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ELEIÇÕES 2022. Com Leite de olho na Presidência, partidos enfileiram nomes para disputa pelo Piratini

Confira aqui as possibilidades já postas no jogo eleitoral, pelas siglas gaúchas

Disputa pelo governo gaúcho já tem uma série de postulantes anunciados pelos partidos (Foto Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini)

Reproduzido do jornal eletrônico SUL21 / Reportagem assinada por Luís Gomes

A corrida pelo governo estadual já começou. Apesar de a definição oficial de candidaturas sair apenas no ano que vem, partidos governistas e de oposição acentuaram neste mês de setembro o lançamento de pré-candidaturas ao Palácio Piratini. A reportagem do Sul21 conversou nos últimos dias com presidentes estaduais de diversas legendas para entender quais são os planos para a disputa eleitoral de 2022 no Rio Grande do Sul.

Entre os tantos nomes que estarão nas urnas em 2022, o do atual governador, Eduardo Leite (PSDB), deve ficar de fora. Pré-candidato à presidência pelo PSDB, ao menos em setembro de 2021, ele garante que não irá concorrer à reeleição, mesmo que não seja o escolhido nas prévias internas do partido para a disputa nacional.

“Neste momento, minha prioridade é prosseguir na gestão e na agenda de reformas que a população do Rio Grande do Sul me contratou em 2018 para liderar. Em paralelo, participo do processo interno, democrático, de prévias do PSDB para a presidência da República, buscando uma candidatura que personifique uma alternativa lúcida para o País. Sou crítico da reeleição e não irei concorrer a um novo mandato como governador, assim como não concorri à reeleição da prefeitura de Pelotas, mesmo com ampla aprovação popular”, diz Leite em mensagem encaminhada ao Sul21.

Para o governador, o compromisso em não tentar a reeleição é o que garantiu apoio ao seu governo na Assembleia Legislativa. “Para mim é claro que esta posição, publicamente assumida desde o princípio, foi fundamental para ampliar a capacidade política do Executivo de propor e conduzir suas ações estratégicas de governo, viabilizando adesões e apoios que possivelmente não ocorreriam em outras circunstâncias”, afirma.

A respeito da sua sucessão, ele avalia que o governo poderá ter um candidato ao Piratini que venha de um dos partidos aliados e cita nominalmente o vice-governador, Ranolfo Vieira Júnior, que deixou o PTB e ingressou no PSDB. “Há postulantes legítimos para buscar um novo mandato para o nosso projeto, entre eles o vice-governador Ranolfo Vieira Júnior, um companheiro leal de tantos momentos desafiadores da nossa gestão. Mas essa definição se dará em articulação com a base aliada que nos deu sustentação até agora e que, estou confiante, conseguirá construir um candidato de unidade e competitivo em 2022”, afirma.

Um dos partidos da base aliada que já definiu que terá candidatura própria é o MDB. Em entrevista recente publicada no site do partido, o presidente estadual da legenda, deputado federal Alceu Moreira, afirmou que a decisão sobre quem será o candidato ocorrerá no próximo dia 4 de dezembro. Entre os cotados, ele próprio e o ex-governador José Ivo Sartori.

“Vamos imaginar que o nosso pré-candidato fosse o Sartori, uma pessoa extremamente conhecida e aprovada nas urnas, com experiência e longo e profundo capital político. Sem o menor problema o anúncio dele em abril ou maio não sofreria prejuízo no processo eleitoral. Agora, qualquer outra liderança – e temos um conjunto de lideranças riquíssimas -, precisaria tempo para falar sobre o plano de governo e construir coligações, até porque sabemos que não se ganha eleição sozinho. Mas algo que é definitivo e que não mudará, é que o MDB, que tem tradição administrativa, terá candidato a governador do Rio Grande do Sul”, disse Alceu Moreira na entrevista.

De olho na busca por alianças, Moreira destacou que o partido está disposto a negociar a candidatura ao Senado da coligação. “A vaga ao Senado é um espaço que pode ser negociado na coligação e vou dizer porquê. O partido que tiver coligado conosco, se ele tiver uma liderança altamente competitiva para concorrer ao Senado, ele vai reivindicar essa posição. Isso trata-se de uma circunstância política. Também não vamos sentar à mesa afirmando que além da definição da candidatura própria ao Governo do Estado também queremos o Senado, mas o conjunto de partidos pode decidir que a figura mais competitiva pode ser do MDB. Não será uma imposição, mas uma construção”, afirmou.

A disputa pelo apoio de Bolsonaro

No primeiro turno de 2018, o então candidato Jair Bolsonaro teve dificuldades em achar um palanque oficial entre os postulantes ao governo do Rio Grande do Sul. Dessa vez, a tendência é que tenha o apoio de ao menos duas candidaturas que se almejam competitivas.

