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A Carta Final da Feira de Economia Solidária do Mercosul – 9 a 11 de julho de 2010

SANTA MARIA, 9 a 11 de julho de 2010.

CARTA DA 6ª FEIRA DE ECONOMIA SOLIDÁRIA DO MERCOSUL

E 17ª FEIRA ESTADUAL DO COOPERATIVISMO

Neste ano de 2010, a cidade de Santa Maria, RS – Brasil, acolheu 140 mil pessoas, na 6a. edição da Feira do Mercosul e 17a. Feira Estadual do Cooperativismo alternativo em sintonia com as outras 27 Feiras Estaduais que acontecem no Brasil. Vindos de 425 municípios, de 27 estados do Brasil e de 11 países (da América Latina, Europa e África), empreendimentos solidários, movimentos populares, 220 entidades e organizações da sociedade civil e órgãos governamentais, compartilharam desse espaço aprendente e ensinante. A força da construção coletiva também pode ser verificada através de mais de 60 comissões locais que trabalharam na organização e realização dessa Feira. Da mesma maneira foi decisivo o empenho dos empreendimentos, das entidades de apoio, dos gestores públicos nos diferentes municípios, estados e países para o sucesso da mesma.

Aprendemos ao longo do processo de preparação e realização da Feira que as experiências gestadas em nível local são sementeiras de um projeto de desenvolvimento solidário e sustentável que já está em construção. Isso pode ser identificado na medida em que após 17 anos de Feira Estadual do Cooperativismo Alternativo e 6 anos de Feira de Economia Solidária do Mercosul registramos o avanço, não somente pelos dados numéricos, mas pelo crescimento em  articulação, debate, troca de ideias, experiências de comercialização direta de empreendimentos da Economia Solidária, da Agricultura Familiar, das Agroindústrias Familiares, dos Catadores(as), dos Povos Indígenas e Quilombolas, da juventude, dos trabalhadores(as) do campo e da cidade.

Este espaço de articulação Nacional e Internacional – entre a Diocese Centenária Santa Maria, Banco da Esperança/Projeto Esperança-Cooesperança de Santa Maria, Instituto Marista de Solidariedade (IMS), Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES), os Fóruns Regionais da Economia Solidária, Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES), a Prefeitura Municipal de Santa Maria, a Congregação Filhas do Amor Divino, Cáritas Brasileira e as demais organizações patrocinadoras e de apoio – tornou-se uma frutífera parceria geradora de outra economia que anuncia que um “outro mundo é possível”.

Vivemos em 2010, quando celebramos os 10 anos do FSM, e realizamos a 1a. Feira Mundial de Economia Solidária, mais uma rica experiência aprendente e ensinante que fortalece nossas práticas e convicções em torno da proposta de um novo modelo econômico solidário e sustentável difundido pela Economia Solidária. Sinais dessa novidade são a produção e comercialização de produtos saudáveis, sem aditivos químicos, agrotóxicos, conservantes e a defesa da água, da terra e outros bens socialmente produzidos. Esse patrimônio deve tornar-se bem público universal, um direito essencial para a vida de todos os seres e não objeto de apropriação privada do capital.

Por isso a Feira de Santa Maria vem ao longo de suas edições, concretizando os seguintes princípios: defesa e promoção da vida e da sociobiodiversidade, mística e espiritualidade ecumênica e libertadora, cultura de solidariedade, relações igualitárias de gênero, raça, etnia e geração, democracia participativa, projeto de sociedade solidária e sustentável. Essas diretrizes se materializam através de atitudes coerentes com a construção de um mundo cuidadoso onde a vida está em primeiro lugar. Destacamos nesse sentido, a proposta de um território sem fumo, da água para beber não comercializada e opção pelos sucos naturais produzidos pelos Empreendimentos Econômicos Solidários, no lugar de refrigerantes e outras bebidas da grande indústria.

