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Maria Josefa Barreto (ou Fontoura) Pereira Pinto (cerca de 1788-1837) – por Elen Biguelini

Monarquista gaúcha que fundou dois jornais. E isso em meados do Século XIX

A escassez de dados biográficos sobre a Dona Maria Josefa Barreto já começa na sua data de nascimento. Hilda Agnes Hübner Flores, que mais descreve a vida da autora, em artigo da década de oitenta, já levanta a questão. Conclui que teria nascido circa 1788, pois assim já teria idade para o casamento em 1800.

Conforme este texto biográfico, a pequena Maria Josefa Barreto era filha ilegítima de Ana Mathildes da Silveira. Foi adotada pela família de Teodózio Rodrigues de Carvalho e de sua esposa Maria Joaquina da Conceição. Antes de seu casamento era conhecida como Maria Engrácia, mas passou a utilizar Josefa, bem como o sobrenome do marido, após a união com Manoel Ignácio Barreto Pereira Pinto (1773-1830). 

Quando seus dois filhos (José Joaquim Barreto, 1802-1828, e Engrácia Maria Barreto, 1804-1814) eram ainda muito novos, seu marido que trabalhava como carcereiro na prisão de Porto Alegre, viu-se embrulhado em questões legais e fugiu. Deixou a esposa e os filhos destituídos.

Para sobreviver, a esposa iniciou uma escola em sua casa, onde educou inclusive seus filhos.

Através do relato de um aluno ilustre Antônio Álvares Pereira Coruja (1806-1889), percebe-se que a escola tinha uma educação variada. Isto, além da grande quantidade de livros inventariada após sua morte, demonstra que ela havia recebido (e ministrava) uma boa educação formal, que lhe permitia a análise critica de sua sociedade ao ponto de emitir opiniões satíricas sobre política em um periódico.

A morte de seu filho teria a abalado bastante, mas não impediu que ele passasse, então, a publicar. Foi em 1833 que fundou dois jornais. “A Idade d’Ouro”, com Manuel dos Passos Figueroa, que durou dois anos mas que infelizmente não parece ter resistido ao tempo e o periódico monarquista “Bellona Irada Contra os Sectários de Momo”, também no mesmo ano.

Segundo Lopes de Oliveira, seria autora da obra ‘Elogios Dramáticos” e José Marcellino Pereira de Vasconcelos nos informa que seus contemporâneos teriam assistido declamações de sua obra em um teatro.

Infelizmente, a grande maioria de sua obra se perdeu, mas do pouco que se restou se conhece que defendia a monarquia e se demonstrava irônica para com a classe política.

É considerada a primeira jornalista brasileira, por ser a primeira mulher a ter fundado um jornal no Brasil, ainda em 1833.

O único trecho que encontramos foi um poema que pode ser encontrado na obra de José Marcellino Pereira de Vasconcelos e que se encontra transcrito na página de wikipedia dedicada a autora.  (https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Josefa)

Enquanto Gildênia Moura de Araújo Almeida, Gisele Andrade Pereira e Johny Paiva Freitas tiveram acesso a algumas noticias presentes no periódico “Bellona”

PS.  Desconhecemos porque ela é referida como Maria Josefa Fontoura em alguns locais. Havia outras mulheres com este sobrenome referenciadas em textos sobre o papel feminino na Revolução Farroupilha, mas a articulista não encontrou a razão de ser usado em referência a jornalista.

Referencias

Almeida, Gildênia Moura de Araújo: Pereira, Gisele Andrade: Freitas, Johny Paiva. “A woman avant la lettre: Maria Josefa Barreto and the Gaúcha press in the nineteenth century”. In. Letras em Revista, Teresina, v. 11, n. 01, jun./dez. 2020

Flores, Hilda Agnes Hübner. “A mulher no período farroupilha”. In. Retamozo, Aldira Corea, et al. “O papel da Mulher na Revolução Farroupilha”. Porto Alegre: Editora Thcê!, s. d, pp: 103-154.

Lopes de Oliveira, Américo. “Escritoras brasileiras, galegas e portuguesas”. s.l. Tipografia Silva Pereira, 1983, 25.

Vasconceloos, José Marcellino Pereira de. “Selecta brasiliense: ou Noticias, descobertas, observações, factos e curiosidades em relação aos homens, a historia e cousas do Brasil”. Rio de Janeiro: Universal de Laemmert, 1868.Pp 252-253

http://www.mulher500.org.br/maria-josefa-barreto-pereira-pinto-1837/ 

https://historiaimprensabrasil.wordpress.com/tag/maria-josefa-barreto-pereira-pinto/

https://www.diariodeviamao.com.br/josefa-a-1a-jornalista-do-brasil-era-viamonense/

 (*) Elen Biguelini é doutora em História (Universidade de Coimbra, 2017) e Mestre em Estudos Feministas (Universidade de Coimbra, 2012), tendo como foco a pesquisa na história das mulheres e da autoria feminina durante o século XIX. Ela escreve semanalmente aos domingos, no Site.

NOTA DO EDITOR. A imagem gráfica de Dona Maria Josefa Barreto, que ilustra este texto, é uma reprodução obtida na internet.

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