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FUTEBOL AMERICANO. Conheça a história de Will, narrador que “conversa” com a torcida do Soldiers

William Moraes: ‘minha história sempre foi dedicada ao que o time necessitava’

A necessidade de uma narração bem feita e a boa vontade de Will casaram perfeitamente (Foto Arquivo Pessoal)

Por Pedro Pereira

De acordo com uma pesquisa realizada pelo IBOPE Repucom, o número de pessoas no Brasil que se declaravam fãs de futebol americano em 2016 era de 15,2 milhões. Cerca de cinco anos depois, o número passou a ser de 33 milhões de admiradores.

É evidente que, nos últimos anos, o misterioso esporte da bola oval vem recebendo cada vez mais adeptos e entusiastas, fazendo com que a comunidade nacional do esporte cresça. Com esse aumento, vem a evolução, tornando essencial a integração das outras peças que fazem um espetáculo acontecer.

À vista disso, conheça o narrador William Moraes, o Will, grande responsável por dar voz às jogadas do Santa Maria Soldiers, atual campeão estadual que está na busca de sua sétima taça do Campeonato Gaúcho de Futebol Americano.

Para Will, a porta de entrada para o universo do esporte da bola oval foi com o filme Os Bad Boys, de 1995, estrelado pelos renomados atores Will Smith e Martin Lawrence, que não tem qualquer ligação direta com o tradicional futebol americano.

O que chamou a atenção é uma cena da qual aparece um dos personagens vestindo o uniforme de Michael Vick, ex-quarterback do Atlanta Falcons. Este quadro foi o suficiente para despertar o interesse no narrador.

“Curiosamente, eu descobri o futebol americano quando assisti ao filme Bad Boys. Vi aquela camisa número 7 do Michael Vick, e pensei: ‘eu conheço essa camisa de algum lugar’. Na época, vi aqueles caras com aquelas camisas ‘folgadonas’ e procurei um vídeo de futebol americano. Me apaixonei. Como eu sou um cara mais estrategista, apesar de também meio agressivo, me apaixonei pelo esporte de uma maneira que não tinha igual”, contou Moraes, maravilhado ao relembrar o início de sua história com o futebol americano.

Presente desde o surgimento do Santa Maria Soldiers, o convite para ingressar na equipe também aconteceu de forma inusitada. Em 2009, Will trabalhava como gerente em uma casa de festas e, em um evento, um amigo de infância o encontrou e lhe contou da oportunidade de se unir ao projeto de equipe de futebol americano da cidade.

Por ser um cara grande, como um atleta de futebol americano precisa ser, e estar há um tempo sem praticar atividades físicas, Will resolveu aceitar o desafio, foi a um dos encontros do grupo e desde então não se desvinculou da equipe.

“Fui lá em um final de semana e vi um monte de maluco treinando no campo da Vila Militar de Santa Maria. Cheguei lá e tava todo mundo louco, se batendo, gritando, vibrando, e aí conheci esse vício e essa galera. Comecei a fazer alguns treinamentos, achei bacana a parte física mas, principalmente, o grupo. A galera era muito empolgada e muito unida”, contou Will em meio a risadas.

No time, William era o “faz-tudo”. Atuou dentro do campo, tanto no elenco de ataque quanto de defesa, fora do campo como auxiliar técnico e coordenador. O que a equipe precisasse, podiam contar com o Will.

“A minha história no Soldiers sempre foi dedicada ao que o time necessitava. Iniciei jogando como defensor. Quando precisou de um jogador de linha ofensiva, engordei 15kg para poder jogar. Depois, com a saída do center da equipe, precisei ocupar a posição de center e treinar 400 snaps (lancei inicial de cada jogada, passe da bola do center para o quarterback) por sábado. Também virei coordenador defensivo, auxiliar de coordenador defensivo e auxiliar de coordenador ofensivo.”

Entretanto, em março de 2016, pouco antes do histórico Gigante Bowl (grande final do Gauchão de 2016 disputado no Beira-Rio), o narrador sofreu um acidente de carro que impossibilitou sua continuidade nos gramados. Dessa forma, se tornou o coordenador da equipe de rookies do Soldiers – uma espécie de equipe de futebol americano de base. Além disso, foi durante essa experiência treinando uma equipe jovem que Will sentiu a necessidade de ajudar a equipe na parte da narração

“Após o acidente, eu fui o coordenador da equipe de novatos por cerca de 2 anos, e, enquanto isso, fui me experimentando como narrador. Surgiu um jogo, um dos meninos resolveu narrar e eu senti uma dor no peito por ninguém estar reagindo. O cara sofrendo para explicar o jogo e aí me veio essa necessidade de ter alguém lá vibrando com a galera e explicando o que estava acontecendo”, contou o narrador.

“A gente começou a ter um público muito bom, inclusive maior que o dos jogos do futebol amador de Santa Maria no [Estádio] Presidente Vargas. No fim, virar narrador foi uma mistura de oportunidade e necessidade”, completou Moraes.

Questionado sobre o futuro no futebol americano, Will admite gostar de dar voz às jogadas da equipe santa-mariense mas garante que preferiria estar dentro do campo.

“A narração é dedicação. De fato, me encontrei na narração. Porém, nem se compara a jogar. Eu narro com as duas pernas tremendo, com a mão suando. Não há nenhuma sensação na vida assim. Eu lembro o quanto eu fiquei me sentindo culpado quando minha filha nasceu porque eu fiquei em conflito sobre o dia mais importante da minha vida. Se havia sido a final do Gauchão ou o nascimento dela. Com isso, eu aprendi que a gente pode viver nosso sonho através dos outros e disse para os meus colegas de equipe que eles estavam vivendo o meu sonho. Então, hoje, eu auxilio na narração e sei que esse é um papel importante pro time, pra torcida e pro evento”, assegurou Will.

Da mesma forma, Will declara que a chance de vestir novamente o verde e preto do Santa Maria Soldiers existe. “Recentemente, um dos coordenadores do Soldiers me questionou a respeito da possibilidade do meu retorno. Como eu sempre me dediquei 100%, inclusive abdicando de muita coisa da minha vida pessoal, eu precisaria de um tempo de dedicação para voltar. Penso em, ao menos, fazer um último jogo. Me despedir dos campos, do shoulder (equipamento de proteção) da forma que eu gostaria.”

Will ainda na época de jogador, junto com parte do elenco santa-mariense (Foto Leonardo Chaves/Reprodução)

Para finalizar, o narrador comentou que a realidade do futebol americano gaúcho é a soberania de Santa Maria. Ainda que, em nível nacional, exista uma preocupação, para Will não há disputa no Estado contra os ‘Soldados’ do Coração do Rio Grande.

“No Rio Grande do Sul, não me preocupo muito com a qualidade do Santa Maria Soldiers. Nós temos um grupo diferente. As outras equipes, por mais que se esforcem, hoje não têm a estrutura e, principalmente, a capacidade técnica que o Soldiers tem. Mas, me preocupo com o campeonato brasileiro. A gente precisa de alguns reforços em algumas posições. Mas hoje, no Estado, não vejo nenhuma equipe fazendo frente ao Soldiers. Isso ainda vai demorar algum tempo.”

A próxima partida do Santa Maria Soldiers que William narra é contra o Santa Cruz Chacais, valendo uma vaga na Grande Final. O confronto ocorre no Estádio Presidente Vargas, neste domingo, 1º de maio, às 14h.

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