A economia solidária articula o chão da construção cotidiana dos empreendimentos solidários e da organização local com o horizonte que aponta para um projeto de desenvolvimento solidário e sustentável. Nesse sentido reconhece o esforço de governos empenhados em tornar a economia solidária uma política pública. Contudo, permanece o desafio de uma ação estruturante mais ousada que consolide programas continuados na direção a um equilíbrio orçamentário. O modelo neoliberal de estado implantado em nossos países sul-americanos continua destinando percentuais insignificantes para os setores que mais geram trabalho, alimento e bens essenciais para nossos povos. Essa realidade, para ser transformada, exigirá a união de todas as forças empenhadas no processo de transformação social.

Ao longo da Feira foram realizadas as seguintes atividades: Seminário Latino Americano da ECOSOL; Seminário Economia Solidária em Minas Gerais – fatores que contribuem para sua auto sustentabilidade e geração de renda; Seminário de Soberania Alimentar; Seminário Regional de Comercialização Solidária Região Sul; Seminário Regional de Comercialização Solidária – Região Sul; Oficina de construção de jogos solidários; Oficina de sabão ecológico; Oficina da RECID (Rede de Educação Cidadã); Oficina de sabão ecológico, Oficina de sacola ecológica; Oficina sobre cromatografia de solos; Oficina da Rede do Sul de ECOSOL; Oficina da Rede Sul; Oficinas Acampamento da Juventude; Oficina Logística Solidária; Encontro de Catadores(as) – Os profetas da Ecologia; Reunião da Coordenação Nacional de Economia Solidária – Rede ITCP’s; Quarta ENTROSA; Plenário sobre Plebiscito “limite de terras” – Acampamento da Juventude; Oficina de Papel Reciclado; Seminário Nacional Balanço da Campanha da Fraternidade 2010; Seminário Regional da PLANSEQ; Reunião de Empreendimentos Econômicos do Mercosul – UNISOL Brasil; I Encontro Regional de Formação e Planejamento – Projeto Brasil Local. A partir dessas atividades foram assumidos os seguintes compromissos:

– fortalecimento do cooperativismo, na perspectiva Economia Solidária;

– fortalecimento da integração Latino-Americana, seja através do processo de troca de experiência, formação e comercialização dos grupos, como também dos governos;

– utilização de metodologias geradoras de autonomia de acordo com os princípios da autogestão;

– defesa e cuidado com o meio ambiente, através da preservação das fontes de água, da terra, do ar;

– reciclagem e reutilização de materiais para diminuir o impacto sobre a utilização de recursos naturais e proporcionando renda para os catadores de materiais reciclável;

– criação de redes e socialização dos avanços dos processos de reciclagem de papel;

– orientação da população sobre a metodologia de análise biológica do solo;

– utilização dos recursos da tecnologia da informação (internet, blogs, sites, twiter…) como instrumentos de divulgação e potencialização da rede de EPS;

– construção de novas metodologias de trabalho que sejam solidárias e fortaleçam uma cultura de solidariedade ao invés de uma cultura de competição e individualismo. Ex.: jogos solidários;

– fortalecimento da integração da Economia Solidária no Mercosul (Rede do Sul – Rede de Mercocidades);

– incorporação da logística solidária nas pesquisas de comercialização solidária;

– fortalecimento da educação popular, preferencialmente entre jovens e mulheres excluídas, como estratégia necessária para a transformação social;

– mapeamento da realidade de cada empreendimento no trabalho do Brasillocal;

– diversificação da produção, ampliando a área de abrangência da economia solidária, assegurando processos coletivos;

– luta pela garantia de legislações específicas voltadas à Economia Solidária;

– conquista de instituições de crédito popular;

– fortalecimento de bancos de sementes e da rede nacional de sementes;

– fomento a prática da educação popular, nas iniciativas de economia solidária, como instrumento de transformação social;

– incorporação do tema da economia solidária na perspectiva do desenvolvimento solidário e sustentável.

Por fim, partimos para nossos municípios, Estados e países com a proteção do Deus da Vida, as bênçãos da Mãe Medianeira e a sintonia com Dom Ivo Lorscheiter, o Profeta e Gigante da Esperança, na certeza de que “outro mundo é possível”! e “outra economia acontece”!

Santa Maria/RS-Brasil – 11 de julho de 2010.

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