Terceira via – por Orlando Fonseca
Qual a dificuldade em constituir candidaturas para a chamada “Terceira Via”? Porque, no Brasil atual, criou-se também uma falsa ideia de que há uma polaridade entre dois candidatos – na ponta de cima das pesquisas – o que, em termos de ideologia, ou ao menos de confronto de projetos, não se sustenta. A mídia, de um modo geral, e os partidos (parte interessada) esforçam-se para colocar em pauta e, por conseguinte, no imaginário do eleitor brasileiro, um conceito, em razão de seus interesses próprios. No entanto, minha observação do cenário atual, me faz pensar que os nomes a serem apresentados fazem parte de uma lista natural de propostas, não de uma solução para um impasse ideológico inexistente.
A ninguém escapa que temos vivido, desde o impeachment de Dilma Rousseff, uma recrudescência de valores e táticas fascistas. O negacionismo, o racismo, a homofobia, a misoginia são sintomas dessa inflexão ideológica. Mas o que vemos está muito longe, por exemplo, da polaridade existente no mundo pós-segunda guerra mundial. A guerra fria colocou em dois grandes blocos a disputa por hegemonia de um visão democrática americana x regime socialista russo. Entretanto, a queda do Muro de Berlim e a falência dos regimes socialistas ao redor do mundo, como Coreia do Norte e Cuba (sob efeito do bloqueio imposto por EUA), não constituem exemplos muito apropriados de tal regime. A China comunista é um caso especial de capitalismo estatal, que a história ainda há de consignar o verdadeiro significado.
No Brasil, em plena campanha eleitoral, o que vemos, de um lado é um verdadeiro desmonte de nosso país, por esta administração eleita em 2018. Ou seja, uma total ausência de projeto, seja para implantar uma novidade pós- impeachment, seja para tirar o país da condição atual de estagnação econômica e social. Ao outro lado, só restaria um projeto de recuperação. Logo, a tal Terceira Via não seria uma proposta que se contraponha ao que está aí, porque simplesmente, quanto à condição a que chegamos, só resta se opor. Para isso, basta dizer que os indicadores econômicos e sociais remontam a 30 anos. Recessão, pandemia e desmonte de políticas públicas acentuaram, nos últimos dois anos, um processo de retrocesso social. Os dados atuais dão conta de que voltamos ao patamar de 1990, com a fome atingindo 33,1 milhões de brasileiros, 14 milhões a mais em pouco mais de um ano. E as razões para a permanência desse quadro passam necessariamente pela inércia do governo federal: trabalhadores que ganham até o piso do salário-mínimo chegam a 38%. A insegurança alimentar segue a extrema pobreza, e mais a evasão escolar, o desmatamento, a inflação, que ameaçam o desenvolvimento do país. Não sou eu quem diz, são os especialistas.
Na educação, as crianças perderam mais; de acordo com estudo do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, especialmente, entre 5 e 6 anos, depois de grandes progressos nos últimos 40 anos. O nível de aprendizado de matemática voltou a 2007, e o de português, a 2011. No meio ambiente, voltou-se ao passado de desmatamento crescente. Na Amazônia (onde foram assassinados o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips), o corte de árvores nunca foi tão grande. Sem orçamento, diminuição de pessoal competente, burocracia dificultando a penalização do ilícito e legalizando coisas ilegais; sem a criação de unidades de conservação, o quadro é de devastação programada. Não é preciso uma Terceira Via, basta um histórico consistente de ação, e um projeto equilibrado de recuperação.
Para a economista Silvia Matos, da FGV, somente em 2029 vamos voltar ao maior valor real do PIB per capita, atingido em 2013 (observe essa data), considerando a média de crescimento dos últimos anos do país. A ponte para o futuro, como se viu, foi um engodo, e a “nova política” além de não ser nova, deixou de trazer qualquer proposta para recuperação do país. A urgência está em se achar uma saída imediata, e esta oportunidade chegará com a eleição em outubro, com um projeto que não tenha nada a ver com o desgoverno que está aí.
(*) Orlando Fonseca é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura e Mestre em Literatura Brasileira. Foi Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados e prêmios literários, entre eles o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela Da noite para o dia.
