Expectativas – por Orlando Fonseca
O cronista e um punhado de questões pra lá de atualíssimas
Vivemos um tempo de sinistras expectativas, e não apenas porque estamos às vésperas do inverno, embora as temperaturas baixas insistam em nos fazer crer que sim. Nossos filhos nos perguntam, temerosos, se existe alguma possibilidade de que a guerra na Ucrânia possa chegar aqui. Os telejornais e as redes sociais bombardeiam suas cabeças infantis com imagens e sons de uma realidade distante, no entanto, a tecnologia de comunicação potencializa a fantasia de um mundo próximo.
Mal sabem eles, ainda que os mísseis não sejam de tão longo alcance, a guerra já deu suas caras por aqui, fazendo crescer a inflação, fazendo desaparecer itens essenciais nas prateleiras dos supermercados. Estamos na iminência de famintos, desempregados, desolados de toda ordem fazerem fila em nossa porta.
E não são refugiados da guerra no Leste Europeu, mas uma multidão que chega aos 33 milhões de brasileiros que foram atirados ao chão nacional da miséria. E não assistimos nos noticiários qualquer reação das autoridades federais no sentido de prover uma política de combate à fome.
Fruto de um despreparo para a gestão do país, assolado por uma terrível pandemia que já fez os seus milhões de estragos, não apenas na economia, mas especialmente na vida das famílias, nuvens escuras aparecem no horizonte próximo. Nem luz esse túnel que parece não ter fim apresenta, inclusive porque, se os preços das taxas de energia estão altos, imagina quando se efetivar o firme desejo desta administração em privatizar o setor.
Uma empresa pública, estatal, não visa ao lucro; por outro lado, uma empresa privada, mesmo que seja para melhorar os serviços, vai acrescer aos valores cobrados os índices de lucratividade, sem o que não faz sentido privatizar. São tempos obscuros, e podem ficar piores.
Sombras do passado se erguem, e os indícios de golpe estão no ar. Há quem diga ser o 7 de setembro um dia cabalístico para que forças sinistras (sem conotação com a língua italiana) se levantem. Ficarão sem comemoração os nossos 200 anos de independência. Até porque apenas os séculos é que se acumularam, já que a independência, esta que nos daria soberania, abriria caminho para o pleno desenvolvimento, não tem ajudado o Brasil – país continente – a ocupar o lugar de destaque que merece, no concerto entre as nações.
De sexta economia do mundo que já fomos por um curto período, amargamos índices de países à beira de miséria, tanto quando se fala em indicativos econômicos, quanto em educação e cultura, saúde e saneamento básico.
Para se ter uma ideia do futuro que nos aguarda, mantidas as condições que o atual governo impõe, as universidades federais amargam cortes em seus orçamentos, impedindo pagamentos de serviços básicos como limpeza, portaria, e fornecimento de água e luz.
Como preparar os jovens para os novos tempos, para uma realidade que se transforma rapidamente, acabando com profissões tradicionais e trazendo novas necessidades, diante de um mundo totalmente informatizado, regido pela Inteligência Artificial?
Os cortes em ciência e tecnologia já nos distanciaram léguas dos avanços que percebemos em países industrializados, o que só intensifica e perpetua a dependência do Brasil para que tenha vida: não poderemos produzir medicamentos, não vamos aprimorar tecnologias e manejos, vamos ter de pagar royalties por quase tudo o que consumirmos.
No entanto, sabemos que há um potencial imenso para além da produção de commodities, tanto no que diz respeito a talentos humanos, quanto em mananciais em nossa natureza exuberante. Tal qual em um campo de guerra, conflagrado, poeira e fumaça se misturando tóxicas no ar, nossa expectativa é acrescida pelo temor de não conseguir atinar de onde vêm os disparos mortais, de onde partirá a próxima bala.
Sabemos contudo de nossa pele, de nossos ossos e nervos, da fragilidade do corpo e da fugacidade da sopro vital. Como cantava o Bardo: “Eu tenho medo e já aconteceu/ Eu tenho medo e inda está por vir”. Sábado passado, noite em Santa Maria. Pelo WhatsApp, um grupo de amigos se troca mensagens:
– Tiros de canhão, vocês estão ouvindo?
