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Sepé já é santo – por João Luiz Vargas

O padre Alex José Kloppenburg da Diocese de Bagé, em 2019, reforçou a interpretação de que Sepé Tiaraju está na religiosidade popular e já foi canonizado pelo povo, portanto, já está na alma do povo”.

Nos últimos dias, manifestei publicamente o que venho discutindo a mais de dez meses com o escritor Alcy Vargas Cheuiche, que dizem respeito sobre as várias obras que relatam a história do índio Sepé. Inclusive salientando que seu nome só foi escrito no livro de heróis da Pátria pelo trabalho de gente comum, que vê em Sepé uma espécie de raiz do personagem gaúcho, sua solidariedade, sua luta ideária, seu amor a defesa das liberdades. A lista dos heróis da Pátria traz Tiradentes, Zumbi dos Palmares, Duque de Caxias e Leonel Brizola.

No imaginário popular, ele granjeou fama de santo, reputação chancelada a muitos anos pelo Vaticano, que autorizou a Diocese de Bagé a iniciar um processo de canonização. Na burocracia da igreja, além de comprovar milagres, Sepé deve aparecer como inspirador. Da história para o imaginário. Napoleão Bonaparte dizia que quem não é lenda não merece entrar na história. Sepé é lenda e história.

Mas quem refute a importância da fé, que veja o assunto por outro viés. A nossa região tem procurado desenvolver-se economicamente com projetos de turismo. Agudo recentemente começou a incrementar a presença de turistas na visitação de representações de dinossauros que são encontrados em uma das praças da cidade. Restinga Seca possui historicamente muitos pontos de encontros naturais, como a praia das Tunas, visitada por populações de toda a região, mesmo em época de baixa precipitação de chuvas. Temos outros exemplos extraordinários, como Itaara e Vila Nova do Sul e suas cachoeiras. O Recanto Maestro e as suas águas termais. A fé movimenta o turismo religioso na Romaria da Medianeira em Santa Maria. Há tempos atrás, a Prefeitura de São Sepé soube ousar e criou uma Festa da Uva, transformada durante a pandemia em Feira da Uva, que traz a agricultura familiar como mobilizador turístico. É assim nas feiras de produtores do Projeto Esperança/Cooesperança.

Que estes, que dizem que reconhecer Sepé como santo seja apenas valorizar histórias do passado, peço que pensem em São Sepé Tiaraju com olhos no futuro. Assumir raízes é o primeiro passo para que se projete dias melhores para o povo. Isso porque, pela força popular, São Sepé já é santo. E que siga, canonizado ou não, guiando aqueles que lutam por amor a terra e a liberdade.

*João Luiz Vargas, prefeito de São Sepé (ex-deputado, ex-presidente da Assembleia Legislativa e ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado), escreve no site às sextas-feiras.

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