No Progressistas, o nome já lançado como pré-candidato é do senador Luiz Carlos Heinze, que, na prática, precisa apenas ser ratificado pelas instâncias partidárias em 2022. Em 2018, Heinze também foi lançado ao governo, mas acabou saindo como candidato ao Senado quando o partido decidiu apoiar Eduardo Leite. Presidente estadual da legenda, Celso Bernardi diz que, dessa vez, não há chances do partido abrir mão da candidatura própria.

“Nós vamos ter a candidatura do Heinze. Vamos dar prioridade a coligações, oferecendo a vaga de vice-governador e senador, mas a candidatura está posta”, diz…

…Apesar de fazer parte da base aliada do governo, hoje o partido tem o líder do governo na Assembleia, deputado Frederico Antunes, Bernardi avalia que o Progressistas não deverá ter o apoio do governador. Segundo ele, já está definido que o partido deixará a base aliada de Leite no final do ano, o que já teria inclusive sido comunicado a ele.

“Provavelmente, por razões de ordem federal, o governador Eduardo Leite tem um compromisso com o PSDB, tem uma posição definida em relação ao governo Bolsonaro, e a tendência do partido hoje é apoiar o presidente Bolsonaro”, diz Bernardi. Heinze, por sinal, é um dos principais senadores da linha de frente de Bolsonaro na CPI da Covid.

Disputando o mesmo campo, e o apoio do presidente Bolsonaro, deverá estar a candidatura do ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, pelo Democratas. “O Democratas-RS está unido e mobilizado em torno da pré-candidatura de Onyx Lorenzoni ao governo do Estado”, disse ao Sul21 o deputado estadual e presidente da legenda no RS, Rodrigo Lorenzoni.

O DEM está em processo de fusão com o PSL, o que tornaria o novo partido o maior do Brasil em número de deputados federais, consequentemente garantindo mais tempo de rádio e TV e recursos do fundo partidário para 2022.

Rodrigo Lorenzoni diz apoiar a fusão: “A história do Democratas está ligada aos valores defendidos pelas correntes posicionadas à centro-direita da política brasileira. O PSL cresceu a partir da eleição de políticos com mesmo viés (pelo menos boa parte deles). Se a fusão dos partidos for coerente aos ideais defendidos pelo Democratas-RS, vemos como bons olhos”.

Já o PTB, que está cortejando Bolsonaro para entrar no partido, diz estar alinhado com os partidos que fazem parte da base apoio ao presidente e que a ideia é montar um único palanque para dar suporte a ele. “Não vamos disputar separado, o objetivo é disputarmos em chapa de consenso”, afirma o residente estadual do PTB, Edir Oliveira.

Oliveira diz ainda que a legenda está preparando a nominata e atraindo novos filiados levando em conta a nova posição do partido de não abrir mão da defesa de “Deus, da família, da pátria e da liberdade”. “Nós somos um partido, hoje, conservador, que defende a família, a cultura, uma educação realmente pedagógica e que ensine e prepare os nossos jovens para as suas profissões, para o seu futuro, e não que fique jovens e crianças questões ideológicas”, diz.

A disputa na centro-esquerda

Desde que o segundo turno foi implementado nas eleições para governador, sempre um candidato do PT ou do PDT esteve entre os dois mais votados no primeiro turno – em 1986, os trabalhistas também ficaram em segundo, mas era turno único. A exceção foi em 2018, quando Leite disputou com o então governador José Ivo Sartori (MDB) em uma batalha da centro-direita.

Para voltar ao segundo turno, a centro-esquerda e a esquerda podem ter ao menos quatro nomes na disputa. No dia 13 de setembro, o PT CONFIRMOU o nome do deputado estadual Edegar Pretto como pré-candidato do partido ao governo.

Presidente estadual do PT, o deputado federal Paulo Pimenta diz que o objetivo do partido é ter uma unidade no campo popular.

“Eu tenho me reunido regularmente com o PDT, com o PSB, com o PSOL, com o PCdoB, com a Rede, com o PV, dentro desse esforço de construir um programa para o Rio Grande do Sul que nos permita pensar um projeto comum para o Estado. Então, o PT quer trabalhar em busca dessa unidade. Assim como o PDT lançou um nome, como o PSB lançou um nome, nós também temos um nome, mas é um nome para ser apresentado aos demais partidos”, diz.

A nível nacional, o PT vem sinalizando que poderá abrir mão da cabeça da chapa em diversos estados em prol de aliados que vierem a apoiar a candidatura de Lula à presidência. Pimenta diz que o cenário nacional irá influenciar nas definições para a disputa do governo do Estado, mas vê o RS como um dos Estados em que o partido poderá ter candidato ao governo.

“A nossa estratégia é nacional, com certeza, como para os demais partidos também é. O PDT, por exemplo, nós temos um bom diálogo, mas nós achamos que a estratégia nacional levará eles a terem um palanque aqui no Estado, pela questão do Ciro. Considerando a estratégia nacional, em que o PT está apoiando candidatos de outros partidos em vários estados, me parece bastante razoável que, aqui no RS, essa unidade seja construída em torno do Edegar Pretto”, afirma, salientando que as pesquisas mostrariam que cerca de 20% da população gaúcha tem o PT como partido de preferência.

