com cara feia quando indaguei se havia no estabelecimento ¨árvore de tomates¨. Um funcionário, todavia, vendo minha decepção, me puxou pro canto e apontando prum vaso graúdo me ofereceu árvore de moranguinho. Sim, árvore de moranguinho! Bueno, não tinha o que eu queria, mas pelo menos o sujeito tentou entrar na minha viagem.

No outro dia decidi ir numa floricultura mais distante, quem sabe lá eles conhecessem a raridade. Ao chegar fui direto ao assunto e perguntei pro atendente, um senhor com cara de experiente na lida agrícola que me respondeu: olha, essa aí nunca ouvi falar, mas eu conheço árvore que dá batatas. Por um instante pensei que poderia ser troça dele, mas pelo perfil do vivente concluí que não era. Agradeci e fui embora.

Um mês depois, através de contatos de divulgação até no rádio, em busca da variedade, recebi um telefonema de um camarada dando conta que possuía uma muda já bem criada, com mais de metro. Não tive dúvidas, no dia seguinte busquei-a e plantei num espaço especial do pátio, entre a pereira e o pessegueiro.

Essa história se passou há mais ou menos um ano, hoje o pé está muito crescido e carregadíssimo de frutos. Ainda estão verdes, mas em breve irei degustá-los. Isso tudo graças àquele saco de estrume de galinha. Bem, depois que descobri árvore que dá tomates, moranguinhos e batatas, eu não duvido de mais nada. Se um dia alguém me disser que trouxe de algum lugar do mundo, árvore que produz folhas de alface, rúcula e radite, tudo junto no mesmo pé, eu acredito!

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