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KISS. “Eu prestava informações esporádicas acerca de questões da boate”, diz engenheiro civil

Depoimento de Tiago Mutti, na condição de informante, durou cinco horas

“Na minha visão de engenheiro, a boate estava muito boa”, diz Tiago Flores Mutti. Ele esteve na boate um mês antes do incêndio. Foto Juliano Verardi / Imprensa TJRS

Por Janine Souza / Imprensa TJRS

Tiago Flores Mutti, engenheiro civil, 46 anos, atuou na reforma da Boate Kiss, em 2009. Por responder a processos criminais envolvendo a casa noturna, ele passou de testemunha (arrolada pela defesa de Mauro Londero Hoffmann) para a condição de informante. Isso significa que ele não prestou compromisso de falar a verdade, como uma testemunha (que pode responder pelo crime de falso testemunho se não o fizer), e apenas prestou informações a respeito do que sabe sobre os fatos. Ele morava em Cruz Alta e não estava na danceteria na noite do incêndio.

Em seu depoimento, que durou 5 horas, Tiago Mutti informou que auxiliou nas obras da reforma na Boate Kiss, em 2009, quando a irmã dele, Cíntia, era a proprietária do estabelecimento em sociedade com outros dois empresários. Segundo ele, a família desejava investir no ramo para concorrer com a Boate Absinto que, até então, era a maior casa noturna da cidade. O prédio escolhido para instalar a boate sediava um curso pré-vestibular. A estimativa dele é que a reforma, que durou em torno de 5 meses, tenha custado em torno de R$ 250 mil.

Foi constituída uma sociedade, contratados profissionais para realizar os projetos arquitetônico e de PPCI, mas, segundo ele, houve morosidade no fornecimento do alvará.

“Em 2009, a boate inaugurou e foi um fracasso. Meu pai assumiu no lugar da minha irmã, que foi fazer Mestrado”. Em seguida, o pai de Tiago desistiu do negócio por se desentender com um dos sócios. Tiago disse que ficou com a missão de vender a parte da irmã dele no negócio. Foi aí que Elissandro Callegaro Spohr (Kiko), que tinha uma banda, comprou a parte da família na Kiss. O pagamento foi um veículo New Beatle ano 2005 e mais R$ 10 mil. A condição foi que o pagamento seria efetuado quando saísse o alvará da Prefeitura, o que ocorreu em maio de 2010.

Tiago disse que a família deixou a administração da Kiss em dezembro de 2009 e que, até aquele momento, não havia espuma instalada no local. Kiko e Alexandre (que já era sócio) assumiram juntos a partir dali. “Eu prestava informações esporádicas acerca de questões da boate”. Afirmou que, durante 3 anos, não soube mais o que ocorria na danceteria, mas que conversava por telefone com Kiko de vez em quando. O informante disse que, em uma dessas conversas, por telefone, o novo proprietário falou sobre o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que estava firmando com o Ministério Público para realizar o isolamento acústico da pista 1, devido a reclamações de vizinhos.

“Voltei a entrar na boate 3 anos depois, em 27/12/12, com a minha esposa, exatamente 30 dias antes do incêndio, na festa ‘Friends’, onde seria comemorado o aniversário de um amigo meu. A boate estava muito bonita”. Para Mutti, o empreendimento se tornou um sucesso por mérito de Kiko.

“Notei que estava bem diferente. Achei mais ampla. A pista 2 foi fechada e virou um pub. O palco passou para o fundo”, narrou. Além disso, tinha luzes bonitas e cortinas. O piso foi elevado. “Na minha visão de engenheiro, a boate estava muito boa”. Informou também não ter visto espuma no local e nem assistiu a show com uso de pirotecnia. Observou extintores de incêndio nas paredes.

Ele não soube precisar quando Mauro entrou na sociedade e nem o viu na festa. Também não conhecia os integrantes da Banda Gurizada Fandangueira.

Tiago Mutti responde a dois processos criminais (falsidade ideológica e falso testemunho) onde o Ministério Público o acusa de ser o verdadeiro proprietário da Kiss e também por supostamente participado de coleta de assinaturas favoráveis ao funcionamento da boate em documento entregue ao Município de Santa Maria para regularização da casa noturna. No que se refere à acusação de falso testemunho, Mutti, o pai e a irmã foram absolvidos (processo ainda não transitou em julgado).

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