IA Ah Ah – por Orlando Fonseca
“Espero que quem rir por último não o faça com um risinho artificial”
Tenho observado pessoas debochando da Inteligência Artificial como se esta fosse apenas mais uma bizarrice do mundo cibernético; outras falando que a IA jamais substituirá a Inteligência Natural. Talvez eu não devesse me preocupar tanto com a evolução tecnológica, mas não estou sozinho. O mundo já se deparou, estarrecido, em outros momentos do progresso das invenções e das máquinas, com ameaças ao futuro da força humana do trabalho. E se passaram séculos, inventaram-se novas traquitanas para substituir o trabalho humano.
Estamos aqui ainda, por enquanto insubstituíveis. Mas não sei por quanto tempo. Não será amanhã, ou no ano que vem, mas é certo que todo esforço empreendido, desde as máquinas a vapor, é substituir mão de obra humana por braços mecânicos. Agora, a coisa é mais complexa porque se está substituindo cérebros humanos por processadores digitais inteligentes.
A revolução será mais lenta e silenciosa, mas avança. Há pelo menos uns cinco anos que especialistas vêm alertando sobre o futuro das profissões. No entanto, a evolução dos robôs tem avançado, para nosso deleite ou para nossa preguiça. Por exemplo, caro leitor, você pode estar no mesmo grupo que eu, dos que criticam o cardápio em QR CODE, nos restaurantes. Nós apreciamos o cardápio físico, especialmente, se o garçom estiver junto e acrescentar informações não contidas ali. Só que tem muita gente que acha melhor fazer tudo isso pelo aplicativo.
Uma das sequelas de longo prazo da pandemia de Covid-19, que tornou permanente a medida adotada nos protocolos de distanciamento. E ainda, no final da refeição, você faz um PIX, usando o celular e acionando a maquininha por aproximação. Sem que se perceba, vão desaparecendo os garçons, os atendentes de banco, gente que fazia a mediação de situações do nosso cotidiano, que também vai se desumanizando (ao menos de imediato).
Há alguns meses, neste ano, um estudo desenvolvido na Universidade de Princeton, em Nova Jersey (EUA) divulgou resultados com uma lista de 20 ocupações mais expostas à Inteligência Artificial, as quais, sofrerão modificações ou, simplesmente, serão extintas nos próximos anos. Empregos terão fim, trabalhadores serão demitidos, dentre Operadores de telemarketing, professores de várias áreas (como Língua estrangeira, História, Direito), Sociólogos, Juízes e magistrados, Psicólogos clínicos.
Segundo dados divulgados pela OCDE, em julho passado, 27% dos empregos correm alto risco. Em especial os que usam habilidades que podem ser facilmente automatizadas, como Operador de máquina, Auxiliar de produção, Operador de caixa e Estoquista. Nos próximos anos, a IA poderá substituir “até 80%” dos empregos. Para o cientista americano Ben Goertzel, pesquisador sobre o tema, isso é bom, pois esses profissionais devem buscar outras áreas de atuação.
Veja só, caro leitor, perguntaram ao ChatGPT, quais as profissões que, ao menos por enquanto, não correm risco. A resposta é que a IA não é capaz de substituir as profissões que exigem habilidades humanas que não podem ser replicadas artificialmente. São elas empatia, criatividade e resolução de problemas complexos, portanto ainda estão fora do risco profissionais como Médicos clínicos, Enfermeiros, Fisioterapeutas, Educadores, Escritores, Pintores, Designers, Arquitetos, Orientadores, Pedagogos, Assistentes sociais, Defensores públicos.
Na Suíça, ano passado, um estudo apontou que empregos nas áreas de educação, formação, serviço social, gestão e outros teriam menos risco de substituição; enquanto os trabalhos no processamento de alimentos, construção, manutenção e extração seriam mais prováveis de um robô executar.
Basta dar uma rápida olhada no Google (veja só), para encontrar várias matérias sobre o futuro das profissões com o advento avassalador da IA. Como creio no valor humano como limite, espero que as autoridades façam a regulamentação do uso de robôs e IA o mais breve possível. Quanto à possibilidade de sobrevivência, nesta queda de braço titânica, espero que quem rir por último não o faça com um risinho artificial.
(*) Orlando Fonseca é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura e Mestre em Literatura Brasileira. Foi Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados e prêmios literários, entre eles o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela Da noite para o dia.