The Economist no final de semana teve reportagem especial sobre a America Latina. Entre a estagnação e a rua. Para quem não se atenta, manifestações na Argentina são cotidianas. Já sobre a eleição no Brasil falam que é muito provável que Molusco com L., o honesto voltam, algo que comemoram. Problema que mencionam é que ‘faltam novas ideias’. Conjuntura economica para o proximo governo, não importa quem ganhe, não vai ser fácil Na França reelegeram Macron na base do ‘não é a Le Pen’. Primeiro turno das eleições legislativas (que la acontecem depois) teve 52,5% de abstenção. Segundo turno não deu maioria para o eleito, houve crescimento da esquerda. Ianques, não importa o cenario, vão passar por um mau pedaço. Colombia elegeu um ex-guerrilheiro. Resumo da opera: quem for eleito vai ter que entregar o prometido, caso contrario é instabilidade politica, manifestações, panelaços, etc. É o prognostico.
Grande mérito da terceira via, se fosse viável, seria mudar o rumo da prosa. Ao invés do ‘nós não somos os outros’, se isto não é polarização não sei o que é, a fala seria ‘nós somos e propomos’. A chinelagem estéril do discurso politico ao menos diminuiria. Se o governo atual não tem ‘projeto’, o ‘histórico consistente de ação, e um projeto equilibrado de recuperação’ da esquerda é, de fato, sempre o mesmo, não importa as circunstancias e sempre resulta num pais quebrado, vide Venezuela, vide Argentina. Nunca deu certo em lugar nenhum este ‘projeto ideologico’, sempre deu m. No caso é muito melhor não ter ‘ideias’ do que ser um ignorante com ideias fixas e receitas de bolo que sempre dão errado.
Numeros da fome foram preparados numa cozinha petista. Acredita quem quiser. Marcelo Neri, ex-ministro no governo Dilma, a humilde e capaz. Logo não confiavel. Simples assim. Corte das arvores na Amazonia foi muito maior, enfase no muito, em 2004, governo Molusco com L., o honesto. Basta ver a serie historica no INPE (como é aquela historia do negacionismo mesmo? e Fake News?). Alás, realidade bate de frente com a ideologia, inventa-se uma ‘nova realidade’. Inverdades, teorias da conspiração, assassinado de reputações, as ferramentas de sempre. Silvia Matos é cria da Unicamp, onde Mercadante ganhou um diploma de doutorado e Dilma, a humilde e capaz, disse que tinha feito mestrado e doutorado, só que não.
Molusco com L., o honesto, teve a bonança do boom das commodities. Mandou dinheiro para Cuba, Venezuela, perdoou dividas na Africa, etc. Problemas nacionais ficaram para ‘depois’. Elegeu Dilma, a humilde e capaz, para um mandato tampão que prolongou-se demais e deu no que deu, pais quebrado. Agora os Vermelhinhos eximem-se da c@g@d@, culpa de tudo que está errado cai na conta do governo que ai está como se nada tivessem a ver. Governo atual tem desculpa, pandemia e guerra na Ucrania, aceita quem quer, cada faz seu juizo de merito.
Só resta se opor? Falta de proposta, isto sim. Profeta Marx fez uma critica do capitalismo, mas não deixou uma receita de bolo para chegar no comunismo. Esquerda se define pela negação, sabem que tem que destruir, não conseguem construir nada que dure. Só opor-se ao que ai esta é não assumir nenhum compromisso, pedir um cheque em branco. Simples assim.
Fascismo, negacionismo, o racismo, a homofobia, a misoginia são rotulos. ‘Taticas’ vermelhas para desqualificar. Hipocritas ainda por cima. Molusco com L., o honesto, já chamou as feministas de ‘mulheres de grelo duro’. Molusco com L., o honesto, já chamou Pelotas de ‘polo exportador de “viado”‘. Mas ele pode. Outra tatica vermelha, superioridade moral autodeclarada, querem determinar o que é ofensivo, quem pode ser ofendido (acusação de homofobia infundada inclusive é crime), o que é ‘discurso de ódio’ e o que não é, o que é ‘fake news’ e o que não é. São autoritarios.
Ciencia politica é uma coisa. Literatura é outra, bem diferente. Há quem não consiga captar a diferença. Pessoal do Cavalão, maioria conservadora nos costumes e liberal na economia. Há os que sejam liberais nos costumes e desenvolvimentistas também. Já no pessoal do Molusco com L., o honesto, maioria é liberal nos costumes e intervencionista na economia (que seria dirigida pelo Estado). Molusquistas são o pessoal do politicamente correto, da visibilidade das minorias, das mudanças culturais de cima para baixo e meio que na marra. Uns defendem liberdade, outros ‘igualdade’ (uns são mais ‘iguais’ que outros, óbvio, festança de casamento cara não é para todos(as)).