Por Nathália Arantes / Da Assessoria de Imprensa da TV OVO
A última semana de julho foi de trabalho intenso em uma produção duplamente especial: além de dar sequência às gravações do primeiro longa-metragem da TV OVO, a equipe da produção é composta majoritariamente por mulheres.
O documentário, ainda sem o nome ofcialmente definido (o que deverá ocorrer até o final deste mês) rodado em uma escola pública de Santa Maria, acompanha o desenvolvimento da puberdade na vida de meninas de 9 a 12 anos. Neli Mombelli, diretora do filme, aponta que a temática atravessa questões da natureza humana, feminina especificamente, colocadas ainda como temáticas intocáveis pela sociedade.
– O filme aborda a passagem de meninas da infância para a adolescência e, com ela, a chegada da menarca. Construir o contexto dessa experiência, por qual passa toda menina, mas que é profundamente marcada pelo local em que se vive e pelos tabus que a sociedade alimenta ao longo dos tempos, é construir caminhos para que haja mais diálogo sobre o crescer e quais escolhas elas farão para o seu futuro, como evitar uma gravidez precoce, por exemplo – explica.
Em 27 anos de intensa dedicação à produção audiovisual, este é o primeiro longa-metragem produzido pela TV OVO. Apesar da longa e frutífera trajetória trilhada pelo coletivo, a nova produção estimula voos mais altos:
– Produzir qualquer nova história é sempre um desafio e dá frio na barriga. Os novos desafios são o de conseguir levar essas histórias para além de Santa Maria, chegar em janelas de exibição que projetem para mais e mais pessoas o que produzimos aqui. E a longa caminhada que temos enquanto coletivo nos dá as bases para que o envolvimento com as comunidades e pessoas cujas histórias contamos seja sólido e deixe um retorno para elas também – reconhece Neli.
Com uma equipe composta majoritariamente por mulheres, a diretora explica a importância dessa decisão diante da abordagem do filme e, também, da realidade do audiovisual:
– São muitos os motivos e esforços para termos uma equipe composta por mulheres. O primeiro deles é que o tema é feminino e abordar ele com uma equipe de mulheres no set, com certeza, traz resultados bem diferentes do que se fosse uma equipe majoritariamente masculina, como costumam ser a maioria das produções. Outro ponto é formar, no sentido de ter mulheres competentes nas diferentes funções do audiovisual santa-mariense, e potencializar para que cada vez mais haja espaço para as mulheres produzirem suas histórias e ocuparem espaços no segmento audiovisual. E, por fim, o edital Fac Filma RS, no qual o filme foi contemplado, possuía um item de ações afirmativas que previa o protagonismo no desenvolvimento do projeto, a ser roteiro, produção e direção de mulheres, entre outros grupos sociais. Então, estamos indo mais além. Numa equipe de 16 pessoas, 14 delas são mulheres – salienta a diretora.
Luciane Treulieb, diretora de produção do longa-metragem, já foi voluntária da TV OVO no ano de 2007 e dirigiu, em 2018, ‘Depois daquele dia’, curta-metragem que discute os impactos e aprendizados após a tragédia da boate Kiss.
À frente da equipe da nova produção, Luciane analisa os desafios do audiovisual local:
– Cada projeto tem complexidades distintas. Neste, tenho sentido principalmente a diferença de que a equipe é maior do que no ‘Depois daquele dia’, e com funções mais claramente definidas. E, sim, tem o fator de ser essencialmente composta por mulheres. Foi uma escolha da Neli e um desafio compor essa equipe, porque ainda há escassez de profissionais mulheres em alguns cargos de cinema aqui em Santa Maria e região, mas tá funcionando super bem. Eu estava afastada do audiovisual há alguns anos, então tem sido legal retomar essa prática do documentário, ainda mais em um projeto sobre uma temática tão importante e rodeada de profissionais talentosas – destaca.
