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Ao desistente – por Márcio Grings

Imagem artigoÉ uma pena! A desistência é uma espécie de perda absoluta com amargo sabor de fracasso, um sentimento indigesto que insiste em não abandonar a boca. Essa sensação de derrota no paladar desce pela língua e entra rasgando na corrente sanguínea. E assim, se distribui organizadamente, como um exército tomando conta de cada átomo de um organismo vivo. E o pior: – quando conversa com o íntimo de alguém, dá um beijo de Judas no espírito do coitado, e sem dó, covarde e sorrateiramente aponta o cano bem no meio da cara do sonho, e só então dá um tiro de misericórdia no infeliz.

Tudo se espedaça.

Já que o tabuleiro foi abandonado antes do final da partida, depois não adianta tentar reconstruir ou retomar a jogada. Essa deserção pode lhe custar caro, e talvez o dano seja irrecuperável. Alguém pode se perguntar: – de que importam todas as horas incontáveis de energia despendida para elevar os alicerces de algo tão grandioso e inovador? Você precisar entender que muitas coisas não podem ser compreendidas de cara pelas pessoas comuns. Leva um tempo. É aí reside à poeira que turbina os incansáveis, aqueles que nunca desistem de suas convicções. Transpiração, bem mais do que inspiração, essa talvez seja uma das receitas do sucesso.

Nada de mamão com açúcar. Desistir é fácil. Barbada, eu diria. Não preciso de nenhuma expertise para descansar o corpo cansado em uma cama confortável, simetricamente ajustada com lençóis limpos e perfumados. Difícil é colocar o pé na lama, sentir o gosto de algumas perdas, e não desmoronar. Pelo contrário, eis o caminho para aprender um bocado e dar uns chutes com raiva em uma ou duas montanhas de vapor & aço.

Depois disso, os pedregulhos viram bolas de pingue-pongue. Tipo mel na chupeta. Daí você dá uns pontapés valendo nessas porcarias, da mesma forma que fazia com latas de refrigerante quando tinha sete ou oito anos.

Lembra-se daquela sensação?

Por que desistiu? O que foi que tirou seu ímpeto? Que história é essa de desacreditar tudo aquilo que foi conquistado tão arduamente? É. Quem sabe o tratado agora é reconfigurar o pré-set daqui pra frente. O que lhe resta é se entregar a mediocridade. Coloque a carapuça de cidadão médio e procure uma vaga no balcão daquela loja de departamentos. Nada contra, bem pelo contrário. Só então, quem sabe consiga pagar em dia a prestação do apartamento. Atrasou de novo, não é? Que coisa! Depois, observe sua barriga ganhar uma envergadura assombrosa, e então, quando não mais conseguir visualizar a própria genitália, pense que tudo poderia ser bem diferente. Mas não foi…

A verdade é que o bonde passou e você ficou apenas olhando, tentando entender o que estava muito claro.

Havia esforço e lógica naqueles movimentos repetitivos criados pelo ímpeto do seu coração. Aquele era o caminho, aquela era a direção certa. Pois é, só porque o mundo caiu na sua cabeça uma boa dezena de vezes, achou que jogar a tolha era o que devia ser feito. Bem feito, isso sim! Agora já era meu!

A vida é uma só – e simplesmente alguém escolheu o caminho mais fácil. Menos desconfortável. Lembre-se desse recado: “Se nos deram como missão singrar mares revoltos, avance até o alto mar, homem! Que venham as tormentas e toda e qualquer intempérie. O barco só vai virar, caso o comandante tenha medo de encontrar o seu destino”.

O Captain! my Captain!

Já que houve essa desistência no contingente, eu pergunto ao vazio: “Quem vem comigo?”.

Adoro essa frase: “Quem viver verá”.

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