Presidente estadual licenciado do PDT, o deputado federal Pompeo de Mattos crava, de fato, que o partido terá candidatura própria. “O PDT vai ter candidato. Até porque, além de precisarmos ter uma candidatura que nos viabilize, também precisamos ter um palanque para o Ciro”, diz.

O nome mais cotado é do presidente do Grêmio, Romildo Bolzan. No entanto, Pompeo diz que o partido ainda não está fazendo o debate sobre pré-candidaturas.

“Tu sabe que a política é paixão e razão, futebol é só paixão. Um dia tu ganha e é Deus, no outro tu perde e é muito ruim. Então, nós vamos tocar o nosso projeto e aguardar o momento que o Romildo resolva a questão dele com o Grêmio, só depois que nós vamos nos envolver nesse debate”, diz.

Contudo, Pompeo reconhece que Romildo é, sim, o “ficha um” do partido para a disputa pelo Palácio Piratini. “A expectativa é que, lá na frente, a gente se encontre, mas não estamos fazendo esse debate agora”, diz.

Como amuleto para a disputa de 2022, Pompeo faz a conta de que o trabalhismo venceria uma eleição no RS a cada seis ou sete disputas. “O Getúlio Vargas se elegeu em 28. Dali a sete eleições, em 58, o Brizola se elegeu. Dali seis eleições, em 1990, o Collares ganhou. E agora passaram seis de novo. É o nosso momento e a nossa hora”, diz.

O pedetista é mais um que destaca que os partidos estão buscando aliados oferecendo, como moeda de troca, a vaga na disputa pelo Senado. “Quem tiver candidato a governador, provavelmente vai ter que compor para o Senado. Isso é uma lógica que vale para todos”, diz.

A deputada estadual Luciana Genro afirma que o congresso do PSOL realizado no início do mês, em que ela foi eleita presidente estadual da legenda, definiu pela necessidade de o partido ter candidatura própria no primeiro turno. “Claro que, no caso de não estarmos, vamos apoiar o menos pior no segundo turno. Mas a gente precisa ter candidatura própria no primeiro turno porque é a nossa marca, é a defesa do nosso programa, defesa das nossas propostas, então, no primeiro turno, nós vamos ter candidatura”, diz.

Segundo a deputada, um dos nomes que já se colocou como possível pré-candidato é Jurandir Silva, atual vereador em Pelotas e que integra o MES, corrente majoritária do partido no RS e da qual Luciana também faz parte. “A gente apresentou o nome dele para discussão, mas vamos fazer uma conferência eleitoral no ano que vem que vai definir nomes, alianças e tudo isso”, diz.

Nome do partido que chegou a aparecer em pesquisas como possível candidato, Pedro Ruas irá disputar uma vaga para deputado, segundo Luciana.

“Eu acho que a extrema-direita veio para ficar, não vai desaparecer com o Bolsonaro. Acho que ele, mais cedo ou mais tarde, vai acabar preso, mas a extrema-direita vai continuar existindo e o Heinze e o Onyx, aqui no RS, são a expressão da extrema-direita. Mas eu não creio que eles tenham força social suficiente para ganhar as eleições. Talvez consigam ir a um segundo turno, mas não conseguiriam vencer, porque obviamente todas as forças mais democráticas iriam se unir contra a vitória da extrema-direita”, afirma.

Outro nome já colocado pelo campo da centro-esquerda como pré-candidato é o ex-deputado Beto Albuquerque, lançado formalmente pelo PSB em 4 de setembro. “O Beto é candidato a governador, não é candidato ao Senado. A candidatura dele está sendo construída para ser ao governo”, diz o presidente estadual do partido, Mário Bruck.

Bruck diz que o PSB está conversando com partidos de diversos espectros para a formação de alianças para 2022. “Nós entendemos que esse afastamento dos extremos não constrói um ambiente necessário para o progresso e desenvolvimento de uma nação e de um Estado. Como o nosso próprio pré-candidato tem dito, no nosso espaço de conversa cabem todos os partidos democráticos, que respeitem a democracia e que tenham uma visão humanista de construção de um Estado solidário, fraterno e que enxergue a educação como um grande pilar para o desenvolvimento econômico do RS. Não excluímos nenhum partido democrático que esteja disposto a conversar conosco”.

Ele diz ainda que a discussão nacional vai se refletir no Estado, mas que o PSB no RS estará no palanque apenas de quem tiver a compreensão de que o partido pode ser protagonista na disputa estadual. “O PSB tem conversado com diversas forças democráticas, tem conversado com o PT, com o PDT, o próprio governador Eduardo Leite esteve com o presidente estadual do PSB, então estamos conversando com as forças democráticas. Ainda existe um cenário bastante difuso, esse é um momento de bastante cautela e muito diálogo, mas nós temos uma convicção que daremos recíproca aos projetos nacionais que nos derem apoio ao nosso projeto no Estado”, afirma Mário Bruck.

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