– Festa da artilharia.
– Espero que seja a nossa!
(*) Orlando Fonseca é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura e Mestre em Literatura Brasileira. Foi Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados e prêmios literários, entre eles o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela Da noite para o dia.
Brasil precisa parar de viver de propaganda. Vide aldeia. Algumas pessoas com grande potencial passam pela UFSM. Destas, um numero reduzido continua os estudos ou constroi uma carreira que representa sucesso pelos criterios da maioria. A grande maioria que por lá estuda procura a bonança da mediocridade e, é preciso lembrar, alguns se lascam. O que a propaganda propaga? ‘Catam milho’ e propagam ‘a cidade exporta cerebros’. Para descobrir qual o trouxa mais facil de enganar basta olhar no espelho. Talentos humanos sempre acham seu caminho. Por fim, ve-se porque os Vermelhinhos não gostam de humoristas. Propagam a igualdade. Não tem senso de humor, logo os outros não podem ter também.
Temos que pagar royalties por falta de retorno das instituições de pesquisa tupiniquins. Ai algum imbecil mentiroso contumaz vai falar que a ‘produção de soja é fruto do trabalho da Embrapa’, como se todos não soubessem da Monsanto. Alás, grande parte das inovações na area de saude la fora é feita pela iniciativa privada. Vide vacinas da Covid.
Dilma, a humilde e capaz, cortou verbas das IFES. E Temer. Alás, Molusco com L., o honesto, também cortou verbas da educação (2010 foi um dos anos, não foi?). Alás, universidades pelo dinheiro que é investido dão um retorno insignificante para a sociedade. Ou ajeitam isto ou o ajuste virá de fora. Brasil é meio seculo atrasado tecnologicamente, jogando por baixo. Logo os problemas da IA serão resolvidos lá fora muito antes. Alas, 5G exige um investimento alto, funciona como um WiFI, não é so trocar equipamentos nas torres existentes, há que se instalar muito mais. Ou seja, 5G não cabe no ‘bolso’ da sociedade tupiniquim, não vai chegar em todos os lugares, como sempre aconteceu com todas as tecnologias da informação.
Quando aconteceu o impeachment de Dilma, a humilde e capaz, petista para quem não lembra, esquerda para quem é meio desmiolado, o Brasil era a nona economia do mundo (decima se levar em conta o estado ianque da California). Atras do Japão, da França e da Italia, paises territorialmente pequenos.
Idealistas estão sempre dispostos a sacrificar os outros pelos proprios ideais. Empresa publica, estatal, não visa lucro. Mas como estamos no Brasil, não funciona direito e é ineficiente. Ou seja, consome recursos e não resolve o problema. Alás, não dá para ficar decadas discutindo soluções, há que se resolver os problemas. Alás, é piada corrente, se o Brasil criasse uma estatal para gerir o deserto do Saara faltaria areia. Setor privado tem seu lucro, mas pelo menos funciona (com problemas, como quase tudo no Brasil, que ninguem espere uma eficiencia suiça).
‘Politica de combate a fome’. Bolsa Familia virou Auxilio Brasil. População não é tão trouxa como alguns pensam. Quanto a ‘fome’, problema existe, obvio. Mas o uso eleitoral ficou bastante evidente. Numeros saidos de uma entidade lotada de Vermelhinhos, logo duvidosos. Ação de divulgação ‘orquestrada’ como costume, toda militancia falando no mesmo assunto ao mesmo tempo. Dizem que na urb o assunto foi levado a um ‘programa de debates’ por um professor da UFSM, melhor universidade do bairro Camobi.
‘Nossos filhos’? Gurizada continua vendo a ultima dancinha da moda no TikTok. Não é privilegio tupiniquim, nos EUA um comediante mostrou um canal na internete onde o apresentador faz peguntas, teoricamente não combinadas, para pessoas jovens na rua. ‘Qual a maior cidade da Europa?’. Resposta: Asia. ‘A rainha Elisabeth é de qual pais?’ Egito responde uma. Brasil responde outra. Alás, na industria cultural ianque apareceu um problema que existe no Brasil há decadas. Roteiros feitos por gente que não sabe escrever.