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ECONOMIA SOLIDÁRIA. Supermanifesto de fórum gaúcho pede continuidade da Irmã Lourdes em SM

Documento é assinado por mais de uma centena de organizações populares

Não há como não se impressionar. Mais de uma centena de organizações aderem ao Manifesto do Fórum Gaúcho de Economia Popular e Solidária. É a posição de, juntos, milhares de – pode-se dizer – operadores da economia solidária do Rio Grande do Sul e do Brasil – e pelo menos uma do exterior.

É inegável a representatividade de todos. Que querem, parece óbvio, reverter a transferência da irmã Lourdes Dill, Coordenadora do Projeto Esperança e líder maior da economia solidária no Brasil, de Santa Maria para o interior do Maranhão.

A seguir você confere a íntegra do Manifesto (que tem uma cópia em PDF lá no final) e vê, também, quem o assina. Ah, lá no final, o documento pede que se abra o diálogo com a Congregação das Irmãs Filhas do Amor Divino, a qual está subordinada Irmã Lourdes. Acompanhe:

MANIFESTO DO FÓRUM GAÚCHO DE ECONOMIA POPULAR E SOLIDÁRIA FRENTE AO ANÚNCIO DE TRANSFERÊNCIA DA IRMÃ LOURDES DILL

Foi com surpresa, mas também com indignação que recebemos no início desta semana a informação da transferência da Irmã Lourdes Dill, de Santa Maria, para o estado do Maranhão. Por esta razão, em reunião extraordinária, o Fórum Gaúcho de Economia Popular Solidária do Rio Grande do Sul, do qual o Projeto Esperança/Cooesperança faz parte, refletiu sobre a situação e deliberou pela manifestação pública. Destacamos que fazem parte do Fórum Gaúcho de Ecosol, inúmeros empreendimentos, grupos e redes, idealizados por projetos locais, cursos de formação e qualificação, entre os quais os Projetos Alternativos Comunitários, originados no âmbito da Igreja Católica. Este fórum está falando de uma mulher, religiosa e engajada, a quem conhece de longa data. Este manifesto se dirige ao movimento da Ecosol, à sociedade em geral e, particularmente à Igreja local.

MULHER DE ORIGEM HUMILDE, RELIGIOSA COM ENGAJAMENTO SOCIAL

Irmã Lourdes Maria Staudt Dill, nascida em 1951 está com 70 anos de idade. Ela é natural de São Paulo das Missões, no RS e ingressou na Congregação das Filhas do Amor Divino em 1969. É uma religiosa engajada nas causas sociais, corajosa e de posicionamentos firmes que reconhece que isto lhe foi deixado de herança por seus pais agricultores familiares, Silvinus e Emelda, profundamente religiosos, que a educaram, acima de tudo, na fé. Também é desta educação, embasada em valores éticos, cristãos e morais, que ela carrega o exemplo do engajamento e da participação comunitária. Em sua caminhada na vida religiosa, já deixou marcas por muitos rincões pois viveu e trabalhou em Cerro largo, Santo Cristo, Porto Alegre, Campo Mourão entre outros lugares. Irmã Lourdes construiu, por onde passou, uma Igreja viva, que semeou inúmeras sementes e transformações, através da solidariedade e da organização coletiva.

CONSTRUTORA DE UM OUTRO MUNDO POSSÍVEL: REFERÊNCIA LOCAL, NACIONAL E INTERNACIONAL

Sem nunca descuidar do espaço local, de onde nunca arredou o pé, das relações e dos valores comunitários que a cativaram, que ganharam o seu coração e determinaram a sua missão, o Projeto Esperança/Cooesperança, com apoio da Irmã Lourdes, tornou-se uma referência local, nacional e internacional da Economia Popular Solidária. Assim, vem dedicando a sua vida, tal qual o “ar que respira”, à promoção da vida de outras pessoas, não na forma assistencialista que ameniza, mas não transforma a vida das mesmas, mas através da organização delas em empreendimentos e redes econômicas solidárias. Como não cansa de repetir, como mantra e como prática cotidiana, “muitas pessoas pequenas, em muitos lugares pequenos mudarão a face da terra”. Sua atuação é de promoção da participação e de construção de sujeitos coletivos.

UMA CIDADÃ CONSTRUTORA DE DIÁLOGOS, DE PONTES ENTRE AS PESSOAS:

Não somente por sua inspiração cristã, ou pelo fato de ser consagrada à vida religiosa, mas por sua visão de mundo na qual prevalece a criação de pontes entre as pessoas, ela nunca semeou o ódio, a divisão, a segregação, ou a separar “os de lá e os de cá”. Ao contrário, aproximou lideranças políticas, de diferentes instituições, que pensavam e pensam diferente e as uniu para a realização de uma causa maior, o bem comum. Agindo assim, por convicção profunda, construiu uma ampla rede de entidade e instituições, como a prefeitura em suas sucessivas gestões, legislativo municipal, instituições de ensino, principalmente a Universidade Federal de Santa Maria e o Instituto Federal Farroupilha, a Cáritas Regional, entre tantas outras de âmbito local, regional e nacional.

