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Dia Nacional da Consciência Negra e a “pouca consciência” da nossa sociedade – por Débora Dias

Neste domingo, dia 20/11, é o Dia Nacional da Consciência Negra e o dia de Zumbi dos Palmares, como uma data comemorativa, é dia de reflexão. Infelizmente, ainda nossa sociedade continua sendo perversa com a população negra em nosso país, com a falta de consciência para com parcela do povo que faz e é história do Brasil, mas que mesmo assim é discriminado pelo simples fato da sua cor da pele. Isso é terrível.

A data escolhida, Dia Nacional de Zumbi dos Palmares, morto em 20 de novembro de 1695, o qual foi líder quilombola brasileiro, do Quilombo dos Palmares, no Estado de Alagoas, o maior do período colonial. Como líder negro, lutador, Zumbi é símbolo de resistência, de luta por liberdade. Liberdade esta que mesmo em nossa atualidade, tantas vezes parece escapar por entre os dedos da população negra que não é livre como deveria ser, não é livre para ter acesso na mesma proporção da população branca a todos os direitos, não é livre a partir do momento que se há uma discussão, uma desavença, seja qual for a motivação, a primeira ofensa que vai surgir na boca do ofensor racista é chamá-lo de “negro”, de “macaco”, de fazer gestos ofensivos. Não é livre quando as oportunidades não são iguais a brancos e negros, definitivamente. A esse respeito, podemos constatar com dados estatísticos, o que se pode conseguir facilmente em pesquisas em sites da internet, entretanto nesse pequeno ensaio, quero apenas afirmar que essa diferença é cruelmente verdadeira.

Nesse sentido, sabemos que estatisticamente a população negra, em termos de violência é a que mais sofre, se fizermos o recorte de violência contra mulheres, há a preponderância de mulheres vítimas de violência serem negras. Segundo o Atlas da violência de 2021, os negros foram 77% das vítimas em assassinato em 2019.

Na DPICOI – Delegacia de Polícia de Proteção à Pessoa Idosa e Combate à Intolerância de Santa Maria, até o final de outubro tivemos 62 registros de injúria racial e 08 de racismo, o número vem crescendo, acredito que as pessoas estão procurando mais a polícia para registrar os fatos, e isso é importante, saber que não se pode “normalizar” atitudes, condutas discriminatórias, preconceituosas contra um ser humano em razão de sua etnia, cor.

O dia da Consciência Negra é a data para reflexão sobre o fato que todos somos iguais perante a lei, em deveres e direitos, e é um direito constitucional, que deve ser cumprido, não podemos admitir qualquer manifestação/conduta racista. Viva o 20 de novembro, viva a igualdade entre toda população brasileira!

(*) Débora Dias é a Delegada da Delegacia de Proteção ao Idoso e Combate à Intolerância (DPICoi), após ter ocupado a Diretoria de Relações Institucionais, junto à Chefia de Polícia do RS. Antes, durante 18 anos, foi titular da DP da Mulher em Santa Maria. É formada em Direito pela Universidade de Passo Fundo, especialista em Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes, Ciências Criminais e Segurança Pública e Direitos Humanos e mestranda e doutoranda pela Antónoma de Lisboa (UAL), em Portugal.

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