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A recepção de Maduro por Lula: um desrespeito à Democracia Venezuelana – por Giuseppe Riesgo

“Democracia e direitos humanos” do Presidente, “apenas da boca para fora”

Essa semana ficou marcada pela maior vergonha diplomática, até aqui, do atual governo. Após não ter sequer levantado para cumprimentar o presidente da Ucrânia em reunião do G20, demonstrando claramente a preferência ao governo autoritário e invasor de Vladmir Putin, Lula conseguiu tomar uma atitude ainda pior. A visita do ditador venezuelano Nicolás Maduro ao Brasil, com pompa e circunstância, é digna de uma vergonha indescritível. Enquanto a Venezuela continua afundada em uma crise política, econômica e humanitária sem precedentes, Maduro é recebido com honras por Lula que, infelizmente, parece ignorar os abusos e atrocidades cometidos pelo regime autoritário do amigo bolivariano.

Lula recebe, aos elogios e afagos, seu amigo ditador. Aparentemente, gostaria de fazer o mesmo no Brasil. Esquece, convenientemente, que durante o mandato de Maduro, a Venezuela tem enfrentado uma deterioração sem precedentes nas condições de vida de seu povo. A população sofre com a falta de alimentos, medicamentos e serviços básicos, enquanto a hiperinflação devasta a economia do país. Violações sistemáticas dos direitos humanos, repressão, perseguição aos opositores políticos e a censura à imprensa são práticas rotineiras no regime do nosso vizinho venezuelano agora recebido em nossas terras como se merecesse o nosso respeito.

Ao receber Maduro com tamanha cordialidade, Lula demonstra um profundo desrespeito não apenas pela democracia e pelos direitos humanos, mas também pela vontade do povo venezuelano. Enquanto os venezuelanos lutam para sobreviver em meio a uma crise humanitária, o ex-presidente brasileiro opta por estender a mão a um líder que é amplamente reconhecido por seu autoritarismo e pela erosão das instituições democráticas em seu país. Zomba do povo venezuelano e da nossa inteligência ao afirmar que tudo o que se fala contra Maduro não passa de “narrativa” e que Maduro deveria mudá-la ao seu favor.

Será que é uma mera narrativa o fato de centenas de milhões de venezuelanos terem fugido de seu país em busca de refúgio e proteção contra a opressão do regime de Maduro? Será que os tanques de guerra que repreendem protestos e as prisões de adversários políticos são invenções de adversários políticos? Será que as prateleiras de supermercado vazias e a fome constante são apenas narrativas do imperialismo americano? Será que exílio compulsório, fugindo da prisão e talvez do seu assassinato, é uma narrativa de oposicionistas como Juan Guaidó?

Felizmente, não é essa a opinião da maioria dos líderes políticos mundiais. O Presidente do Uruguai, La Calle Paul e o Presidente (de esquerda) do Chile, Gabriel Boric, foram claros em seu repúdio à atitude de Lula. A Câmara dos Deputados, através da Comissão de Relações Exteriores, também foi muito clara ao aprovar uma moção de repúdio, em nome do povo brasileiro à vergonhosa e lamentável recepção do ditador em nossas terras.

A visita de Maduro ao Brasil é um sinal preocupante de falta de compromisso com os valores que deveriam nortear as relações internacionais, e um duro golpe para aqueles que almejam um futuro melhor para a Venezuela e para toda a região. Vergonha, mil vezes vergonha. A grande verdade é que Lula defende a “democracia e os direitos humanos” apenas da boca para fora. Na prática, fecha os olhos quando tudo isso é violado por um dos seus ditadores de estimação.

(*) Giuseppe Riesgo é ex-deputado estadual pelo partido Novo. Atualmente ocupa a Chefia de Gabinete do Deputado Federal Marcel van Hattem. Ele escreve no Site todas as quintas-feiras.

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11 Comentários

  1. Vergonha? Considerando que o senhor não se envergonhava com os elogios feitos pelo ex-presidente bolsonaro ao militar torturador Brilhante Ustra (as sevícias ficaram famosas nas conversas nos porões da ditadura), ao militar Stroessner (ditador uruguaio que mantinha meninas escravizadas sexualmente), ao Pinochet (Estádio Nacional, lembra?), aos encontros com ditadores árabes, incluindo aquele que mandou esquartejar um jornalista….. acho que não vale a pena lhe responder.