UMA MULHER, RELIGIOSA, ENGAJADA QUE SE QUALIFICOU PARA FORTALECER AS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS POPULARES

Ir Lourdes cursou a faculdade de economia doméstica, especialização em movimentos sociais, organização popular e democracia participativa, cooperativismo, economia solidária, teologia, entre outras inúmeras qualificações. Mas não o fez para enriquecer seu currículo ou por puro ego intelectual e sim para se colocar a serviço do povo, com maiores conhecimentos.

UMA MULHER QUE ENCORAJA, APOIA E CAMINHA JUNTO

Ao longo de sua vida, alimenta sonhos, encoraja as pessoas e trilha um caminho de construção coletiva. Assim nasceu o Feirão Colonial e a Feira Internacional do Cooperativismo e Economia Solidária (FEICOOP), entre tantas outras iniciativas. Também cumpriu importante papel animando e apoiando os catadores em sua organização, o Levante Popular da Juventude, organizações agroecológicas entre outras.

Assim, vivenciando a Igreja viva, ela caminha junto a centenas de pessoas que se colocaram em marcha, em construção do Movimento da Economia Solidária, um movimento pensado, escrito, construído e sustentado por muitas mãos, em Santa Maria, no estado, no Brasil e outros países.

ELA AJUDOU A LEVAR SANTA MARIA PARA O MUNDO E TRAZER O MUNDO PARA SANTA MARIA

Com seu engajamento, convicção e capacidade de articulação e de diálogo, Irmã Lourdes levou a experiência das iniciativas de Santa Maria para o mundo e trouxe o mundo para Santa Maria. Através de sua incansável atuação, em seminários, congressos, assembleias, sempre levou a Economia Solidária como pauta, não teórica, mas vivencial, arraigada à sua vida, ao seu dia a dia, sendo que esta forma de ser, de agir e de viver resultou em amplo reconhecimento do que acontecia neste município gaúcho, transformando-o em capital internacional da Economia Solidária, o que também angariou apoios para ampliar as ações lá existentes.

MOBILIZADORA PERMANENTE DA SOLIDARIEDADE

Nestes tempos de pandemia, soube sensibilizar, como sempre faz, e mobilizar inúmeras parcerias para amenizar os sofrimentos desencadeados, pela pandemia da Covid 19, principalmente o combate à fome.

ESTA MULHER MERECE RESPEITO!

Por esta razão, o Fórum Gaúcho de Ecosol, vem de público trazer as seguintes considerações:

Em primeiro lugar, queremos deixar claro, que compreendemos e respeitamos os processos internos das instituições, neste caso, religiosa. Porém, nos surpreendeu sobremaneira a forma, a rapidez e, em certa medida a desconsideração com os impactos desta decisão pois a Irmã Lourdes Dill, por tudo o que foi exposto antes, não a representa tão somente, mas representa um projeto, um movimento social, ou seja, o Movimento da Economia Solidária.

Neste sentido, uma decisão desta, deveria ser construída com este movimento social, com seus pares, especialmente no âmbito local. Ao contrário, uma decisão posta assim sobre a mesa, sem diálogo, sem construção coletiva, sem processo, caracteriza, ao contrário do que está sendo dito, falta de reconhecimento do papel, do valor, do tamanho do legado da Irmã Lourdes e deste movimento social, e também de valorização do coletivo que está à sua volta, este coletivo formado por dezenas de pessoas, famílias e instituições, parceiras de décadas.

Também precisamos resgatar que Dom Helder Câmara, Dom Ivo Lorscheiter tiveram papel central no impulsionamento de inúmeras iniciativas que abriram caminhos para o que hoje chamamos de Economia Solidária. De outro lado, nos fortalece também a postura do Papa Francisco, em seu diálogo com os movimentos sociais e a recente convocação da juventude, para pensar e pôr em prática outra economia, a Economia de Francisco, inspirada também na Economia Solidária.

UMA QUESTÃO DE AMOR E DE RESPEITO

Irmã Lourdes é amor, solidariedade, empatia e diálogo. É patrimônio das boas lutas e semeadora de esperança. Plantou e planta todos os dias, cuidado e respeito à todas as ideias e pessoas, porque é à favor da vida e da construção de um mundo melhor! Esse ser humano amoroso merece respeito, escuta e valorização. Sua transferência aos 70 anos machuca a todos e todas que a amam e admiram sua alma generosa e inspiradora. Nos permitam sentir e reivindicar seu bem-estar. Ela que já fez tanto merece, para além de nossa gratidão, nossa luta por sua saúde e permanência junto dos seus.

Diante disto este manifesto solicita um diálogo com a Congregação das Irmãs Filhas do Amor Divino.”

ABAIXO A VERSÃO EM PDF DO MANIFESTO, COM A ASSINATURA DE MAIS DE UMA CENTENA DE ORGANIZAÇÕES

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