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Por que a inflação disparou? Ou ainda: quais as consequências sociais disso? – por Giuseppe Riesgo

A questão do aumento de preços, suas causas e o que advém da situação

É notório. Basta uma ida a qualquer supermercado e facilmente percebemos (no bolso) a escalada dos preços no Brasil. A inflação voltou com força e, infelizmente, nós conseguimos repetir a façanha econômica do governo Dilma Roussef: recessão econômica combinada com alta inflação de preços. Mas o que ocorreu? E quais as consequências disso?

Bem, o contexto da pandemia obviamente não pode ser ignorado. Não à toa, o mundo inteiro sofre com uma inflação acima dos patamares históricos. Estados Unidos, Canadá, os BRICs e praticamente toda a Europa experimentam os preços em elevação. A diferença, de lá para cá, é que nós estamos convivendo com uma inflação ainda mais alta (só menor do que a da Venezuela e da Argentina – o que convenhamos não é nenhum mérito).

A verdade é que o Brasil já vivenciava um silencioso descontrole em sua política monetária, ao menos, desde o governo Temer. A espiral expansionista que trouxe nossa taxa básica de juros para a casa dos 2% agora cobra a conta. O Banco Central injetou moeda na economia sem termos construído as bases macroeconômicas para tal movimento. O resultado? Juro baixo e expansionismo no crédito e no consumo. Ou em outras palavras: pressão pelo lado da demanda em um momento em que restringíamos a produção devida à pandemia que ainda nos assola, infelizmente.

Assim, não é preciso ser muito versado em economia para entender: quando o consumo aumenta e a produção não acompanha, por óbvio, os preços sobem. Some os diversos problemas produtivos associados à estiagem e à pressão de demanda mundial sobre os alimentos (afinal, os demais países também fecharam ou restringiram cadeias produtivas) e temos a combinação perfeita para a explosão nos preços e no custo da cesta básica, por exemplo. E é nesse contexto que se encontra o viés mais dramático da inflação: o aumento da desigualdade social.

A inflação, na prática, se comporta como um imposto regressivo. Ou seja, onera os mais pobres enquanto alivia os mais ricos. Isso ocorre porque aqueles que possuem renda per capita baixa só conseguem se proteger indo ao supermercado. Ou seja, para evitar uma maior perda do seu poder de compra os pobres recorrem às compras básicas e, pela sua baixa renda, não encontram alternativas de alocação econômica.

Já os ricos destinam parte de sua renda para o consumo básico e a outra parcela (que sobra) alocam em ativos que corrigem pela inflação e se valorizam com esta. Em síntese, a inflação vai tornando o rico mais rico e o pobre mais pobre. Além disso, afasta-os. Aumenta a má dispersão da renda e o acesso às oportunidades sociais vindouras (para além de todo o desajuste produtivo que culmina em maiores taxas de desemprego).

É por isso que um bom governo é aquele que não tolera a inflação. Infelizmente, desde o governo FHC nós abandonamos o combate às causas desse fenômeno e, por isso, perdemos a principal âncora que solidificou o Plano Real e propiciou aos brasileiros uma moeda sólida e confiável.

Se queremos nos desenvolver temos que resgatar o Real e entregá-lo novamente aos brasileiros. Eis o caminho da dignidade social que deveria capitanear os programas de governo dos próximos presidenciáveis. Que nas próximas eleições tenhamos isso como um norte decisivo para a escolha do nosso voto.    

(*) Giuseppe Riesgo é deputado estadual e cumpre seu primeiro mandato pelo partido Novo. Ele escreve no Site todas as quintas-feiras.

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Um Comentário

  1. O fator crucial não foi mencionado. A famigerada questão fiscal. Governos arrecadam muito, gastam mal e contraem muita divida. Relação divida/PIB deteriora, investidores externos picam a mula e o cambio dispara. As mesmas nulidades que concorrem ao Planalto anunciam que irão fazer o que sempre fizeram e nunca deu certo. Têm a cara de pau de colocar a culpa nos credores. Há imbecis, totais idiotas, que afirmam ‘quando a divida é muito grande o problema é do credor’. Vide Argentina, foi nesta linha e agora precisa de mais dinheiro emprestado e não consegue. Não adianta falar isto para certos elementos na esquerda, como não resolve chamar de burro. Não têm capacidade cognitiva para assimilar a informação.

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