Por Pedro Pereira
Fundado com o já conhecido preceito de ser apenas uma diversão, o Carlos Barbosa Ximangos virou o ano animado com o retorno do Gauchão. Significativamente pequeno em número de habitantes, porém grande no quesito esportivo, a Capital do Futsal entra em 2022 com o objetivo de mostrar que também deseja ser a capital do futebol americano.
Assim como a maior parte dos times presentes no campeonato gaúcho, a ideia do Ximangos foi mais uma que nasceu a partir de um passatempo sem propósitos para o futuro. Para melhor definição, a criação da equipe tem origem na vontade de Tiago Gedoz, co-fundador e atual presidente, em começar a praticar o esporte da bola oval na modalidade no pads (sem o uso dos equipamentos de proteção).
Em 2011, vindo de Fortaleza para a pequena cidade de Carlos Barbosa, em uma primeira tentativa Gedoz contatou as grandes equipes do estado, Porto Alegre Pumpkins e o extinto Esteio Buriers, para ver se arranjava uma vaga. Contudo, ambas estavam em um processo de transição para o full pads (com o uso dos equipamentos de proteção) e, dessa forma, sairia muito caro fazer parte.
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Entretanto, a vontade de jogar futebol americano não foi apagada pela falta de oportunidades. Rapidamente, o cearense recorreu às redes sociais para formar o seu próprio grupo de praticantes. “No Orkut, eu encontrei um pessoal que queria jogar ali em Caxias, aí eu comecei a ir todo domingo pra jogar com os caras. A gente foi uma época no Parque dos Macaquinhos, aí depois a gente conseguiu o Campo da Seara”, contou o presidente.
Porém, a atividade começou a ficar desgastante para Gedoz e para outros membros do grupo. “No fim das contas, ficou um pouco mais longe para alguns, começou o inverno, o pessoal começou a parar de ir, aí também não valia a pena ir até Caxias todo fim de semana e o time morreu lá”, completou.
Já em 2012 e algum tempo após a separação da turma, Tiago se juntou a seu primo Ricardo e ao colega Rafael e formou um novo grupo de praticantes, mas dessa vez em Carlos Barbosa. Com o passar do tempo, mais interessados na modalidade passaram a fazer parte do grupo e, graças ao sucesso da brincadeira entre os próprios integrantes, parte da “gurizada”, como diz Gedoz, passou a insistir que eles poderiam se tornar uma equipe de futebol americano de verdade.
Inicialmente, o co-fundador não levou a sério a ideia, uma vez que o esporte era completamente desconhecido e não apresentava um futuro. No entanto, resolveu dar uma chance. “O pessoal disse ‘vamos levar a sério’, cantaram a pedra, né. Eu [falei] ‘cara, vai sair mais da metade do time’, mas aí, dito e feito, a gente começou a levar a sério e começou a treinar”, relembrou de forma nostálgica o início da equipe que está na ativa há mais de dez anos.
Diferentemente do que o leitor possa pensar de primeira, o nome da equipe não foi baseado no grupo político envolvido nas revoltas do Rio Grande do Sul do início do século XX. Pelo contrário, para decidir o nome, os integrantes desfrutaram da herança norte-americana de representar o local de origem da equipe.
Gedoz conta que “Ximangos” foi a decisão final em função da ave de rapina de mesmo nome, comumente encontrada nos pampas e semelhante a um falcão. “Eu puxei dos times dos Estados Unidos a tradição de ter uma coisa sempre da região, aí eu disse ‘vou ver uns animais típicos da região sul’ e o ximango é um. O pessoal gostou da ideia e ficou”, garantiu o presidente.
Além disso, o cearense brincou que a escolha do nome quase causou uma confusão na vida de um dos membros justamente pela semelhança com o grupo político. “No começo, um dos guris brincou ‘cara, meus pais eram maragatos, vão ficar bravos, então vamos tirar pra ninguém ter essa ligação’. Mas aí, como o símbolo é o próprio falcãozinho, acabou tocando pra frente”.
Em decorrência da pandemia do Coronavírus, o futebol americano nacional foi um dos cenários
esportivos que mais sofreu devido à falta de estrutura. Dado que não havia competições para disputar, o elenco do Ximangos não via sentido em continuar com as práticas. Como indagou Gedoz, “não valia a pena até porque tu tá treinando para nada, né? O pessoal que ‘se puxa’ continuou indo na academia mas o time em campo não fez nada”.
Por outro lado, a diretoria não parou e utilizou esse período para fortalecer o lado externo, por meio da criação de uma divisão juvenil da equipe e a organização da área administrativa, por exemplo. “Esse ano (2021) a gente fez o projeto da escolinha e também captamos 20% do valor, o que já libera a gente para dar início ao projeto. Tentamos deixar a diretoria um pouco mais distribuída para o 2022. Foi um ano que a gente deixou para organizar a parte fora do campo”, concluiu.
Na temporada de retorno, o Carlos Barbosa Ximangos ficou no grupo A, junto com o Canoas Bulls, o Porto Alegre Pumpkins e o União da Serra FA. Ao ser questionado sobre as expectativas para o Gauchão, o presidente declarou que não há nada definido.
“Como parou por dois anos, tá bem inesperado. Ninguém sabe o que esperar dos outros times. Do mesmo jeito que a gente parou, a gente sabe que muita gente parou. Vai ser muito legal a primeira rodada de todos os times para ver o que mudou, o que não mudou. Vai ser quando vamos começar a trabalhar em cima, depois dos primeiros jogos.”
Para finalizar, o co-fundador do Ximangos expressou que o Santa Maria Soldiers é o “time que os jogadores querem jogar contra”, devido a experiência do hexacampeão gaúcho na elite do futebol americano nacional. Também ressaltou que enfrentar o Bulldogs FA “sempre é disputado, legal de jogar.”
O primeiro confronto do Carlos Barbosa Ximangos no campeonato gaúcho será contra o estreante União da Serra FA, no CT do União da Serra Football, em Farroupilha, no dia 13 de março às 15h.
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