Por Tatiana Py Dutra / Da Padrinho Agência de Conteúdo
A atuação excessivamente incisiva de alguns advogados de defesa dos réus do Caso Kiss desagradou a familiares de vítimas e sobreviventes da tragédia nesta quinta-feira (2), segundo dia de julgamento no Foro Central de Porto Alegre. Eles entendem que alguns questionamentos dos advogados pareciam imputar culpa às próprias testemunhas.
“Tem um advogado que intimida muito. Ele tenta ir no ponto fraco da vítima e são muitas emoções que sentimos ali no momento. Para mim, é jogo sujo fazer isso. Morreram 242 pessoas, sobreviventes foram 636. As famílias sofrem com isso, sobreviventes também. E nem todo mundo gosta de falar. Eu não gosto de falar disso”, comenta a terapeuta ocupacional Kelen Ferreira, que sobreviveu à tragédia e testemunhou no primeiro dia de júri.
O presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Flavio Silva, destacou as tentativas de manipulação adotadas por alguns defensores.
“Sentimos que a defesa foi se excedendo no intuito de querer que as vítimas respondessem o que eles [advogados de defesa] querem ouvir. Além de ser um grande desrespeito, até de certa forma é uma coisa” antiética”, avalia.
O juiz Orlando Faccini Neto interveio em alguns desses momentos. Ao final do depoimento de Jessica Rosado, o advogado de Elissandro Spohr, Jader Marques, chamou seu cliente para se aproximar da testemunha e perguntou se ela odiava o réu. O juiz classificou a ação como “apelativa” e pediu que o empresário voltasse a sentar. Marques argumentou que seu estava fazendo seu papel, e qualificou a negativa do magistrado como “ofensiva”.
Não deixa de ter participação nos atos e fatos gananciosos, irresponsáveis e omissos que mataram 242, odiando ou deixando de odiar. Apelativo.