Com uma trajetória de mais de 15 anos dedicados à realização audiovisual, a diretora de fotografia Lívia Pasqual integra a equipe do projeto. Entre seus trabalhos estão o curta-metragem “Um Corpo Feminino” (2018), finalista do Grande Prêmio de Cinema Brasileiro (2019), a minissérie “Necrópolis” (2017), disponível no Netflix Brasil e o longa-metragem Despedida. Membra do coletivo de mulheres e pessoas trans do departamento de fotografia do Brasil – DAFB, Lívia comenta os esforços para a formação de uma equipe com uma forte presença de mulheres:
– É muito bonito ver a preocupação em formar equipes compostas por mulheres e eu considero uma vitória para uma demanda antiga de espaço no audiovisual, especialmente em funções majoritariamente desempenhadas por homens. Temos profissionais excelentes em todas as funções, o nó sempre foi fazer com que o setor entenda que podemos estar em todos os espaços, além de garantir que, institucionalmente, via editais de fomento, se crie mecanismos para garantir a nossa participação nos projetos. Esse entendimento neste filme, que trata de uma temática tão nossa, é também assegurar-se de que o olhar sobre as personagens seja de um lugar de reconhecimento. É parte da proposta narrativa da diretora, mas reflete na imagem e no que essa escolha produz, além de ser também uma questão ética – acrescenta.
Radicada em Porto Alegre, a diretora veio a Santa Maria para integrar a equipe do filme e registrar a natureza humana através do olhar da fotografia.
– Eu acredito muito na imagem como possibilidade de criar novos mundos. Sempre penso que novas imagens são janelas para novos modos de existir e, nesse sentido, a direção de fotografia é uma disciplina muito poderosa. Olhar para o mundo e poder intervir nele com o repertório da fotografia como luzes, filtros, enquadramentos é botar uma lupa em belezas e dores como também romper com um tipo de lógica, é escape e é esconderijo. A linguagem da imagem é da ordem do sonho, o único limite dela são as bordas do enquadramento – observa.
O longa-metragem também tem possibilitado um contato mais imersivo com produções audiovisuais para a acadêmica de jornalismo Vitória Gonçalves. A estudante já havia desempenhado a função de diretora de arte na produção do curta-metragem ‘Sono REM’, produção da disciplina de Cinema II, do curso de Jornalismo da Universidade Franciscana (UFN). No longa-metragem, Vitória atua como assistente de produção.
– Tem sido uma experiência sensacional. Estou cada vez mais apaixonada pelo processo e pela forma como cada detalhe da vida humana se torna importante na gravação. Como estudante de jornalismo, acredito que essa experiência vai contribuir muito para a minha aprendizagem e para futuros trabalhos. O cinema só tende a ganhar com esse novo projeto que está por vir – prevê.
Aprovado no Edital SEDAC n° 01/2022 – FAC Filma RS – Financiamento Pró-cultura RS, o longa-metragem conta com o apoio institucional da Secretaria de Município de Cultura e da Santa Maria Film Commission. A pré-produção do filme começou ainda no início de 2023 e as gravações no mês de março, assim que o ano letivo começou na escola em que as meninas estão sendo acompanhadas. O período de gravações segue até final do ano e 2024 será dedicado à pós-produção.
Confira quem forma a equipe do projeto:
Roteiro
Inês Figueiró
Marilice Daronco
Neli Mombelli
Direção
Neli Mombelli
Produção Executiva
Denise Copetti
Marcos Borba
Direção de Fotografia
Lívia Pasqual
Marcos Borba
Assistente de Fotografia
Ariéli Ziegler
Direção de Produção
Luciane Treulieb
Assistente de produção
Vitória Gonçalves
Som Direto
Maria Morena
Direção de Arte e Animação
Luisa Holanda
Assistente de Montagem
Beatriz Ardenghi
Maquinaria
Thiago Jaques
Assessoria de Comunicação
Nathália Arantes
Videodança
Mônica Borba
Lauren Kalia Diel
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