David Hahn, ianque, aos 17 anos estava tentando montar um reator nuclear na garagem. Chegou a criar uma fonte de neutrons e o FBI apareceu, ele estava deixando a vizinhança radioativa. Sam Zeloof aos 17 começou a produzir circuitos integrados, ainda que rudimentares, na propria garagem. Chips. Tem canal no Youtube. Recentemente juntou-se com Jim Keller, conhecido na industria de semicondutores para iniciar uma empresa. Alas, Jim Keller iniciou a propria empresa para desenvolver processadores para inteligencia artificial. Não algo da decada de 80 para colocar em iluminação publica. Na China He Jiankui violou a regulamentação governamental e alterou o DNA em embriões humanos. Que foram gestadas e nasceram. Divulgou o ‘feito’, quase apanhou num congresso e acabou preso. Resumo da opera: ninguém sabe no que vai dar, muito chute, mas não tem volta, a historia ira seguir seu curso.
Conceito chave nesta historia toda é ‘singularidade tecnologica’.
‘[…] as autoridades façam a regulamentação do uso de robôs e IA […]’. Autoridades cabeças de bagre que irão fazer leis sobre o que não entendem para variar. E de preferencia arrecadar ‘uma beirada’. No Brasil só traria atraso, algo que os vermelhos apreciam muito. Os outros paises não ficarão parados obvio. E seria dificil, praticamente impossivel, de fiscalizar.
Muitos ‘estudos’ que são chutes, previsões de bola de cristal. As pessoas que vivem no mundo real preferem ter os problemas resolvidos e não se importam com ‘valores humanos’ (o que quer que isto significaria).
Na medicina IA já esta sendo utilizada, ao menos em pesquisa, conjuntamente com Big Data. Estão digitando todos os prontuarios/exames de todos os casos de cancer da Ianquelandia juntamente com os tratamentos e resultados. Feito isto esperam achar a melhor alternativa para cada caso. Ainda o ser humano é intermediario, mas não é nada que não possa ser automatizado. Empatia pode até entrar na equação, mas não é o principal. Na periferia do mundo ainda haverá muita ‘empatia’ e o tratamento será o padrão, o que funciona em, digamos, 80% dos casos. Obvio que 20% irão para o cemiterio com muita empatia.
‘[…] habilidades humanas que […]’ ainda ‘[…] não podem ser replicadas artificialmente[…]’. Sim, porque não se sabe onde a tecnologia irá parar. ‘[…] empatia, criatividade e resolução de problemas complexos’. Resolução de problemas complexos já não deveria estar na lista. AlphaGo derrotou jogador humano no jogo Go e no processo ‘reinventou’ o modo de jogar de algo que existia ha 2500 anos. Algo que alguns consideravam impossivel. Seria impossivel treinar uma maquina em atuação no sentido das artes cenicas? Ou seria necessario um novo Teste de Turing para isto? Criatividade também é algo muito subjetivo. Aparentemente a afirmação é ‘wishful thinking’.
ChatGPT é uma ‘inteligencia artificial de prateleira’. Uma IA que fosse atuar em medicina não necessitaria de treinamento na geografia do Uzbequistão por exemplo. Nem uma do direito. A precisão seria maior com a especifidade. Alas, vi a critica (Film Threat) de um filme ‘Window Seat’. Teria sido totalmente feito por IA. Roteiro e imagens. Ainda não rola. Alas, a greve dos roteiristas na Ianquelandia tem a ver com isto. Principalemente porque muitos roteiristas começaram a usar e viram o perigo.
Cardápio QR Code é coisa de classe media alta que costuma comer a la carte. Simplesmente é um codigo de barras bidimensional. Não seria impossivel um futuro onde o garçom fosse uma projeção holografica que conversasse com o cliente sem necessidade de QR Code.
A revolução acontecerá com velocidades diferentes em lugares diferentes. 5G vai demorar a chegar na aldeia. Simples assim.
Existem programas que empregam tecnicas de inteligencia artificial. O que difere de uma ‘inteligencia artificial consciente’. No que se chega a outro problema, na ponta da tecnologia e das ciencias duras discute-se questões filosoficas mais sérias que as debatidas academicamente em humanas. Questões que não tem resposta fechada. O que é inteligencia? O que é ‘consciente’?
Problema é que existe uma ‘cadeia alimentar’ no assunto (como em quase todos). Em lugares diferentes pontos de vista idem resultam em conclusões diferentes. Tenho o beneficio de saber que não sou o apex predator (mas também não sou uma bactéria). Noutro mes estava assistindo um podcast (Lex Fridman e George Hotz) e em certos trechos só sabia o assunto, o que estavam falando nenhuma pista.