  2. Tres pontos faltam. Agressão a jornalista, imagino o que seria se tivesse ocorrido no governo passado. Ajuda sorrateira de ministros da ‘Suprema’ Corte para aprovação de uma MP. E os defensores do calendário: ‘Em pleno século XXI uma ditadura como estas!’.

  3. Pinochet? De volta aos anos 70. Eis a boa noticia. Uns cobram do Rato Rouco que se adapte já que a situação é diferente dos governos anteriores. Algo praticamente impossivel, velhice e ‘ideologia’. Conjunto de idéas dos que estão na fila de espera para ir para a proxima encarnação (se conseguirem evoluir renascerão de direita!) já não explica o mundo. É só ver uns e outros, ficam repetindo sempre a mesma m. para ‘fixar a mensagem’ (kuakuakua!). Alas, Pinochet saiu da Escola Militar em 1935. Guerra Civil Espanhola estourou em 1936. O que se lia nos jornais sobre a Espanha naquela época? Invasões de terras. Vermelhos invadindo igrejas (há inumeras fotos documentando), quebrando tudo, roubando calices e desenterrando religiosos lá enterrados. Colocando os cadaveres em exposição do lado de fora. Sem falar nos incendios de igrejas. E assassinatos. Famoso Terror Rojo.

  4. Vergonha? Não creio. Há um termo novo ‘cringe’. Aparentemente é ficar embarassado por conta de atitudes alheias. Nem isto. Não fosse a conta a pagar pela coisa toda seria motivo de risada. Vermelhos tinham uma expectativa, Rato Rouco idem. Não vai ser bem como esperavam.

  5. La Calle Paul e Boric tem outros motivos além da democracia e dos direitos dos manos e dos bala na cara. Boric tenta passar a imagem de uma esquerda mais moderna, mais a europeia. Não um resquicio da Guerra Fria. Ambos os presidentes, vamos combinar, ‘tiraram da reta’. Caso venezuelano pode render sanções economicas ianques e europeias.

  6. Governicho tentou mostrar uma ‘liderança’ regional na AL. Nada muito diferente da aldeia, politica tem também o ‘horror vacui’. China, ainda que nos bastidores, assumiu o papel. Como na Africa. Ianques só levam para lá tiro, porrada e bomba. Chineses constroem um porto aqui, uma ferrovia acolá, uma rodovia mais além. Quando descobrem jazidas de alguma coisa quem é o sócio preferencial? Ianques ainda estão em plena decadencia. Uma guerra cultural tendo minorias como mote. Uma divida que uma hora pode dar ruim.

  7. Molusco com L., o honesto, prometeu ajuda para os cumpanheros e cumpanheras correntinas. Problema é que Brasil, apesar de estar um pouco melhor do que os outros paises da AL, não está nadando em dinheiro. Problema é que a conjuntura politica não ajuda. Alas, a grana que prometeu para os argentinos era somente para dar uma chance para a esquerda na finaleira do ano. Objetivo eleitoral, não melhorar as condições da população hermana. Que também elegeu o proprio destino, não foram os marcianos.

  8. Crise humanitária? Quem elegeu Chavez mesmo depois de uma tentativa de golpe frustrada? Os marcianos? Responsabilidade também é dos venezuelanos. Votar mal dá nisto.

  9. Caso do Putin é bem mais complexo. Se Zelensky é um poste, Putin não é. Provável substituto poderia começar uma guerra nuclear. Alas, terminada a guerra existe outro problema. Um monte de ucranianos armados, veteranos de guerra e sem emprego. China também entra neste xadrez.

  10. Hummm…Desrespeito a democracia venezuelana? Que democracia? Direitos humanos é um conjunto de valores muito bonitos que nunca sairam do papel. Alas, há delegados ‘coitadistas’ (alguns dizem que são comunistas) por aí. Sem problema, o Brasil não é Santa Maria e vice versa. Politica criminal não vai ser determinada pelo que acontece na aldeia. Rio de Janeiro, exemplo extremo que muitos outros lugares estão copiando, tem segundo estimativas algo como 60 mil ‘traficantes’ (não existe mais distinção entre milicia e trafico, adotam as mesmas praticas). Metade anda armado com fuzil (mais ou menos) e os outros tem no minimo pistola. Se não estivessem divididos em facções colocariam a PM daquele estado a correr. Fácil. Menos utopias e mais conversas sérias.

  11. Demagogia barata. O ditador só é dos bons quando serve aos interesses dos norte americanos, como o Sádico e Sanguinário Pinochet, dentre muitos outros que os Yanques apoiaram em solo brasileiro. “Democracia sem dentes, esse é o nosso presente”.

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