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Estamos no negativo – por Marta Tocchetto

“Nunca se viu tantos biomas arderem em chamas como nesses tempos”

O saldo negativo da nossa conta ambiental só aumenta. A terra é um planeta finito e os recursos naturais não são inesgotáveis.

Dia 29 de julho marcou a sobrecarga do planeta. A data sinaliza que o mundo ultrapassou o consumo de recursos naturais previstos para o atendimento das nossas necessidades durante um ano. No Brasil, o déficit ecológico é ainda maior. A sobrecarga foi atingida no dia 27 de julho. Significa que estamos consumindo mais do que a capacidade de recomposição, regeneração do planeta.

A entidade Global Footprint Network, responsável pelos cálculos do Dia da Sobrecarga da Terra, desde 1970, alerta que entramos no cheque especial. A entrada foi alcançada três semanas antes do que em 2020, 22 de agosto. Voltamos ao patamar de 2019, ou seja, o consumo e os serviços retornaram ao nível anterior à pandemia.

O isolamento havia proporcionado a redução da nossa pegada ecológica. O índice regrediu o equivalente a 50 anos. Por outro lado, em 2021, a recuperação econômica global fez com que retornássemos aos níveis anteriores, considerando a emissão de gases de efeito estufa e o consumo de recursos naturais.

Nos Estados Unidos, até 40% de todos os alimentos disponíveis são desperdiçados e acabam em aterros sanitários (foto Reprodução)

Atualmente, precisamos de 1,7 planeta para atender o nosso modo de vida. A humanidade está usando 74% a mais de recursos naturais do que os ecossistemas conseguem regenerar. O assustador é que temos apenas um planeta. O saldo negativo da nossa conta ambiental só aumenta. A terra é um planeta finito e os recursos naturais não são inesgotáveis.

É essencial que governantes, empresas, inclusive a sociedade como um todo, tracem planos de mudanças para a economia e hábitos. A conta bate a nossa porta cada dia mais cedo. São secas tórridas, rios desaparecidos, desertos, tornados, enchentes, incêndios florestais, temperaturas extremas – é a fúria dos eventos climáticos.

Doenças ressurgem e surgem – pandemias. Até quando confundiremos desenvolvimento com destruição? Conservar a natureza é manter a vida e a economia. Estamos e continuaremos pagando caro pelas nossas ações. As próximas gerações herdarão, mesmo sem culpa, a crueldade que estamos tendo com as florestas e com a natureza.

As florestas regulam o clima, as chuvas e mantêm a biodiversidade que nelas habita. Nunca se viu tanto desmatamento no Brasil quanto nesses tempos. Nunca se viu tantos biomas arderem em chamas como nesses tempos. Nunca se viu tanta permissividade à destruição como nesses tempos. O alerta é vermelho! Não há um planeta B, muito menos um plano B para garantir a nossa sobrevivência.

O planeta terra seguirá seu curso independente da espécie humana. A manutenção da floresta em pé e a restauração das áreas degradadas é de fundamental importância para a adiar a sobrecarga e a futura exaustão do planeta. A substituição da matriz energética fóssil por alternativas mais limpas e renováveis, como a energia solar e a eólica é essencial para os propósitos de aumento da biocapacidade do planeta.

A produção de alimentos, não menos importante, contribui para o agravamento da situação planetária. Estimam-se que 30 a 40% dos alimentos produzidos nos Estados Unidos acabem em aterros sanitários. Redução de perdas de alimentos, menor consumo de carne, escolha por alimentos produzidos de forma mais sustentáveis e menos dependente de combustíveis fósseis pode prolongar, em pelo menos um mês, a capacidade regenerativa do planeta.

Dietas que priorizem vegetais poderiam ajudar a reduzir as emissões em até 70% até 2050, de acordo com recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas. A conta ambiental se encaminha para a falência, caso os padrões se mantenham nos níveis atuais. A data traz desafio e reflexão – mudar nosso modo consumo e de produção para alcançarmos uma maior conexão com a natureza e com o planeta, bem como para garantir a sobrevivência da espécie humana.

(*) Marta Tocchetto é Professora Titular aposentada do Departamento de Química da UFSM. É Doutora em Engenharia, na área de Ciência dos Materiais. Foi responsável pela implantação da Coleta Seletiva Solidária na UFSM e ganhadora do Prêmio Pioneiras da Ecologia 2017, concedido pela Assembleia Legislativa gaúcha. Marta Tocchetto, que também é palestrante em diversos eventos nacionais e internacionais, escreve neste espaço às terças-feiras.

Nota do Editor: a foto que ilustra este artigo foi reproduzida do portal Brasil de Fato (AQUI)

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Um Comentário

  1. Por isto que não dá para se assustar com a esquerda. O dito é ‘pense globalmente, aja localmente’. Vermelhinhos é ‘pense globalmete, não faça absolutamente nada localmente’. É só o papo ‘olha como sou legal, defendo o meio ambiente!’ e ‘se eu sou legal, quem sou contra não é!’.

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