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É um ótimo tempo para os bárbaros – por Michael Almeida Di Giacomo

O articulista, o atentado que matou militante e ainda o estupro da parturiente

Em uma sociedade totalmente conectada, onde em instantes sabemos de um fato que ocorreu lá no outro lado do planeta –  já não é mais preciso separar o “jornal” de hoje para embrulhar o peixe de amanhã, você pode embrulhar hoje mesmo.

E, por mais importante que seja – ou que você considere – a sua escrita, às vezes se é abalroado pelos acontecimentos. O que me faz pensar… Pera aí, o que eu escrevi ontem, já não faz mais sentido ou não tem a mesma relevância.

Pois bem, “embrulhei” o meu peixe.  Explico.

O artigo da semana estava pronto. Eu iria enviar com antecedência ao editor. Foi quando li uma matéria veiculada nas redes sociais de que um petista, que estava a comemorar seu aniversário, foi morto a tiros por um bolsonarista.

É um ato surreal, pois em uma sociedade democrática, onde há garantias fundamentais e direitos de livre manifestação política – matar uma pessoa, tendo por causa a sua manifestação política-ideológica, é de uma estupidez indescritível.

O Presidente da República – até o momento em que escrevo essas linhas – não se dignou a manifestar uma só palavra de conforto à família do tesoureiro petista, Marcelo Aloizo de Arruda. Não me surpreende. Ele age do mesmo modo em relação às famílias dos perto de 700 mil mortos pela Covid no Brasil.

Há quem diga – parece para aliviar a barbárie do ato – que “atos de violência no meio político sempre existiram”. Aliás, um prócer santa-mariense, em um programa de rádio local, disse exatamente essas palavras.

O que o incauto senhor deixou de dizer é que, nos tempos atuais, a extrema-direita, além de se sentir autorizada, é incentivada a matar, ou melhor, a “metralhar” seus opositores.

Mas a barbárie humana não se resumiu somente a esse ato de intolerância e ódio do mundo político. A segunda-feira ainda nos trouxe a triste notícia de que uma parturiente, sedada, foi estuprada pelo seu médico anestesista.

Olha, confesso. É difícil escrever sobre o ocorrido.

Ele, um profissional, que em um momento de tanta luz na vida de uma mulher e de uma família, deveria zelar pelo bem-estar da paciente, era o seu algoz.

Eu não consigo encontrar um termo que possa nominar tamanha monstruosidade. É um ser abjeto. Asqueroso. Covarde. Repugnante. Desprezível.

Parece que ainda vivemos em estado natural, e para lembrar uma passagem de Rousseau, “caminhando sobre quatro patas, olhar voltado para o chão e limitado a um horizonte de alguns passos”.

A semana começou e, infelizmente, não há muito o que pensar de bom sobre a espécie humana.  É um ótimo tempo para os bárbaros, os autodenominados homens de “bem”.

(*) Michael Almeida Di Giacomo é advogado, especialista em Direito Constitucional e Mestre em Direito na Fundação Escola Superior do Ministério Público. O autor também está no twitter: @giacomo15. Ele escreve no site às quartas-feiras.

Nota do Editor: a imagem (sem autoria determinada) que ilustra este artigo é uma reprodução obtida na na internet (AQUI)

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Um Comentário

  1. Kuakuakuakua! Vermelhinhos defensores da ‘civilização’, kuakuakuakua! Narcisismo ilimitado! No mais, Roger Abdelmassih. E a moda é utilizar parturiente como isca para pegar tarado.

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