Artigos

A terra que eu amo desde guri chega aos 165 – por Valdeci Oliveira

“Falar de SM envolve emoção e um conjunto enorme de infinitas lembranças”

Desde já peço humildemente permissão a milhares de homens e mulheres para que esse meu artigo seja feito não somente em meu nome, mas também em nome dos mais de 290 mil santa-marienses, genuínos ou de coração, que, no “Coração do Rio Grande”, vivem, trabalham, estudam, moram, constituíram família e ajudam, à sua maneira, na construção de sua História, do seu passado, do seu presente e do seu futuro. Tenho a consciência de que muitos e muitas sequer compartilham comigo da mesma visão de mundo. Mas tenho certeza que o que sentimos por Santa Maria mais nos aproxima do que nos afasta. E é isso o que importa.

Na última quarta-feira, 17, Santa Maria completou 165 anos, oferecendo guarida a quem buscou ser acolhido, oportunidades a quem buscou uma chance de ser alguém. São 165 anos de construção constante, de afirmação, de busca e de exemplo, que colocaram o nosso município em uma posição relevante no mapa do Brasil e do mundo.

Para mim, falar de Santa Maria envolve emoção e um conjunto enorme de infinitas lembranças. Envolve ter conhecido minha companheira de vida, a Elaine, ter visto minhas duas filhas, a Tamara e a Diossana, virem ao mundo, envolve a maravilhosa condição de ser avô por três vezes.

E espero que me entendam, que considerem a distância – geográfica e social – que separava um guri do interior do interior de Santa Maria das luzes da cidade grande. Nascido e criado na lavoura em São José da Porteirinha, filho de pequenos agricultores, ter vindo ainda muito jovem prestar o serviço militar foi um divisor de águas na minha existência. Foi quando pude ver de perto os títulos locais de Cidade Ferroviária, Cidade Estudantil, Cidade Universitária, Cidade da Cultura, Cidade Militar. Para mim, estar imerso nesse ambiente era um sonho cuja realização apenas começava.

Entre as muitas experiências que Santa Maria me proporcionou – na vida pessoal, na militância comunitária e sindical e na atuação política – eu tive a honra de estar prefeito no seu sesquicentenário, em 2008, quando criamos o slogan “Santa Maria, é muito bom viver aqui!” E passados 15 anos, sigo afirmando isso com forte convicção.

Não há como falar da nossa cidade sem ressaltar ela ter sido o lar dos indígenas tapes e minuanos, da lenda da Imembuí, do polo ferroviário constituído a partir dos anos 1890, da sua vocação pela educação superior, onde a UFSM, a Universidade Franciscana, a Ulbra, Fadisma, Fisma, Fapas, Faculdade Metodista e a Sobresp espalham o saber.

Não há como falar de Santa Maria sem destacar que ela, com o Hospital Universitário, a Casa de Saúde e o Regional, é referência em saúde pública para mais de 1 milhão de pessoas da Região Central do estado; que é a terra do Teatro e do Museu 13 de Maio; do Festival Santa Maria Vídeo e Cinema; a que possui a segunda feira do livro em praça pública mais antiga da América Latina; que abriga o glorioso Guarany Atlântico; da Sentinela Alada do Pampa, como é identificada a Base Aérea; que tem a maior Romaria do RS, a da Nossa Senhora Medianeira.

Santa Maria é a terra onde, a partir de anos de trabalho em defesa da justiça e da inclusão social, Dom Ivo Lorscheiter e a Irmã Lourdes Dill a transformaram na Capital da Economia Solidária. É a terra do Interzinho, do Riograndense e do Corintians Atlético Clube; dos projetos Mãos Dadas, de judô, e Canoagem na Escola; do Tecnoparque; da Incubadora Tecnológica e do Distrito Vivo.

Santa Maria, cantada em versos pelo compositor, cantor e amigo Beto Pires, é também terra de mulheres e homens de todas as idades, de diferentes etnias, credos e posição social que, com sua parcela de doação, a construíram e a constroem todos os dias, sem esperar louvores ou monumentos em praça pública.

Santa Maria é a terra da resistência à dor e à tragédia de pais e mães, que deram ao mundo um dos maiores exemplos de garra pela busca de Justiça, apoio mútuo e determinação para que não esqueçamos nunca e não repitamos jamais. Santa Maria é a terra de uma das mais belas lutas pelo direito à moradia, que resultou na Nova Santa Marta como referência de organização popular.

Santa Maria também é uma cidade de sonhos por um futuro melhor. E nos nossos sonhos possíveis estão a duplicação da 287 em um tempo menor do que o originalmente previsto; a duplicação da Faixa Nova de Camobi; a conclusão da Travessia Urbana; está o projeto do anel viário regional para nos ligar às Missões; a efetivação dos geoparques da Quarta Colônia e do Raízes de Pedra; a consolidação do Aeroporto, do Hospital Regional e do Distrito Criativo Centro-Gare; a retomada dos investimentos na malha ferroviária, entre outras aspirações coletivas e fundamentais para o desenvolvimento local e regional.

E talvez para compensar os dias de vento norte ou de calor rigoroso, Deus nos concedeu a distinção de possuir, historicamente, um povo que é capaz, mesmo nos momentos difíceis, de irradiar solidariedade, resiliência e empatia. E isso não tem preço.

Viva Santa Maria e seu povo. Viva os 165 anos do Coração do Rio Grande.

(*) Valdeci Oliveira, que escreve sempre as sextas-feiras, é deputado estadual pelo PT e foi vereador, deputado federal e prefeito de Santa Maria.

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

2 Comentários

  1. Cidade está em decadencia. Quem observar o mapa colorido do PIB per capita de 2017 no ‘A rede urbana’ vai notar que o municipio é ‘rico’. Ou seja, investimento publico federal no municipio (alem do que já existe) é complicado justificar. Quem observar o mapa do ‘RS em numeros’ de 2022, indice de desenvolvimento socioeconomico bloco renda (e total), vai notar que em termos de mercado consumidor (quem tem capacidade de consumir) esta mais para o lado da BR386. Ou seja, ‘polo logistico’ até prova em contrario é coisa da Globo. Obvio que com analises ‘qualitativas’ pode-se afirmar qualquer coisa. Verdade é que a aldeia tinha um ‘planejamento estrategico’ na base do ‘vamos fazer tudo’. Resumo é que a urb não tem posicionamento estrategico (que vem antes do planejamento que tanto falam). Discurso oficial agora é que o Distrito Empulhativo vai resolver todos os problemas. Na base das Organizações Tabajara, ‘seus problemas acabaram!’. Conclusão é que urge reunir pessoas que saibam do que estão falando e dar um rumo para a bagaça. Caso contrario vai dar ruim, fazer o que sempre foi feito e empurrar com a barriga não resolve.

  2. Aldeia necessita de menos ‘sentimento’ e mais trabalho. Cheia de problemas. Ruas esburacadas, Casa de Cultura desabando, Centro de Eventos que nunca termina, SUCV na base do que a casa tem para oferecer. Escolas e postos de saúde não se sabe. Orçamento foi ‘amorcegado’ com contribuição da ‘sociedade civil’ (as patotinhas). Fundo de previdencia do funcionalismo tinha um rombo, não se sabe como está. Dengue, toxoplasmose e outros menos cotados. Começaram o tal Distrito Empulhativo com um monte de coisas paradas ou pela metade. O aluga-se/vende-se que prometeram diminuir (sem muito o que fazer a respeito, outra empulhação) só aumentou.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo